Febre maculosa: Campinas mapeia áreas de risco após 3 pessoas contraírem a doença na cidade e morrerem; veja locais

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Vítimas estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, no dia 27 de maio. Adolescente que também esteve na festa morreu com suspeita de maculosa. SP confirma que 3 pessoas morreram por febre maculosa após festa em Campinas
Campinas (SP) realizou um mapeamento sobre áreas de risco para febre maculosa na cidade. O levantamento foi realizado depois de três pessoas contraírem a doença na metrópole e morrerem no último dia 8 de junho.
A dentista Mariana Giordano, de 36 anos, o namorado dela, o empresário e piloto de Fórmula C300 Douglas Costa, de 42 anos, e Evelyn Santos, de 28 anos, morreram infectados. Os três estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, no dia 27 de maio. Veja abaixo detalhes.
Além dessas três pessoas, uma adolescente de 16 anos que também esteve na festa morreu na noite desta terça-feira (13) com suspeita de febre maculosa. Até a última atualização desta reportagem, o Instituto Adolfo Lutz não havia divulgado exames para confirmar ou descartar o diagnóstico de febre maculosa.
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O mapeamento realizado pela prefeitura aponta ao menos 12 áreas ou regiões com risco para febre maculosa. São elas:
Lagoa do Taquaral
Lago do Café
Parque Ecológico
Parque das Águas
Parque Botânico
Lagoa do São Domingos
Lagoa do Mingone
Fazenda Chapadão
Ouro Verde
Joaquim Egídio
Sousas
Barão Geraldo
Ainda de acordo com a prefeitura, esses locais já registraram infecção pela febre maculosa e, por isso, são consideradas áreas de risco.
“O carrapato-estrela [transmissor da maculosa] só vai ficar em grama, não se move. Muita gente confunde com o carrapato do cachorro, que anda pelas paredes. Esse não transmite febre maculosa. Então a pessoa tem que evitar áreas de grama”, explica a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, Andrea von Zuben.
Desde 2019, ao todo, 29 moradores de Campinas morreram por febre maculosa. Nesse mesmo período, 17 pessoas contraíram a doença e se curaram.
“A gente tem esse problema há mais de 20 anos nas regiões de Campinas e Piracicaba. Já foram tentadas várias medidas para controlar carrapato-estrela. […] É um problema dificílimo, não tem nenhuma experiência bem-sucedida em nenhum lugar do mundo, especialmente nos países tropicais”, completa von Zuben.
Placa alerta para risco de febre maculosa em parque de Campinas
Reprodução/EPTV
4 mortes após festa, e fazenda tem eventos suspensos
As quatro pessoas que morreram estiveram na Fazenda Santa Margarida no dia 27 de maio, quando o local sediou o evento “Feijoada do Rosa”, que tem 22 anos de tradição. O evento contou com a apresentação de vários DJs.
Diante dos casos, a Prefeitura de Campinas confirmou um surto da doença na fazenda e informou que ela só poderá fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação.
Em nota, a fazenda disse que sempre age de acordo com as exigências relacionadas à Vigilância Sanitária e que mantém um “rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço”.
“A Fazenda Santa Margarida se coloca à disposição das autoridades competentes para qualquer auxílio necessário na investigação desse triste acontecimento”, disse.
Já a organização do evento se solidarizou com amigos e familiares das vítimas e alegou que não houve “correlação entre as atrações oferecidas com as causas anunciadas”.
“Até o momento, não se pode descartar que as contaminações tenham eventualmente ocorrido durante essa frequência na Fazenda Santa Margarida, mesmo porque a Vigilância Sanitária local veio à público reforçar que a cidade de Campinas ganha especial expressão como foco da referida doença”, completou.
A fazenda está localizada na Rua Rubens Gomes Balsas, no distrito de Joaquim Egídio, e é administrada pelo Grupo Vidotti.
O local é conhecido por sediar grandes shows “sunset” de diferentes estilos, com histórico de atrações como as duplas sertanejas Jorge e Mateus, Zé Neto e Cristiano e Henrique e Juliano, além de Daniel, Alexandre Pires, Ivete Sangalo e Seu Jorge.
Cerimônias de casamento também já foram realizadas na fazenda.
Fazenda Santa Margarida, em Campinas
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Febre maculosa
Segundo o Ministério da Saúde, “a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável”, ou seja: há formas clínicas leves e formas graves, “com elevada taxa de letalidade”. A doença é causada por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato, sobretudo aquele conhecido como carrapato estrela.
A febre maculosa não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa, por contato. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta que pessoas que moram ou se deslocam por áreas de transmissão fiquem atentas ao menor sinal de febre, dor no corpo, desânimo, náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal e que procurem um serviço médico. Lá, devem informar que estiveram nessas regiões, para evitar o agravamento do quadro. O tratamento é realizado com antibiótico específico.
No interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, em áreas mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Os municípios de Campinas e Piracicaba (SP) são, atualmente, os dois que apresentam o maior número de casos registrados da doença.
Com as confirmações, Campinas registra em 2023 cinco mortes por febre maculosa, sendo dois moradores da cidade. Já Mariana era da capital paulista, Douglas era de Jundiaí (SP) e Evelyn era de Hortolândia (SP).
Quais são os sintomas?
Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são:
Febre
Dor de cabeça intensa
Náuseas e vômitos
Diarreia e dor abdominal
Dor muscular constante
Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
Gangrena nos dedos e orelhas
Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória
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