VÍDEO: Com crescimento de mercado, Eletra cogita abrir fábricas de ônibus elétricos em mais estados e empresária promete recuperar mercado que hoje é dos chineses

Segundo Milena Braga Romano, em visita de Lula à planta em São Bernardo do Campo, Brasil tem capacidade de voltar a ser polo exportador para a América Latina

ADAMO BAZANI

Colaborou Willian Moreira

Se depender das intenções da empresa Eletra, fabricante de tecnologia nacional para ônibus elétricos, os modelos destes veículos feitos na China e que hoje predominam na América Latina, vão perder o espaço.

Em visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva à planta da fábrica, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, nesta sexta-feira, 02 de junho de 2023, a diretora da Eletra, Milena Braga Romano, disse que o Brasil precisa recuperar o protagonismo na indústria de transportes coletivos e que vai investir para os ônibus brasileiros à eletricidade tomem a liderança hoje ocupada pelos ônibus elétricos chineses no continente. Grandes frotas como no Chile e Colômbia de coletivos elétricos são formadas por modelos feitos na China.

“A [Eletra] é capaz de resgatar a liderança da indústria nacional de transporte público na América Latina, que hoje é inteiramente dominada por ônibus elétricos chineses. Nos últimos 20 anos, este mercado que era dominado pela indústria brasileira, nós perdemos para os chineses. Chegou o momento de resgatarmos isso. Temos produto, temos competência e vontade de fazer isso acontecer e voltarmos a ser exportadores para toda a América Latina e para o mundo.” – disse Milena

Segundo a empresária, em previsões “realistas”, a cadeia produtiva de ônibus elétricos no Brasil tem capacidade de gerar cerca de dez mil empregos em três anos. Número que poder triplicar nesse mesmo período se forem ampliadas linhas de financiamento dos veículos, baterias e infraestrurura.

O presidente Lula prometeu apoio aos prefeitos para eletrificar as frotas de ônibus e disse que é importante para o Brasil manter parceria com a China, mas que os produtos brasileiros devem ser prioridade.

Milena afirmou que a Eletra tem planos de investir em mais plantas industriais, inclusive no Nordeste, com o crescimento do mercado de ônibus elétricos nos próximos anos e falou dos números previstos para a fábrica de São Bernardo do Campo.

“Nesta unidade industrial, a Eletra produzirá 1,8 mil ônibus por ano, podendo ampliar esta capacidade em 50% dobrando o turno e, claro, podendo abrir mais fábricas no Nordeste, em outros estados” – disse

Milena também falou que os investimentos da empresa também levaram em conta parcerias com outras fabricantes, como Caio com as carrocerias e WEG com os motores elétricos e uma rede de pós-venda para dar assistência ao frotista na manutenção e operação dos ônibus.

“É muito importante ter uma ampla rede de assistência técnica e peças de reposição nacionais com uma mão de obra que saiba fazer a manutenção e tenha as peças fáceis na hora que precisa. E estas parcerias toraram isso possível”

CHINESES:

Duas empresas com capital chinês estão no mercado brasileiro.

A BYD já tem planta em Campinas, no interior paulista, e está investindo na ampliação da nacionalização dos ônibus.

Já existem ônibus da BYD circulando em diversas partes do País. A planta foi inaugurada em 07 de abril de 2017 com cobertura do Diário do Transporte.

Relembre:

Fábrica de ônibus elétricos da BYD Campinas já nasce com encomendas, diz empresa

Já a Higer não tem produção local, mas está já vendendo para o Brasil, como na licitação de Cascavel (PR), negociações com a capital paulista, entre outros contatos com empresários e gestores públicos.

A empresa pretende ter uma planta no Ceará. Um memorando de intenção com o governo cearense.

Relembre:

Higer e Governo do Ceará assinam memorando de intenções para instalar fábrica de ônibus elétricos

A Higer diz que mesmo sendo feitos na China, seus ônibus seguem os padrões brasileiros numa linha específica para o País.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes