OMS declara fim da emergência de saúde da Mpox

 

A nova varíola é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus

|  Foto:
Fiocruz

 A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde internacional da Mpox. Foi em julho de 2022 que a doença recebeu o nível mais alto de alerta emitido pela organização.A decisão se uma doença é considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) é feita pelo diretor-geral da OMS, cargo ocupado atualmente por Tedros Adhanom. Ele leva em consideração os conselhos de um comitê organizado para analisar o cenário epidemiológico da doença.Leia mais notícias de Saúde aquiNo anúncio feito nesta quinta-feira (11), o diretor-geral da OMS disse que apesar de aceitar a decisão do comitê de não classificar mais a Mpox como uma emergência sanitária global, os cuidados com a infecção não acabaram.”Na quarta [10], o comitê de assessoramento da doença me informou que a Mpox não representa mais uma emergência sanitária de interesse internacional, e eu tenho prazer em declarar, assim, o fim da emergência de saúde global de Mpox. No entanto como com a Covid-19, isso não significa que o trabalho acabou. Respostas sustentadas e ações pró-ativas devem continuar.”De início, o comitê para a Mpox não havia considerado a doença uma emergência. Em uma segunda reunião, em julho de 2022, os especialistas não chegaram a um consenso. Mesmo assim, Adhanom optou por considerar a infecção uma emergência de relevância mundial.Para chegar a essa decisão, alguns aspectos são considerados. De maneira geral, uma PHEIC indica que a disseminação de uma doença representa um risco para a saúde mundial. Também é de se esperar que o evento sanitário demande uma atuação em conjunto de diferentes países.De certa forma, a doença não era uma completa novidade. O vírus que causa a Mpox já era conhecido e fazia parte do mesmo gênero do patógeno da varíola comum, erradicada em 1980.No entanto, em meados de maio de 2022, casos da doença avançaram em regiões não endêmicas, como Europa e Estados Unidos. Até então os registros eram restritos a alguns países africanos ou a pessoas de outras localidades que viajavam a essas regiões.Leia maisNova varíola ainda é problema de saúde pública, dizem especialistas da FiocruzAntiviral pode ter eliminado inflamações no olho causadas por nova varíolaComo os casos passaram a surgir em diversos locais, Adhanom declarou a doença como uma emergência de relevância internacional. “Nós acreditamos ser o momento deste anúncio, considerando que, dia após dia, mais países e pessoas têm sido afetados pela doença. Precisamos de coordenação e solidariedade para controlar esse surto”, disse em 23 de julho, quando houve o anúncio oficial.Naquele momento o Brasil já enfrentava um aumento de casos da infecção. Um dia antes da declaração da OMS, reportagem da Folha apontava mais de 600 diagnósticos confirmados no país e alertava para o fato de que o número havia mais que dobrado em um intervalo de menos de duas semanas.Com o passar dos dias, o cenário foi piorando, tanto no Brasil como no mundo. Tratamentos eram raros, vacinas para a doença eram escassas, e países ricos compraram a maior parte das doses disponíveis. Ainda pior: quando conseguiu doses do imunizante, a gestão da Saúde brasileira demorou cinco meses para iniciar a vacinação em grupos de maior risco.Ainda havia o aspecto de que a doença se disseminava principalmente entre homens que fazem sexo com outros homens, e o debate sobre o estigma veio à tona. O medo de um novo “câncer gay”, aos moldes do que ocorreu com a epidemia de HIV, preocupava especialistas.Os sintomas da doença também eram motivo de discussão. Conhecida pelas feridas que emergiam na pele, relatos indicavam que essas manifestações estavam cada vez mais sutis, o que poderia confundir o diagnóstico e facilitar a transmissão. “Achei que fosse uma espinha”, disse um paciente à Folha.Os casos começaram a cair, e em meados de setembro o Brasil observou uma redução no número de infecções. Na Europa, a tendência era semelhante. Mesmo assim, especialistas continuavam a se preocupar. Dentre eles, o próprio Adhanom. “Assim como com a Covid-19, não é momento de baixar a guarda”, afirmou, em 14 de setembro.Pouco mais de um mês depois, o Brasil chegou a ser o país com maior número de mortes pela doença -eram oito. Agora, o país soma 16 óbitos, mas perdeu o posto de primeiro colocado: os Estados Unidos acumulam 42 mortes, seguido por México (26), Peru (20) e, então, o Brasil. As mortes mais recentes pela doença foram registradas em 4 de maio, com 12 óbitos no total.Quanto às infecções, os últimos registros no Brasil foram em 7 de maio, com cinco casos confirmados. Na mesma data, foram 11 novos diagnósticos em todo o mundo -contando os do Brasil. É um número bem menor comparado ao de 10 de agosto de 2022, data com o maior número de casos desde o início do surto: foram 1.802 infectados em todo o mundo só naquele dia.O QUE MUDA?Assim como ocorreu com a covid-19 na última sexta (5), o fim de uma emergência de importância internacional indica algumas características do momento atual da doença. Uma delas é que o cenário já não é mais considerado completamente novo ou inesperado. Também é uma mensagem de que a doença não representa mais um completo risco à saúde global por sua disseminação.Mas ainda é necessário manter a vigilância. A OMS aconselha adotar medidas de proteção, incorporando os cuidados contra a infecção à rotina.Leia maisPacientes em hospital de Vitória têm ajuda de “cães terapeutas”Fiocruz detecta dengue tipo 3 no Brasil após 15 anos sem epidemiaMais 200 mil vagas para atendimento com dentistas pelo SUS

Adicionar aos favoritos o Link permanente.