Governo dos Estados Unidos dá passo importante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no país

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O governo americano suspendeu temporariamente a aprovação de novas usinas de exportação de gás natural liquefeito. EUA suspendem aprovação de novas usinas de exportação de GNL
O governo dos Estados Unidos deu um passo importante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no país.
Foi uma surpresa para a indústria de energia e uma vitória para os ambientalistas: o governo americano suspendeu temporariamente a aprovação de novas usinas de exportação de gás natural liquefeito.
“Essa pausa reconhece a crise climática pelo que ela é: a ameaça existencial do nosso tempo”, declarou o presidente Joe Biden em janeiro.
O GNL nada mais é do que o gás natural, mas em estado líquido. Até 2016, os Estados Unidos não exportavam gás natural liquefeito. Em sete anos, o país se tornou o maior exportador do planeta, à frente do Catar e da Austrália.
Até 2016, os Estados Unidos não exportavam gás natural liquefeito e, agora, é o maior exportador global.
TV Globo/Reprodução
A produção aumentou com o crescimento da extração de gás de xisto. As rochas são fraturadas para que se extraia o gás armazenado nos poros delas.
Mais recentemente, a crise energética na Europa, causada pela invasão da Ucrânia por Moscou, impulsionou a procura por gás não russo.
O gás natural é composto principalmente de metano, que é mais limpo do que o carvão quando queimado para gerar energia. Mas o metano, quando não é queimado e escapa para atmosfera, é muito mais poluente do que o dióxido de carbono, resultado da queima do carvão.
Emissão de gases é uma das preocupações ambientais.
TV Globo/Reprodução
Todas as partes da cadeia de produção do gás natural têm algum vazamento. O transporte em gasodutos é considerado mais seguro. Quando o gás é resfriado até virar um líquido para ser transportado em navios, por longos trajetos, o vazamento é muito maior.
Esse é um dos motivos pelos quais os ambientalistas criticam os terminais de liquefação. Mas o principal é que a continuidade do uso de GNL, em contratos longos, desestimula o consumo de combustíveis menos poluentes.
Robert Howarth, pesquisador de meio ambiente da Universidade Cornell, explicou que o investimento bilionário em infraestrutura de gás liquefeito leva pelo menos duas décadas para começar a dar retorno.
“A indústria está procurando fechar contratos de longo prazo para que isso funcione. Nós temos que reduzir as emissões pela metade na próxima década e acabar com o uso de combustíveis fósseis até 2050. Não deveríamos estar aumentando a exportação do GNL, deveríamos zerar isso o mais rapidamente possível”, afirma o professor.
A decisão da Casa Branca afeta 17 novos terminais de liquefação de gás natural que estavam na fila para licenciamento no Departamento de Energia do país. É a primeira medida concreta adotada pelo governo americano na área ambiental para reduzir as emissões americanas de gases que agravam o efeito estufa. Até agora, as iniciativas do governo Biden se limitavam a estimular o desenvolvimento de tecnologias limpas.
Suzana Kanh, diretora da Centro de Engenharia da UFRJ, afirma que a transição energética é um enorme desafio para os governos.
“Os governos têm que ficar se equilibrando entre o curtíssimo prazo de gerar emprego, de não fechar as indústrias, não encarecer demais a energia com novas tecnologias e o longo para médio e longo prazo que também se não fizer nada, a economia vai tendo perdas muito grande. Se você pegar esses desastres e esses eventos climáticos que aconteceram recentemente, as perdas econômicas foram muito grandes”, afirma Suzana Kahn Ribeiro, diretora da Coppe-UFRJ.
A mudança ocorreu em ano eleitoral, com um presidente Joe Biden ansioso para garantir o apoio dos eleitores jovens e preocupados com a crise climática. Segundo uma carta do Observatório do Clima, se o candidato do Partido Republicano vencer em novembro, seja ele Donald Trump ou Nikki Haley, a exploração de combustíveis fósseis e as exportações de gás natural liquefeito vão aumentar.
“Donald Trump deixou bem claro que não aceita o risco das mudanças climáticas e acha que deveríamos ir a todo vapor com o petróleo e o gás. Isso seria terrível para o nosso país e para o mundo”, afirma Robert Howarth, da Cornell University.
Uma das promessas de campanha do pré-candidato republicano é aumentar exploração de combustíveis fósseis.

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