Presa injustamente, cabelereira conta que teve vida devastada: ‘Meus sonhos foram interrompidos’

Maiara Alves foi presa em 2019 após ser confundida com mulher que participou de latrocínio em Maceió. Ela foi condenada a 24 anos de prisão sem direito a defesa e só foi absolvida um ano depois. Erro em investigação policial condena cabelereira em Maceió
Presa injustamente, a cabelereira Maiara Alves, de 30 anos, viu toda a sua vida mudar depois de ter sido condenada a 24 anos de prisão por um crime que não cometeu. A alagoana foi inocentada essa semana pelo Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas. Ela chegou a ficar um ano e dois meses na cadeia.
“Foi uma alegria grande, é como ter a sua vida de volta. Eu lembrei de tudo, desde o dia da prisão até o dia que eu saí, tudo o que eu passei lá dentro. Comecei a chorar”, contou ao lembrar do momento em que foi inocentada, por unanimidade, pelo Pleno do TJ.
A prisão de Maiara aconteceu em março de 2019. Ela teve o nome apontado em uma investigação criminal após o assassinato de um taxista. O latrocínio aconteceu em 2014, e uma das pessoas envolvidas no crime citou o nome “Maiara”, mas se referindo a uma outra pessoa que também teria participado do crime.
Uma sucessão de erros na fase de investigação fez com que Maiara Alves fosse apontada como criminosa e presa sem direito a defesa.
“A Polícia Civil chegou aqui na minha casa com um mandado de prisão para que eu fosse presa e levada para o Sistema Prisional. Até então eu não sabia que estava sentenciada. Eu até questionei se eu não teria direito a uma audiência de custódia e perguntei o motivo da prisão, mas não obtive resposta”.
Com três filhos, sendo um deles uma bebê de 8 meses, Maiara viu a sua vida desmoronar em um segundo. Perdeu a liberdade, os momentos em família e até os móveis da casa onde ela morava, que foram furtados no tempo em que ela esteve na prisão.
“Na época da prisão a minha bebezinha tinha oito meses, eu não a vi completar um ano, eu não vi a minha filha andar. Os meus sonhos foram interrompidos de todas as formas. Eu tinha a minha profissão estabilizada, tinha a minha clientela, conseguia sobreviver com os meus filhos com a forma que eu trabalhava. Perdi a minha mãe, que era a única família que eu tinha”.
A advogada de Maiara conta que assim que ficou sabendo da história da cabelereira decidiu assumir o caso e lutar pela sua absolvição.
“Ela não sabia nem mesmo informar o motivo de estar presa. Então fomos olhar o processo e vimos que a única coisa que ligava a Maiara ao crime era o nome dela. A Maiara foi condenada a revelia, ou seja, ela não teve nem mesmo direito a defesa. Fomos então angariar prova para saber onde ela estava no dia do crime. Esse foi o primeiro passo”, disse a advogada Marluce Oliveira.
Maiara estava em Arapiraca no dia do crime, foi visitar um amigo que tinha acabado de perder o pai. Essa e outras provas ajudaram a defesa no processo de absolvição. O depoimento da mulher que apontou o nome de Maiara nas investigações, negando que fosse a mesma pessoa, também ajudou na revisão do caso.
“A mulher que citou o nome dela disse que a Maiara que tinha sido presa não era a mesma que ela tinha falado. Foi aí que começaram a ver o processo dela com outros olhos”, completou a advogada.
Maiara foi inocentada por unanimidade pelo pleno do TJ
Reprodução/TV Gazeta
Além de inocentar Maiara por unanimidade, o pleno do TJ-AL também determinou que ela fosse indenizada pelo Governo do Estado de Alagoas pelo erro em sua condenação. Com a inocência comprovada, agora resta reunir forças para reconstruir a vida após prisão.
“Eu não sou culpada, posso hoje dormir e acordar tranquila sabendo que não estou presa. Agora eu vou trabalhar, construir minha vida e tentar fazer tudo novamente, o que não é fácil”.
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