MP investiga concentração de plantas aquáticas no Rio Piracicaba após abertura de comporta em Americana

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Promotores do Grupo de Atuação afirmam que Cetesb não acatou recomendação do MP para que procedimento deixe de ser autorizado. Volume de plantas aquáticas no Rio Piracicaba chama atenção de moradores
Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), órgão do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), investiga concentração de plantas aquáticas no leito Rio Piracicaba, na região da Rua do Porto, em Piracicaba (SP). A vegetação chegou ao manancial, segundo apuração da EPTV, emissora afiliada à Rede Globo na região, após uma limpeza realizada na Represa Salto Grande, em Americana (SP).
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Promotores de Justiça do Gaema afirmaram que investigam os fatos em inquérito civil e adotarão, em breve, providências judiciais visando impedir a continuidade do procedimento autorizado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por 60 dias.
A Cetesb, segundo o MP, “não acatou recomendações do Ministério Público para que o vertimento das macrófitas da Represa de Salto Grande, em Americana (SP), deixasse de ser autorizado”, aponta o Gaema.
Rosana Camuzzi Grandis observa aparecimento de plantas no leito do Rio antes de evento de remo na região da Rua do Porto em Piracicaba.
Edijan Del Santo/EPTV/Reprodução
Vegetação chama atenção de frequentadores
A equipe da EPTV percorreu alguns pontos e flagrou uma grande quantidade de plantas descendo pelo rio na tarde desta quinta-feira (22). Nas proximidades do Museu da Água, houve uma grande concentração dessas plantas.
A situação chamou a atenção das pessoas que passavam pela região da Rua do Porto. “Está feio, muito verde, muita sujeira na água”, afirma a doméstica Célia Soares da Silva.
“Passando na rua de cima eu consegui observar através da rampa que tinha alguma coisa diferente. Paramos para olhar e vimos tudo isso. Fica difícil porque o rio é nosso cartão postal, sábado agora a gente tem o passeio do remo. Vai ficar difícil para a gente poder remar, somos mais de 500 inscritos”, diz a pedagoga Rosana Camuzzi Grandis.
Vegetação toma conta do leito do Rio Piracicaba na região da Rua do Porto em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
‘Vertimento controlado’
No dia 5 de fevereiro, o Jornal da EPTV 2 mostrou a grande concentração de plantas aquáticas na Represa Salto Grande em Americana. Esse tipo de vegetação cresce absorvendo material presente no esgoto clandestino, ou que foi maltratado, ou ainda insumos agropecuários que são colocados nas margens dos rios.
A CPFL, que é responsável pelo local, segundo a apuração da EPTV, teve autorização da Cetesb para realizar o “vertimento controlado”, método em que as comportas são abertas para que as plantas desçam o rio de maneira lenta e gradativa.
O processo dura em torno de 60 dias e as plantas saíram da bacia do Rio Atibaia e chegaram ao Rio Piracicaba já “quebradas”, o que, de acordo com técnicos, reduz a capacidade de sobrevivência e de também de reprodução dessa vegetação.
Necessidade de acompanhamento
A ecóloga e pós-doutoranda da Unesp Silvia Regina Gobbo explicou que essas plantas são aguapés, que não apresentam risco. Em suas raízes, vive uma microfauna que é importante e, em alguns casos, a espécie pode ser usada para melhorar a qualidade de um rio.
“Só que na represa de Americana, por ela estar fechada e ser impossível de descer o rio, ela tomou proporções muito grandes até que autorizaram a liberação, que foi numa época de chuvas, portanto, com um nível um pouco mais alto. Muito provavelmente abriram as comportas e saiu um pouco mais de água e isso é importante para que esse aguapé vá descendo o rio até mais à frente”, afirma Silvia.
Entretanto, a especialista diz que é necessário ter um acompanhamento. “Não pare uma grande quantidade em um local só, que pode causar um desequilíbrio. Mas se for descendo, isso vai no fluxo do rio, se espalhando e o rio consegue dar conta nessa autodepuração”, pontua.
Leito do Rio Piracicaba é tomado por macrófitas (plantas) aquáticas na tarde desta quinta-feira após abertura da comporta de superfície da PCH em Americana.
Edijan Del Santo/EPTV
Outro lado
O Semae afirmou que realiza o monitoramento da água e que não foram detectadas macrófitas na área de captação de água no Rio Piracicaba na tarde desta quinta. A autarquia disse ainda que não houve alteração na qualidade da água captada.
A CPFL, que é responsável pela represa de Americana, disse que esse processo de vertimento segue o curso esperado pela empresa e que toda operação é monitorada diariamente e os resultados desses monitoramentos não indicam nenhuma alteração na qualidade da água do Rio Piracicaba, que possa estar ligado a esse processo de limpeza.
Rio Piracicaba fica tomado por vegetação na tarde desta quinta-feira na região da Rua do Porto em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
A Cetesb informou que autorizou esse procedimento com as plantas e disse que o monitoramento do rio é uma condição para o trabalho acontecer. Informou que, na tarde desta quinta, observou um grande volume de algas no Rio Piracicaba, mas que não encontrou qualquer tipo de dano ambiental.
Sobre a afirmação do Gaema de que a Cetesb não acatou as recomendações do MP para que o vertimento deixasse de acontecer, a companhia disse que só poderia responder na sexta-feira (23).
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