Pesquisadores da UFPR descobrem espécies de besouro que podem ajudar polícia a solucionar crimes

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Duas espécies de besouros que parasitam moscas foram encontradas por pesquisadores da instituição em Palotina. Pesquisadores da UFPR descobrem espécies de besouro que podem ajudar a resolver crimes
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) descobriram duas novas espécies de besouros que podem ajudar a polícia a solucionar crimes.
As espécies identificadas — chamadas de Aleochara capitinigra e Aleochara leivasorum — são parasitas de pupas de moscas necrófagas, ou seja, que se alimentam de cadáveres. No ciclo de vida da mosca, a pupa é o estágio entre a fase de larva e a adulta.
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Quando a mosca está passando por essa metamorfose, a pupa se forma na camada externa da pele dessas larvas. O besouro abre um buraco nessa superfície, depois o fecha e se alimenta da pupa.
De acordo com a pesquisa, os besouros do gênero Aleochara são reguladores naturais das populações dessas moscas necrófagas.
espécie 𝘈𝘭𝘦𝘰𝘤𝘩𝘢𝘳𝘢 𝘭𝘦𝘪𝘷𝘢𝘴𝘰𝘳𝘶𝘮 foi encontrada em cidades paranaenses que ficam nas regiões Centro-Oeste do estado e Metropolitana de Curitiba
Ana Paula Buss/DBD/UFPR
Ao localizar um cadáver, as moscas iniciam a colonização colocando ovos, de onde saem larvas que se alimentarão do corpo. A presença das larvas de moscas serve como um atrativo para os besouros estudados pelo grupo.
A pesquisadora Bruna Buss, envolvida na descoberta, explica que os besouros encontrados são bem pequenos, com cerca de 2 a 4 milímetros.
“As famílias [de besouros] têm vários indivíduos de diversos tamanhos. Têm alguns de cinco ou seis milímetros. Esses que eu trabalho têm de dois a quatro milímetros de comprimento, então são bem pequenininhos, menos de um centímetro”, afirma.
Os dados da pesquisa podem auxiliar, por exemplo, a esclarecer quanto tempo o cadáver ficou exposto, se ele foi movimentado ou, ainda, o tipo de morte – envolvendo ou não o uso de produtos tóxicos.
Como insetos podem ajudar em investigações?
Segundo a ciência forense, insetos que participam do processo de decomposição de cadáveres podem ajudar em situações como:
um suspeito pode ser incriminado se espécies iguais de insetos forem achadas no corpo e nas roupas ou veículos dele;
espécies diferentes no corpo e no ambiente onde o cadáver foi encontrado podem indicar locais diferentes do crime e de desova;
muitas larvas de insetos em partes do corpo que comumente não servem para oviposição sugerem presença de feridas.
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Descobertas
As descobertas são do grupo de pesquisa “Biodiversidade de Staphyliniformia (Insecta, Coleoptera)”, cujo objetivo é conhecer a biodiversidade de alguns grupos de besouros, principalmente registrados no Brasil.
A pesquisa é conduzida desde 2010 no Setor Palotina da UFPR.
Aleochara capitinigra, que possui a cabeça de coloração preta, foi encontrada em Rio Branco, capital do Acre.
Ana Paula Buss/DBD/UFPR
Para a pesquisadora, a descoberta e descrição da espécie representa uma primeira etapa de todo o trabalho que envolve os estudos forenses.
“Descobrir a espécie, descrever a espécie, saber onde ela ocorre, qual é o método, qual o meio ecológico do ambiente em que ela vive, quais são os seus comportamentos, acaba auxiliando os próximos estudos. Conhecer o indivíduo, saber identificar ele, é o primeiro passo para mais estudos forenses”, reforça.
Buss explica que as duas espécies foram descobertas em áreas de floresta fragmentada junto a centros urbanos.
A espécie Aleochara capitinigra, que possui a cabeça preta, foi encontrada em Rio Branco, capital do Acre.
A outra espécie, Aleochara leivasorum, é identificada pela porção final do abdome e pelas peças utilizadas na cópula. Ela foi encontrada em três cidades paranaenses: Campina Grande do Sul, Ponta Grossa e Tibagi.
Durante pesquisa, Bruna Buss fez a revisão de espécies de besouros
UFPR
Para Buss, além da contribuição científica, a descoberta é uma forma de pensar em novas estratégias para conservação e utilização da biodiversidade.
“É bem gratificante poder contribuir pro conhecimento da biodiversidade. A gente sabe que existem muitas espécies por aí que ainda não foram descobertas e que tenham muitas importâncias, tanto forense, quanto ecológicas”, reforça.
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