Espumante ou Champagne?

É muito comum em várias partes do mundo abrir uma garrafa de espumante para comemorar ocasiões especiais, juntamente com o famoso som de “tim tim”. Temos a fórmula perfeita para celebrar datas, momentos e conquistas importantes em nossas vidas. Mas você sabia que nem todo vinho que borbulha é Champagne? Essa é uma questão que demorei alguns bons anos para descobrir. Na verdade, entre todos os vinhos que produzem borbulhas no mundo, pouquíssimos são champanhes. Vamos entender o porquê.

Primeiro, devemos estabelecer três pontos fundamentais para entender definitivamente essa questão. O primeiro ponto é que todo Champagne é um espumante, e todo espumante é um vinho que passou pelo processo de fermentação duas vezes. O segundo ponto é que todas as “perlagens” (as bolhas) se formam naturalmente por meio do processo de fermentação. O terceiro ponto é que Champagne não é sinônimo de vinho com borbulhas; na verdade, é uma denominação de origem controlada (AOC) estabelecida em 1927. Isso significa que apenas os vinhos espumantes produzidos dentro dos limites geográficos determinados, com métodos e práticas específicas, podem, por lei, ostentar a marca Champagne. Esse nome vem do fato de que essa AOC está localizada na região de Champagne, na França.

Os espumantes são feitos basicamente de duas maneiras: pelo método Charmat e pelo método Champenoise (clássico ou tradicional). Cabe ao enólogo de cada vinícola escolher qual método seguir. Independentemente do método escolhido, a primeira fase é igual para todos, ou seja, a elaboração do vinho base.

Para obter o vinho base, segue-se o mesmo processo usado para fazer qualquer vinho tranquilo (sem borbulhas): escolhe-se as castas que serão usadas, prensa-se, macera-se e realiza-se a primeira fermentação alcoólica. A fermentação alcoólica é o processo no qual as leveduras consomem os açúcares da uva, produzindo álcool e liberando o dióxido de carbono. Nessa fase, o gás é liberado completamente. Na segunda fermentação, adiciona-se açúcares e leveduras para uma nova fermentação. No método Charmat, a segunda fermentação é feita em tanques de aço inoxidável completamente vedados, fazendo com que o dióxido de carbono se agregue ao líquido, proporcionando as “famosas” borbulhas. No método Champenoise, essa segunda fermentação é feita dentro de cada garrafa individualizada, proporcionando mais estrutura e complexidade ao vinho.

Além do famoso Champagne, outras regiões da França elaboram maravilhosos espumantes feitos também pelo método Champenoise, nesse caso sendo rotulados como Crémant. No mundo, outros países também possuem seus apreciados e adorados espumantes. Na Itália, por exemplo, mais precisamente na região do Vêneto, o Prosecco é um dos espumantes mais desejados. Elaborado pelo método Charmat, também possui sua denominação de origem controlada (DOC). Nascida na Catalunha, Espanha, a DO Cava produz espumantes desejados em muitas partes do mundo, pelo método Champenoise.

Aqui no Brasil, já produzimos espumantes de alta qualidade em diversas regiões. No entanto, há um lugar que vem se destacando há alguns anos na produção de espumantes pelo método Champenoise e acaba de ser reconhecida como a primeira DO exclusiva para espumantes do Novo Mundo no Hemisfério Sul. Altos de Pinto Bandeira, localizado no município de Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul, torna-se sinônimo de espumantes de altíssima qualidade.

Agora sabemos que Champagne é o nome atribuído apenas aos espumantes produzidos na Região de Champagne, seguindo rigorosamente as regras elaboradas pela AOC. Fora dessa região, podemos saborear grandes espumantes ao redor do mundo, mas todos trarão em seus rótulos suas origens e métodos de elaboração, tornando nossas escolhas mais acertadas.

Santé!

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