É #FAKE que documentos vazados da ONU revelem plano para forçar crianças a ter parceiros sexuais

Mensagens falsas derivam de publicação igualmente fraudulenta que distorce objetivos de relatório desenvolvido por entidades sérias, baseado em rigorosas evidências científicas provenientes de diversas partes do mundo. Circula nas redes sociais uma mensagem que afirma que “documentos vazados da OMS revelam plano para forçar crianças a terem parceiros sexuais”. É #FAKE.
Selo fake
G1
A mensagem falsa que circula em mensagens de WhatsApp faz referência uma publicação igualmente falsa que menciona e distorce o relatório “International Technical Guidance on Sexual Education”, ou “Orientação Técnica Internacional sobre Educação Sexual”, destinada a governos, professores, profissionais de saúde, educadores, profissionais de desenvolvimento juvenil e defensores da saúde sexual e reprodutiva.
A publicação falsa viral, hospedada em um site que veicula teorias da conspiração e campanhas antivacina, alega que o documento foi vazado –o que não é verdade, porque ele está público e facilmente acessível. Também não é verdade que o documento se destina a forçar crianças a ter parceiros sexuais.
O Fato ou Fake mostrou a publicação falsa à Organização Pan-Americana de Saúde, escritório regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização das Nações Unidas (ONU). A Organização Pan-Americana de Saúde esclarece que:
A publicação “International technical guidance on sexuality education” foi desenvolvida com UNESCO, UNFPA, UNICEF, UNAIDS e ONU Mulheres,e atualizada pela última vez em 2018. Há outras informações (em inglês) na seção de perguntas e respostas da OMS sobre educação sexual.
A publicação “International technical guidance on sexuality education” é baseada em rigorosas evidências científicas provenientes de diversas partes do mundo.
Pesquisas consistentemente apontam que a educação sexual integral capacita as pessoas a tomar decisões informadas sobre sua sexualidade e relacionamentos, aumenta a autoestima e proporciona resultados positivos para a saúde.
É mais provável que pessoas jovens adiem o início da atividade sexual e pratiquem sexo seguro quando estão mais bem informadas sobre sexualidade, relações sexuais e seus direitos.
A educação sexual integral as ajuda a se preparar e a administrar as mudanças físicas e emocionais que ocorrem à medida em que crescem, ao mesmo tempo que as ensina sobre valores fundamentais, como respeito e consentimento, e onde ir se precisarem de ajuda. Isso, de forma crucial, reduz os riscos de exploração e abuso.
A Organização Pan-Americana de Saúde esclarece ainda que “a educação sexual integral fornece aos jovens informações factuais apropriadas à idade e ao desenvolvimento relacionadas à sua sexualidade e saúde sexual, apoiando a tomada de decisões seguras e responsáveis ao longo da vida. Essas informações são essenciais para sua saúde, sobrevivência e bem-estar emocional”.
A entidade prossegue: “A educação sexual integral vai muito além de falar sobre atividade sexual e partes do corpo; ela incorpora lições importantes para a vida, incluindo o respeito a si mesmo e aos outros; a prevenção da violência e do abuso; a importância do consentimento; a compreensão e promoção da igualdade de gênero; e a conexão entre saúde sexual e reprodutiva e saúde e bem-estar em geral”.
As crianças e jovens são naturalmente curiosas sobre o mundo e naturalmente buscam informações sobre os próprios corpos, as relações com outras pessoas e suas identidades. Com base em pesquisas robustas ao longo dos anos, a OMS recomenda uma comunicação responsável, precisa e adequada à idade com crianças sobre esses tópicos em todos os estágios de desenvolvimento.
Outra distorção
A publicação falsa também distorce os objetivos da publicação “Standards for Sexuality Education”, ou “Padrões para a Educação Sexual”. A Organização Pan-Americana de Saúde esclarece que:
O Escritório Regional da OMS para Europa trabalhou separadamente com o Centro Federal Alemão de Promoção da Saúde (BZgA), que é um Centro Colaborador da OMS, para desenvolver padrões específicos para a região europeia sobre a educação sexual integral, que estão na publicação “Standards for Sexuality Education”.
A orientação global “International technical guidance on sexuality education” e a publicação do Escritório Regional da OMS para Europa “Standards for Sexuality Education” são dois produtos diferentes, publicados em momentos diferentes, para finalidades e públicos diferentes.
O documento “Standards for Sexuality Education” foi desenvolvido em 2010 e destina-se ao uso por profissionais, como educadores e trabalhadores de saúde e assistência social, que trabalham com educação sexual.
A OMS não promove a masturbação – nem qualquer outro ato – em seus documentos. No entanto, reconhece que as crianças em todo o mundo começam a explorar seus corpos por meio da visão e do toque em uma idade relativamente precoce. Essa é uma observação, não uma recomendação.
A orientação da OMS visa ajudar os países e os profissionais a fornecer informações precisas e atualizadas em relação à sexualidade dos jovens, alinhadas com os estágios de desenvolvimento que ocorrem durante a infância e a adolescência, para que possam elaborar seus programas adequadamente.
Isso pode incluir a correção de percepções errôneas relacionadas à masturbação, como a de que ela é prejudicial à saúde, e – sem envergonhar as crianças – ensiná-las sobre seus corpos, limites e privacidade de forma adequada à idade.
Estudos de diversas partes do mundo mostram que, atualmente, muitas pessoas não estão recebendo as informações e educação que precisam durante a infância e a adolescência para prepará-los adequadamente para as mudanças de vida que ocorrerão durante a puberdade ou para protegê-los de abusos e exploração. Isso os expõe a riscos significativos.
Em muitos países, por exemplo, as meninas só aprendem sobre a menstruação no dia em que começam a menstruar. Algumas ficam chocadas e assustadas quando veem seu sangue menstrual pela primeira vez. Muitos adolescentes desconhecem e estão despreparados para se proteger das infecções sexualmente transmissíveis e da gravidez indesejada. Também não estão preparados para recusar sexo indesejado de seus pares ou adultos influentes que usam pressão física ou emocional para coagi-los a atos sexuais. Por fim, não sabem onde e como buscar ajuda quando há problemas como violência, bullying ou abuso.
A educação sexual integral aborda essas lacunas, ajudando pessoas jovens – de maneira apropriada à idade – a entender seus direitos, seus corpos e emoções, a antecipar as mudanças que ocorrerão à medida que crescem, inclusive durante a puberdade e, criticamente, a saber a quem recorrer se e quando precisam de ajuda e apoio. Sem essas habilidades e informações vitais, pessoas jovens ficam vulneráveis a problemas de saúde mental e física – que podem ter repercussões duradouras – e sua segurança e bem-estar são prejudicados.
Acesso a documentos:
O link a seguir leva à publicação do Escritório Regional da OMS para Europa “Standards for Sexuality Education”. Há perguntas frequentes, desenvolvidas pela BZgA, disponíveis no link : https://www.bzga-whocc.de/fileadmin/user_upload/Dokumente/BZgA_Standards_FAQ_EN.pdf
Para a orientação global da OMS, é possível consultar o documento desenvolvido, em conjunto com outras agências da ONU, para todos os Estados Membros da OMS: https://www.who.int/publications/m/item/9789231002595
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