Relatório aponta que 152 milhões de bebês nasceram prematuros na última década

Cerca de 13,4 milhões de bebês nasceram antes da hora em 2020, revela um estudo apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas). O relatório Nascido Cedo Demais: Década de Ação sobre Nascimento Prematuro, em inglês, estima que um milhão de crianças vindas ao mundo antes de 37 semanas de gravidez morreram por complicações, ou um em cada dez bebês. 

A análise global considera aspectos da evolução sobre o tema, incluindo detalhes sobre probabilidades de sobrevivência de acordo com o local de nascimento, o rendimento familiar e a raça do bebê. 

O documento também inclui recomendações para mitigar riscos e melhorar o atendimento à mulher e ao recém-nascido prematuro. 

Em relação a países lusófonos, o relatório cita um sistema eletrônico com dados de saúde que melhora a disponibilidade de informações sobre nascimentos prematuros em Moçambique. O tipo de monitoramento e avaliação mostra a capacidade de se produzirem estatísticas, mesmo com limitações na economia e saúde públicas. 

O documento menciona ainda os benefícios aos dispor de 400 mil membros de comunidades indígenas na América do Sul, graças a uma iniciativa coordenada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apoiada pelo Brasil.  

Bebê com desnutrição grave recebe atendimento em Sanaa, Iêmen, 2020 (Foto: Unicef/Areej Alghabri)
Remuneração em casos de parto seguido de internação 

O Projeto Chaco atende as necessidades de saúde materna e neonatal através de intervenções que acontecem em partes de Bolívia, Paraguai e Argentina

O Brasil também é mencionado por ter sido “um modelo de advocacia e diálogo entre políticos e autoridades em relação à licença-maternidade”, adotada em 2020.  

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a prorrogação do pagamento salarial para casos de parto seguido de internação, seja por prematuridade ou por qualquer condição de saúde que tenha levado a mãe ou o bebê à internação após o parto.  

Em relação à cesariana, o país está em segundo lugar com 55,3% em termos de nações com mais da metade dos nascimentos. Em primeiro está a República Dominicana, com a taxa de 58,1%. A tendência de aumento observado nos últimos 30 anos deve subir ainda mais e chegar a um terço nesta década.  

Aliança mundial   

Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) colaboram no trabalho com a maior aliança mundial em favor de mulheres, crianças e adolescentes. 

A agências defendem que “soe o alarme sobre a emergência silenciosa do nascimento prematuro”, cuja magnitude e gravidade há muito não são reconhecidas, mesmo travando avanços na saúde e sobrevivência infantis.  

A taxa de partos antes do tempo não mudaram em nenhuma região do mundo na última década, com 152 milhões de bebês prematuros entre 2010 e 2020. A principal causa de mortalidade infantil mata uma em cada cinco menores de cinco anos. 

Maior probabilidade de incapacidade e atrasos   

As consequências para a saúde dos sobreviventes de parto prematuro podem durar por toda a vida, com maior probabilidade de barreiras e atrasos no desenvolvimento. 

Para ilustrar a influência do local de nascimento sobre sua chance de sobrevivência, o relatório revela que um em cada 10 bebês bastante prematuros sobrevive em países de baixa renda. Mais de 90% em países de alta renda. 

O diretor de Saúde do Unicef, Steven Lauwerier, destacou que cada morte pelo problema cria “um rastro de perda e desgosto”.  

Ele aponta um custo arrasador da situação, apesar dos muitos avanços globais na última década, excluindo a redução do número de bebês nascidos muito cedo ou a prevenção do risco de sua morte.  

Para Lauwerier, o momento atual é para melhorar o acesso aos cuidados para mães grávidas e bebês prematuros, além de se garantir que todas as crianças tenham um começo de vida saudável e prosperem. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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