Pedidos de cirurgia bariátrica pelo SUS dobram na região de Campinas


Hospital de referência realizou 10 procedimentos em 2023. Secretaria Estadual da Saúde destaca que intervenção cirúrgica é considerada ‘último recurso’ no tratamento. Aumentam pedidos de cirurgia bariátrica em Campinas e região
Os pedidos de cirurgia bariátrica por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) dobraram na região de Campinas (SP) em 2023, de acordo com um levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde a pedido da EPTV, afiliada da TV Globo.
🔔 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
No último ano, o total de solicitações chegou a 858. No mesmo período, contudo, o Hospital de Clínicas da Unicamp, referência para realização do procedimento na região, realizou dez cirurgias bariátricas.
Em 2022, os pedidos somaram 414, mas apenas um procedimento foi realizado no Hospital de Clínicas. A secretaria destaca que o paciente deve passar por um período comprobatório antes da cirurgia, já que a bariátrica é considerada o “último recurso” no tratamento (leia mais abaixo).
O médico-cirurgião Murillo Utrini ressalta que a obesidade tem aumentado na sociedade, mas a cirurgia de redução de estômago não é indicada para todos os casos. A bariátrica é recomendada principalmente para os pacientes que têm condições agravadas pela obesidade.
“Os pacientes que mais se beneficiam da cirurgia são os pacientes que têm síndromes metabólicas, que são diabetes, colesterol elevado, outras doenças como dor articular, dor na coluna, dor no joelho, restrição à mobilidade”, explica.
Mulher ajusta balança em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Mudança de vida
Desde fevereiro de 2023, a babá Zenete de Oliveira entrou para um grupo de cuidados com a saúde em Indaiatuba (SP) para conseguir emagrecer. Ela afirma que a luta contra a balança dura mais de 30 anos, e há quatro meses está na fila para a cirurgia bariátrica.
“A cirurgia seria uma opção, primeiro, para reduzir medicação. Primeira coisa para mim é isso, reduzir os medicamentos que hoje eu tomo. Pressão alta, diabetes e até mesmo depressão. Eu acredito que, fazendo a cirurgia, isso vai me trazer saúde e autoestima”, diz.
Ítalo Gomide Alves, coordenador do projeto, passou pela cirurgia há 10 anos e agora ajuda outros pacientes a se prepararem. Ele explica que, desde outubro de 2023, o sistema de encaminhamento mudou e passou a ser via Central de Regulação de Oferta de Serviço de Saúde (Cross).
“A gente vai cadastrando no sistema de cinco em cinco [pacientes]. Cadastramos cinco, foram chamados dois e foi até rápido. Agora estamos esperando que sejam chamados mais alguns, que a gente seja agraciado com mais vagas. […] Acho que poderia ser mais acelerado o processo, poderia ter mais opções”, afirma.
Ele reforça que, mesmo quando há vagas, a cirurgia depende da preparação de cada paciente, e a espera é um desafio. “A gente está incentivando, criando oportunidades para que a pessoa, nessa espera, não desanime e volte para o marco zero”, diz Alves.
Diante do espelho, a cuidadora de idosos Rubinéia Matos mostra que resgatou a autoestima depois da cirurgia. Ela seguiu à risca o programa de saúde e fez as pazes com a balança.
“Tudo [mudou]. Muda tudo, seu ânimo, seu jeito de ver a vida. Eu tinha 32 anos e estava praticamente morrendo, porque a obesidade traz as 26 doenças junto com ela. Eu tinha praticamente a metade, problemas de junta, problemas no rim, pressão alta. Hoje eu não tenho mais nada, graças a Deus”.
Projeto em Indaiatuba (SP) ajuda pacientes a se prepararem para bariátrica
Reprodução/EPTV
O que diz a Saúde?
“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, para a realização de uma cirurgia bariátrica, há um período comprobatório no qual o quadro clínico do paciente é analisado para verificar se o procedimento em si é a opção mais indicada.
A bariátrica é o último recurso utilizado no tratamento, que inclui suporte ambulatorial e multiprofissional com cardiologistas, nutricionistas, endocrinologistas, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros. Em caso do paciente não estar apto a realizar o procedimento de forma segura, o mesmo passa por novas avaliações e, se necessário, tratamentos.
A fila de espera é descentralizada na rede primária de saúde ou serviços de origem do atendimento, que são responsáveis por agendar os atendimentos médicos e multiprofissionais preparatórios nas unidades de saúde de referência para cada caso, bem como o acompanhamento do paciente até que o procedimento seja realizado”.
VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.