Quadrilha com policiais é condenada por envolvimento em jogo do bicho chefiado por idoso e tetraplégico

Organização criminosa mantinha 170 pontos na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Esquema incluía lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos. À esquerda, dois GCMs e um dos envolvidos nas proximidades da sede da organização em Praia Grande (SP). À direita, mais de R$ 370 mil encontrado na casa do homem tetraplégico
g1 Santos
A Justiça de São Paulo condenou 17 homens envolvidos em uma organização criminosa que mantinha 170 pontos de jogo do bicho em três cidades da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. O esquema, que incluía lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos, era comandado por um idoso de 85 anos e o filho tetraplégico.
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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) denunciou 21 envolvidos após uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em 2014. Durante o processo, quatro homens morreram. Entre eles, estão o chefe tetraplégico, um policial civil aposentado e outros dois envolvidos.
De acordo com a sentença da 2ª Vara Criminal de Praia Grande (SP) emitida na terça-feira (20), os 17 homens foram condenados entre 7 e 17 anos de prisão em regime inicial fechado. Entre os envolvidos, estão quatro policiais militares, quatro guardas civis municipais da cidade, um policial militar reformado, o idoso que chefiava o esquema e outros sete participantes.
No documento da sentença, obtido pelo g1, o juiz Antonio Carlos Martins constatou que a atividade do jogo do bicho em Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém era permitida e bem sucedida, graças a corrupção de policiais e guardas civis. Eles aceitavam propinas para proteger a organização criminosa.
Quadrilha com policiais era comandada por idoso e tetraplégico em Praia Grande (SP)
g1 Santos
Chefes e filho tetraplégico
A organização criminosa atuou por aproximadamente 30 anos dentro de panificadoras, lanchonetes, bares e bancas de jornal. O idoso comandava o esquema através do filho tetraplégico, que, de acordo com o documento da sentença, não tinha condições básicas para administrá-lo sozinho.
“[É] inviável a criação de grupo criminoso de tal porte e longa durabilidade sem um mentor de maior confiança, como seu pai […]. O ‘negócio’ foi herança de seu genitor, o qual paulatinamente lhe passava a liderança da organização criminosa, no entanto, sem desligar-se totalmente”, explicou o juiz.
Quando o esquema foi desarticulado, os valores movimentados pelo pai e o filho eram de aproximadamente R$ 94 mil por dia útil, já com o desconto do pagamento dos funcionários.
Esquema
À esquerda, um dos envolvidos na organização criminosa. À direita, munições apreendidas durante operação e sede do esquema
g1 Santos
Segundo a denúncia do MP, a organização era dividida em três núcleos. O primeiro era o gerencial, composto por quatro pessoas de confiança do pai e do filho. Este setor era responsável pela gestão financeira e supervisão dos outros envolvidos.
O setor operacional era responsável pela execução direta das atividades vinculadas ao jogo do bicho. Neste núcleo, haviam 170 pessoas, ainda não identificadas, que anotavam, recebiam e entregavam os jogos para ao menos 13 homens. Destes, cinco foram identificados e condenados.
Por fim, o setor da segurança que tinha participação direta de policiais militares e guardas municipais. Eles eram responsáveis por garantir a tranquilidade da organização no transporte dos pagamentos em dinheiro e evitar que o esquema fosse denunciado as autoridades.
O documento do MP apontou que há outros envolvidos na quadrilha, que ainda não foram identificados.
O g1 entrou em contato com a Polícia Militar (PM) e com a Prefeitura de Praia Grande, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse estar apurando o caso.
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