Relembre outras crateras que causaram interdições por dias na BR-470 em SC

Não foi a primeira vez que uma cratera causou um rastro de destruição na BR-470, como foi o caso desta quarta-feira (14), em que a pista em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, foi engolida por um desmoronamento de grande porte no trecho do km 143. Imagens mostram o tamanho do estrago na pista, que segue interditada. A previsão é de que a rodovia permaneça totalmente interditada por pelo menos sete dias.

Imagem aérea mostra tamanho do estrago com abertura de cratera na BR-470 em Rio do Sul  - Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

1
3

Imagem aérea mostra tamanho do estrago com abertura de cratera na BR-470 em Rio do Sul – Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

Um veículo caiu na cratera, na madrugada desta quarta-feira (14)  - Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

2
3

Um veículo caiu na cratera, na madrugada desta quarta-feira (14) – Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

Equipes trabalham no local em que uma cratera engoliu parte da pista da BR-470 em Rio do Sul  - Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

3
3

Equipes trabalham no local em que uma cratera engoliu parte da pista da BR-470 em Rio do Sul – Reprodução/Grupo de Comunicação Difusora

Além desse, outro buraco gigante foi aberto pela chuva na rodovia federal em 18 de janeiro do ano passado na parte que corta a cidade de Indaial, no Vale do Itajaí. Lá, segundo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), a ruptura de um bueiro abriu a cratera, deixando o fluxo de veículos bloqueado nos dois sentidos. A pista ficou interditada por cerca de três dias, no km 75 da rodovia.

Cratera interditou o km 75 da BR-470 em Indaial – Foto: Moisés Stuker/NDTV

Ainda em Indaial, em março do ano passado, o rompimento de um bueiro devido às fortes chuvas causou uma grande erosão no km 61,8 da BR-470.

Cratera deixou trânsito em meia pista na BR-470, em Indaial  – Foto: Rodrigo Vieira/NDTV

No mesmo local, uma outra erosão “engoliu” parte da pista da BR-470 no dia 23 de fevereiro. O deslizamento na lateral da pista causou a interdição da faixa adicional, direcionada para carretas e caminhões, que precisaram compartilhar a pista simples com carros de passeio.

Trecho da BR-470 com terceira faixa acabou cedendo  – Foto: Defesa Civil Indaial/Divulgação/ND

Outras duas rupturas parciais de pista, no km 136, também em Rio do Sul, e no km 186, em Pouso Redondo, foram registradas em outubro de 2023, mês com chuvas e enchentes históricas.

Em Pouso Redondo, a rodovia ficou totalmente bloqueada por quatro dias. O DNIT segue trabalhando na localidade da Serra da Santa. A conclusão dos trabalhos deve ocorrer em três meses, mas o trânsito segue normalmente, com a pista fluindo em cada sentido.

Ruptura parcial em Pouso Redondo, no km 186 – Foto: DNIT/Reprodução/ND

O que pode estar por trás das crateras gigantes?

No escorregamento do aterro da rodovia em Rio do Sul, desta quarta-feira (14), o DNIT afirmou que a ocorrência é relacionada ao grande volume de chuva registrado nas últimas horas na capital do Alto Vale do Itajaí. Dados da Defesa Civil de Santa Catarina apontam para 94,20 milímetros em 24h.

Para o professor de geologia da Furb (Universidade Regional de Blumenau) e doutor em engenharia civil, Juarês Aumond, desabamentos, crateras e rupturas de pistas com circulação de veículos de pequeno e grande porte se tornaram constantes. “Como estamos em período de chuvas mais intensas, as encostas, inclusive a cratera na BR-470, são uma consequência”.

A cratera pode estar associada a movimentação da encosta. O professor explica que as análises em campo feitas por ele em outros locais de desmoronamentos mostraram que já existiam alguns indicativos de movimento de rastejo, causando o desalinhamento das plantas.

O rastejo pode provocar o “fototropismo” nas plantas, ou seja, crescimento das plantas na busca da luz. Ele explica que o fenômeno é um deslocamento lento e superficial, mas que pode ocorrer em profundidade e centímetros por ano, “muitas vezes de metros até um caso extremo”.

“O tronco deixa cotovelos no corpo da planta, um indicativo que já está ocorrendo o movimento. Não estive lá [cratera na BR-470], mas esses dois fenômenos, movimento de rastejo e plantas com efeito de fototropia, certamente já eram um indicativo”, disse o professor.

Desalinhamento das plantas (inclinadas) e o cotovelo do caule – Foto: Divulgação/ND

O professor e doutor em engenharia civil orienta que é necessário aprender a ler a natureza. “Não só a superfície, mas o conjunto de indicativos, tipo de solo, comportamento da vegetação e entre outras. Diante do momento crítico que nós estamos vivendo, nós temos que estar atentos a todos esses sinais da natureza. A vegetação, por exemplo, é o primeiro sinal de que a área está instável”.

Recuperação da BR-470

Na manhã de quarta-feira (14), o prefeito de Rio do Sul, José Thomé, em contato com a a direção do DNIT de Rio do Sul colocou a equipe a disposição para ajudar no que for necessário para que o trecho danificado da BR-470 possa ser restabelecido o mais rapidamente possível. Outras prefeituras locais que, coordenadas pela AMAVI, também estão empenhadas em colaborar.

“Conversamos com os prefeitos e já assumimos a responsabilidade de ajudar caso necessário, no transporte de pedras para a recomposição da base, podendo reabrir o trecho danificado. Estamos unidos na causa, até porque é uma situação que afeta não só Rio do Sul, como grande parte do Alto Vale e, como efeito, a interdição cria transtornos para todo catarinense que precisar utilizar esta rota”, destacou Thomé.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.