Urgente: Empresa gigante e tradicional, que você ama, é acusada de causar câncer e pode falir

 Os PFAS são usados há décadas em produtos que variam de panelas antiaderentes a cosméticos, mas não se decompõem naturalmente e podem se depositar no solo, na água ou no corpo humano.

O estopim desse julgamento, que irá ocorrer no município de Stuart, na Flórida, é uma  espuma contendo PFAS usada por equipes de combate a incêndios nos Estados Unidos para suprimir incêndios causados por combustível.

A cidade alega que a 3M falhou em alertar sobre os riscos do PFAS e projetou produtos defeituosos. Um veredicto para Stuart pode ajudar a determinar o que a 3M deve pagar para resolver outros casos.

Os advogados de Stuart estão propondo US$ 105 milhões para cobrir o custo da remoção do PFAS e até US$ 500 milhões em danos punitivos, mostram os autos do tribunal.

Prejuízo bilionário

Segundo a pesquisa feita pela CreditSights, a 3M poderia, em última análise, arcar com custos de limpeza de PFAS em todo o país de até US$ 142,7 bilhões.

Mas isso é quase o triplo da capitalização de mercado de US$ 53 bilhões da empresa.

Segundo o que foi dito pelo juiz distrital dos EUA, Richard Gergel, que inclusive está cuidando do caso Stuart e milhares de outros, em uma audiência no ano de 2019, o litígio representa uma grande ameaça para a 3M, assim como as demais empresas que fabricavam PFAS.

Juiz distrital dos EUA, Richard Gergel’s (Foto Reprodução/ YouTube)

A 3M, sediada em St. Paul, Minnesota, afirma que os PFAS são seguros e que a contaminação por PFAS não representa uma ameaça significativa à saúde pública e ao bem-estar.

A EPA diz que o PFAS está ligado a atrasos no desenvolvimento de crianças e aumento dos riscos de câncer, e alguns pesquisadores vincularam o PFAS a cânceres específicos, mas a 3M contesta essas descobertas.

A 3M afirmou que irá cessar a fabricação desses produtos químicos até 2025 devido às tendências focadas em reduzir ou até mesmo eliminar a presença de PFAS no meio ambiente.

3M terá que pagar uma multa bilionária caso seja condenada (Foto Reprodução/Internet)

Vale dizer que a  empresa começou a reduzir a produção de alguns dos compostos em 2000, segundo documentos judiciais.

A espuma de combate a incêndios em questão no caso Stuart muitas vezes escorre para as fontes de água durante os exercícios de treinamento, de acordo com os autos do tribunal.

De acordo com documentos judiciais, testes em alguns poços de Stuart em 2021 encontraram níveis de PFAS em 1.600 partes por trilhão.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA propôs em março um limite nacional para dois dos compostos PFAS mais amplamente usados e estudados PFOA e PFOS,  em 4 partes por trilhão.

A responsabilidade potencial do PFAS levou a Kidde-Fenwal Inc. uma distribuidora de espuma de combate a incêndio que nunca produziu a substância, a entrar com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11 em maio.

Quais os riscos reais da empresa falir?

Vale dizer que, caso a 3M não suporte a pressão e faça o pedido de falência para administrar a sua exposição legal, essa situação não seriatão inédita assim.

Inclusive uma unidade da 3M já se encontra sob proteção contra falência enquanto tenta resolver mais de 230.000 ações judiciais movidas por soldados sobre protetores auriculares supostamente defeituosos vendidos para os militares dos EUA.

Os riscos de litígio já cobraram seu preço dos investidores. As ações caíram cerca de 60% desde sua alta em janeiro de 2018, em parte devido a preocupações com passivos, apagando cerca de US$ 100 bilhões em valor de mercado.