Mãe de vítima de feminicídio diz que suspeito, o companheiro dela, deu várias versões para a morte

Parentes afirmam que foi ele que matou cabeleireira Michele Fernandes, de 34 anos, e depois contou três causas de morte diferentes, se contradizendo. Amiga lamenta os casos de feminicídio. Filho de vítima de feminicídio dormia em casa quando a mãe foi morta na cozinha com um tiro na cabeça
Parentes e amigos se despediram, na tarde deste sábado (10), da cabeleireira Michele Rodrigues Cunha Fernandes, de 34 anos. O corpo dela foi enterrado no cemitério Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio.
Em uma despedida difícil, a família se reuniu para se consolar, enquanto dava o último adeus à Michele. Foi a mãe dela, dona Cláudia Cunha, quem ouviu o tiro e encontrou o corpo da filha na cozinha de casa.
Desolada, ela contou que ainda teve que ouvir o companheiro da filha, que é o principal suspeito do crime, inventar várias versões para o ocorrido e até acusar Michele de ter tirado sua própria vida.
“Ele falou que tinha sido o gás que tinha estourado. Depois ele falou que ‘ela caiu no caco de vidro’. Ele fugiu e sumiu. Depois, voltou e ficou lá falando que ela que tinha feito aquilo com ela mesma. Que ela tinha pegado a arma em cima do guarda-roupa, que era dele, e atirou nela mesma”, disse dona Cláudia.
Revoltada pela morte brutal da amiga e indignada com os casos crescentes de feminicídio, Rosane Rocha fez um desabafo durante o velório de Michele.
“Estamos cansadas de ver nas reportagens a cada dia três, quatro, dez mulheres – fora aquelas que não chegam ao conhecimento da mídia – sendo vítimas de homens que nós amamos, cuidamos e colocamos dentro da nossa casa, acreditando que vai ser pra nossa felicidade, pra gerar uma família. Mas, no final, essas pessoas se acham no direito de acabar com a vida de uma mulher”, lamentou.
Michele foi assassinada com um tiro na cabeça, dentro da própria casa, na madrugada desta sexta-feira (9). Parentes, que moram no mesmo quintal, dizem que o assassino é o companheiro dela, Breno França Giovanelli, que ele fugiu do local.
Michele Rodrigues Cunha Fernandes, vítima de feminicídio
Reprodução/TV Globo
A vítima era cabeleireira. Quando perdeu o emprego, decidiu montar um salão de beleza na frente de casa, em Bento Ribeiro. Amava o trabalho, a família e os amigos, que a escreviam como alegre e apaixonada pela vida.
Michele deixa um filho de 7 anos, de outro relacionamento, que por pouco não viu a mãe ser assassinada. O menino estava descansando no quarto, e não acordou com barulho do tiro. Foi retirado de casa pelos parentes ainda dormindo e não sabe o que aconteceu. A família diz que tenta encontrar forças e palavras para contar.
Filho de vítima de feminicídio dormia em casa quando a mãe foi morta na cozinha com um tiro na cabeça
Michele e o companheiro estavam juntos havia um ano. Durante esse tempo, eles teriam tido diversas brigas, mas depois se acertavam. Até que, na sexta, segundo a família, eles discutiram após uma festa e a briga terminou com o tiro. Apenas alguns parentes sabiam que o marido possuía uma arma.
O RJ registrou só em janeiro e fevereiro deste ano 53 tentativas de feminicídio e 16 feminicídios. Em todo o ano passado, foram 111 feminicídios e 293 tentativas.
Michele Rodrigues Cunha Fernandes, vítima de feminicídio
Reprodução/TV Globo
Breno França Giovanelli
Reprodução/TV Globo

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