Fiocruz identifica três casos de dengue sorotipo 3 em Roraima


Casos foram identificados em pacientes que não tinham histórico de viagem. Em todo o país, foram registrados quatro casos. Sorotipo, que estava ausente, preocupa especialistas. Dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Lauren Bishop/Arquivo
Um estudo divulgado nessa quarta-feira (10) identificou três casos de pessoas infectadas com o sorotipo 3 da dengue em Roraima, em 2023. A pesquisa, coordenada pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), acende um alerta sobre o risco de uma epidemia da cepa no Brasil, após mais de 15 anos sem um surto do sorotipo viral.
Os casos são autóctones, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Eles foram identificados com apoio do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).
Ao todo, quatro casos foram registrados no país. De acordo com o estudo, o quarto foi identificado em Curitiba, no Paraná, e foi importado, uma vez que a pessoa diagnosticada havia viajado para o Suriname, onde possivelmente contraiu a doença.
Segundo o virologista e chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, a circulação do um sorotipo que estava ausente é preocupante.
“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explica Naveca.
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As análises indicam que a linhagem detectada não é mesma que causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. A identificada neste ano foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente por meio do Caribe, segundo a Fiocruz.
“Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relata o especialista.
Sorotipos
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 – todos podem causar as diferentes formas da doença.
De acordo com a Fiocruz, a infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo. Entretanto, é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias, segundo a fundação.
Também existe o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.
A pesquisa da Fiocruz contou com a apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas, da Rede Genômica Fiocruz, do Inova Fiocruz, Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde do Brasil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.
Principais sintomas
Entre os principais sintomas dos pacientes com dengue estão:
Febre alta > 38°C
Dor no corpo e articulações
Dor atrás dos olhos
Mal estar
Falta de apetite
Dor de cabeça
Manchas vermelhas no corpo
A infecção também pode ser assintomática ou apresentar quadro leve. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Segundo o Ministério da Saúde, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (>38°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele.
Caso apresente os sintomas, a recomendação é que o paciente busque atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação médica e notificação do caso.
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