Anjos com Lili

Na cidade de Pato Pardo, havia um hospital que mais parecia uma casinha de bonecas.

Completamente fora dos padrões do que a sociedade entendia por um hospital, ele recepcionava todas as pessoas adoecidas com músicas suaves e profissionais de saúde vestidos de palhaços.

As crianças chegavam chorando, por conta de sua enfermidade, mas, aos poucos, se calavam e esboçavam um sorriso quando chegavam lá.

Tudo naquele ambiente era minimalista: as cadeiras, mesas, balcões e os médicos, vestidos com roupas coloridas, chamavam os pacientes para suas salas de consultas em tons suaves.

Lili, que nascera naquela cidade, e hoje com quatorze anos, tinha sido diagnosticada com um câncer terminal, mas adorava quando a mãe dela dizia que ela tinha que se consultar. Era a desculpa que ela precisava para ir para aquele local e se encantar com o cenário que se abria diante dos seus olhos quando chegava lá.

Ao chegar lá, corria e ia explorar o ambiente.

O lugar que Lili mais gostava era uma salinha com todos os tipos de brinquedos que fazia com que as crianças e adolescentes esquecessem por alguns instantes dos reais motivos que as levaram a estarem ali. Aquele espaço lúdico, dava vez à imaginação de cada criança que adentrava aquele recinto e elas se teletransportavam para o mundo da imaginação, e com Lili não era diferente.

Lili se sentia em harmonia quando “visitava” aquele lugar e desejava ficar lá por mais tempo.

Ela percebia que havia uma magia naquele hospital. Sentia que as enfermeiras e médicos não trabalhavam por obrigação, mas com o coração. Era nítido em cada olhar daqueles profissionais a empatia pela dor do próximo.

Tudo se transformava naquele ambiente: choro em sorrisos; dores em alívio; desespero em esperança.

Mas, Lili se deparou com um aviso na recepção onde informava que aquele hospital estava com os dias contados para fechar as portas por falta de recursos financeiros.

Não acreditando que aquilo aconteceria, Lili mobilizou a mãe e com um olhar de súplica pediu que ela não deixasse que aquilo acontecesse.

A mãe, muito atenciosa, prometeu a Lili que ia mover o mundo para que não fechassem o hospital.

Passados alguns meses, Lili foi vencida pelo câncer, mas a sua mãe não esqueceu a promessa que fizera à filha. Mesmo com a dor do luto, vagou de casa em casa buscando assinaturas de todos os moradores na tentativa de atender ao pedido da filha e os moradores, sensibilizados pela dor daquela mãe, fizeram passeatas e carreatas pedindo às autoridades que não fechassem aquele hospital.

Após se passarem meses de luta, as autoridades, finalmente, compreenderam a importância daquele lugar e, comovidos pela iniciativa da mãe de Lili, renomearam o local como HOSPITAL ANJOS COM LILI.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

O post Anjos com Lili apareceu primeiro em Jornal Tribuna.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.