Padre Airton: 22 pessoas foram ouvidas após denúncia de estupro, e investigação está ‘madura e robusta’, diz delegada

Estupro teria sido praticado por motorista, a mando de Padre Airton. Sacerdote é conhecido por trabalhos sociais realizados por meio de organização não-governamental Fundação Terra. Delegada Morgana Alves
Reprodução/TV Globo
A delegada Morgana Alves, da Polícia Civil de Pernambuco, as investigações sobre a denúncia de estupro contra o padre Airton Freire e o motorista Jailson Leonardo da Silva estão “fortes e robustas”. Ela disse, ainda, que 22 duas pessoas prestaram depoimento sobre o caso, que, segundo a personal stylist Sílvia Tavares de Souza, aconteceu numa propriedade da Fundação Terra, organização não-governamental criada pelo religioso.
“Nós dependemos ainda da entrega de laudos periciais, que são chamadas provas técnicas. No entanto, o que a gente pode afirmar é que a investigação já está bastante madura e robusta, tendo sido coletados depoimentos de 22 pessoas até o momento”, disse a delegada, que é chefe da Diretoria Integrada Especializada.
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Silvia Tavares de Souza afirmou que foi estuprada pelo motorista a mando do padre, que teria se masturbado vendo a cena de abuso.
Esse crime, segundo a personal stylist, aconteceu durante um retiro espiritual, no dia 18 de agosto de 2022, na Fazenda Malhada, sede da Fundação Terra, em Arcoverde, Sertão do estado. O local do estupro teria sido a “casinha”, que é uma residência do padre num local mais afastado.
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A investigação está a cargo da delegada Andreza Gregório, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, no Sertão de Pernambuco. Em entrevista à TV Globo, a delegada Morgana Alves afirmou que a policial foi escolhida pela experiência. Disse, ainda, que o caso está em segredo de Justiça.
“Nós escolhemos uma autoridade policial que já tivesse bastante maturidade e experiência na matéria para proceder com as investigações. Essa delegada foi escolhida pela sua experiência, bem como pela proximidade do suposto local da ocorrência do fato”, afirmou.
Padre Airton Freire em frente à ‘casinha’
Reprodução/Instagram
Morgana Alves também disse que não pode informar se o padre e o motorista foram ouvidos. Ela afirmou que, se condenados, eles podem pegar até 10 anos de prisão.
“São crimes de cunho e natureza sexual, atentatórios contra a dignidade sexual. […] Os crimes de natureza sexual variam de acordo com a tipificação do fato, que a gente aqui não pode falar pela questão do sigilo das investigações, mas podem variar em penas de reclusão de um a cinco anos, ou de reclusão de seis a dez anos, que é o caso do estupro”, declarou.
Na terça-feira (30), o padre de 66 anos foi suspenso pela Diocese de Pesqueira, no Agreste do estado. Na quarta-feira (31), Sílvia Tavares foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir à governadora Raquel Lyra (PSDB) a conclusão da investigação do caso. Ela foi recebida pela Secretaria da Mulher.
Sobre a demora para a conclusão do inquérito, que ainda não tem data para ser finalizado, Morgana Alves afirmou que “toda técnica está sendo utilizada para que essa investigação seja exitosa”.
“A Polícia Civil de Pernambuco prima pela qualidade de suas investigações independentemente da autoria, de nível intelectual ou financeiro do autor de um crime de natureza sexual. Então, uma vez provado e comprovado o fato que foi nos trazido a conhecimento, vai responder. […] Os crimes de natureza sexual, por si só, já demandam uma maior complexidade e gasto de energia das investigações para poder angariar provas”, declarou.
O crime
Silvia e padre Airton, em uma das visitas dela à Fundação Terra
Reprodução/WhatsApp
Segundo Sílvia Tavares, a relação que tinha com o padre Airton era de muita proximidade. Ela disse que chamava ele de “padinho” e que ele a chamava de “minha princesa”. A devoção era tanta que a mulher tatuou na pele o símbolo da Fundação Terra e a frase “Padre Airton: creio em Deus pai”.
Sílvia Tavares disse que frequentava retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão do estado, e que participou de, pelo menos, 25 desses eventos religiosos. Os dois teriam se conhecido quando ela buscou a ajuda dele para tratar uma depressão.
Sílvia contou que, durante um desses retiros, foi chamada pelo padre para ir a uma pequena casa isolada, a que a mulher se refere como “casinha”, onde ficavam os aposentos do padre.
Cronologia do crime, segundo Sílvia Tavares:
Em 17 de agosto de 2022, padre Airton mandou um áudio para Sílvia, pedindo que ela fosse à “casinha” às 6h30 do dia seguinte.
O motorista Jailson levou a mulher para o local, onde o padre estava deitado de bruços, coberto com um lençol de seda.
Ele pediu uma massagem e, mesmo estranhando o pedido, a mulher fez, mas se assustou ao perceber que, sob o lençol, ele estava sem cueca. Ela, então, saiu da cama.
Em seguida, Jailson se aproximou da mulher com uma faca e a ameaçou. Enquanto se masturbava, o padre ordenou que ele a estuprasse.
Com o próprio celular, o padre tirou fotos da mulher e de Jailson nus, juntos. Depois, mandou que eles tomassem banho e acariciou os órgãos genitais do motorista.
O que diz a defesa do padre
A defesa do padre Airton Freire diz que ele nega a prática “de qualquer ato ilícito e reafirma sua inocência, não sendo verdadeiras as alegações contra ele dirigidas”.
Segundo a defesa, o sacerdote diz que é alvo de “acusações infundadas e injustas e já constituiu advogados para exercer sua defesa”.
A defesa do padre Airton diz que ele considera que o afastamento determinado pela Diocese de Pesqueira “permitirá que as apurações transcorram com toda a tranquilidade necessária para que se apure a verdade sobre os fatos”.
A defesa de Jailson Leonardo da Silva não se pronunciou sobre o caso até o momento.
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