Pai de família corintiana hostilizada pensou que estava seguro em cadeiras cativas da torcida adversária em SP

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‘Pensei que a cativa fosse o melhor lugar’, diz vendedor que estava com as filhas quando teve que deixar setor do estádio por ofensas de torcedores do Botafogo-SP de Ribeirão Preto. Polícia Civil investiga o caso. O vendedor Fausto Rogério Leoncini, hostilizado por torcedores do Botafogo-SP durante jogo do Paulistão em Ribeirão Preto (SP)
Fabio Junior/EPTV
Depois de ser hostilizado com a família durante um jogo entre Botafogo-SP e Corinthians, em Ribeirão Preto (SP), o vendedor Fausto Rogério Leoncini afirma que não pretende levar a filha mais nova a jogos de futebol tão cedo.
Na última quarta-feira (14), ele, as filhas e um primo delas viam a partida quando foram repreendidos e alvos de ofensas por estar com camisas do clube alvinegro e por ter comemorado um dos gols do time da capital.
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Leoncini, que mora na cidade do interior de São Paulo e costuma frequentar partidas da equipe local, afirma que, ao escolher o setor das cativas, imaginou que o local seria seguro para que a menina mais nova, torcedora do Corinthians, pudesse ver o primeiro jogo em um estádio.
“Escolhemos a cativa por segurança. Como era a primeira vez da Bia no estádio, pensei que a cativa fosse o melhor lugar. Jamais imaginava que ia acontecer isso”, diz.
Criança corintiana chora ao ser conduzida com os pais por seguranças e policiais para fora do setor das cadeiras cativas do Estádio do Botafogo-SP em Ribeirão Preto, SP
Redes Sociais
Diante da confusão, a família foi escoltada pela Polícia Militar e levada até o camarote do Corinthians por segurança. As imagens da confusão repercutiram nas redes sociais e, a pedido do Ministério Público, a Polícia Civil instaurou um inquérito sobre o caso.
As autoridades procuram identificar os envolvidos na confusão, que podem responder por ameaça, injúria e constrangimento ilegal, além da prática de tumulto e incitação à violência em eventos esportivos, previstos no Estatuto do Torcedor.
Ainda de acordo com a polícia, a gestão administrativa do Botafogo-SP será notificada para ajudar na identificação dos autores e deverá apresentar estratégias de prevenção qualificada para evitar futuras ações similares.
Em nota, a diretoria executiva do Botafogo-SP lamentou o ocorrido e disse repudiar qualquer ato de violência, mas destacou que não há setor misto no estádio Santa Cruz e que informou o fato ao torcedor corintiano envolvido no episódio.
‘Agredindo com palavras pesadas’
Leoncini conta que, apesar de ser corintiano, assiste com frequência os jogos do Botafogo-SP em Ribeirão Preto como torcedor da equipe do interior. Ele afirma que aquela era a primeira vez que levava a filha mais nova ao estádio e que escolheu as cativas por achar mais seguro do que em outros setores.
O vendedor afirma que havia chegado com antecedência para o jogo, que começaria às 21h35, e que já estava transitando com camisa do Corinthians pelo estádio sem qualquer constrangimento até então. Ele também conta que notou a presença de outros corintianos no mesmo setor das cativas.
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“Por volta das 19h40 a gente estava lá dentro. Sentamos, pegamos lugar, andei e fui comprar refrigerante, pipoca, batata. Fui para o bar com a camisa do Corinthians. Na mesma fileira que a gente estava tinha uns meninos com a camisa do Corinthians, mas eles estavam com moletom por cima. Depois eles tiraram e ficaram com a camisa lá.”
Família corintiana é hostilizada por torcida do Botafogo-SP no estádio em Ribeirão Preto
Aos 19 minutos do primeiro, quando Romero abriu o placar para o Corinthians, a família comemorou o gol e foi repreendida por botafoguenses que estavam em volta. Segundo Leoncini, a filha mais nova foi a que ficou mais assustada. As imagens que circularam nas redes sociais mostram o momento em que a criança chora enquanto é retirada sob escolta do local.
“Ela falava para os senhores que estavam brigando com ela que era uma falta de respeito fazer isso. Ela falava. Até que desabou a chorar. Eu não aguentei. Eles estavam agredindo com palavras pesadas. Aí a polícia veio convidando a gente para sair.”
Depois disso, a família terminou de ver o jogo do camarote reservado para o Corinthians e foi acompanhada até deixar o estádio.
“Eu peguei a mão da Bia, guardei a camisa do Corinthians e desci. Cheguei no carro e o pessoal me ligando perguntando o que aconteceu. Em casa eu vi a repercussão.”
A estudante Samara Leoncini, de 18 anos, irmã mais velha, ainda se lembra do medo que sentiu quando precisou deixar o local.
“Senti muita raiva. Quando cheguei no camarote estava tremendo de raiva, não estava conseguindo nem andar direito”, relata.
Diante do que aconteceu, o vendedor diz que não pretende levar a filha mais nova ao estádio em Ribeirão Preto tão cedo.
“Vou esperar ela crescer e entender mais. Não que ela não entenda, mas que ela consiga se defender também. Porque o que fizeram com ela ontem [quarta-feira] foi demais. Isso não é futebol.”
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