Dois acusados de matar advogados negam envolvimento no crime durante julgamento

Hélica Ribeiro Gomes e Cosme Lompa Tavares foram interrogados, já Nei Castelli não foi ouvido. Ao todo, 12 testemunhas prestaram depoimento e dois acusados foram interrogados. Hélica Ribeiro Gomes à esquerda, Nei Castelli ao centro e Cosme Lompa Tavares à direita
Diomício Gomes/O Popular
Contradições, choro e acusações de tortura marcaram o primeiro dia de julgamento dos três acusados de matar os advogados Marcus Aprigio Chaves e Frank Alessandro Carvalhães de Assis, em Goiânia. Hélica Ribeiro Gomes, namorada de Pedro Henrique (já condenado), foi a primeira a ser interrogada pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, seguida por Cosme Lompa Tavares. Ambos afirmaram não ter participação no crime.
O fazendeiro Nei Castelli, apontado como o mandante dos assassinatos, acompanhou os depoimentos das testemunhas, mas não foi ouvido. Ele deve ser interrogado no início da manhã desta terça-feira (31). Ao todo, 14 pessoas foram ouvidas na terça-feira (30), sendo 12 testemunhas.
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Entre as testemunhas de acusação estavam o delegado Rhaniel Almeida e dois agentes que participaram das investigações. Por outro lado, os acusados tiveram como testemunhas de defesa a mãe de Hélica e o irmão de Cosme, além de amigos do acusado.
Os dois, inclusive, afirmaram que foram torturados pelos policiais para que confessassem terem participação nos assassinatos dos advogados. Cosme afirmou que teve uma costela fraturada, além de ser submetido a sessões de espancamento e asfixia, fazendo com que ele perdesse um dente.
“Eles falavam que iria me matar. Desmaiei muitas vezes porque colocavam sacos na minha cabeça. Se eu for condenado, serei condenado por uma coisa que não fiz”, afirmou.
“Eles me bateram, chegaram a me dar uma arma e disseram para que eu atirasse contra a minha própria cabeça. Eu escutava os gritos do Cosme, mas não conseguia parar de chorar”, reforçou Hélica.
Promotores garantem participação
Os promotores do Ministério Público (MP) Geibson Cândido Martins Rezende e Spiridon Nicofotis Anyfantis, que defenderam as acusações, garantiram que há provas suficientes para incriminar a dupla. Geibson, inclusive, avaliou que o primeiro dia do julgamento foi positivo para que os acusados sejam condenados, visto que houve contradição nos depoimentos tanto de Cosme quanto de Hélica.
“A defesa não conseguiu desconstituir as provas que trouxemos. Nos debates vamos mostrar com clareza quem é o mandante, o intermediador que colaboram com o executor. Não há nada no processo que não indique ao contrário”, disse.
Spiridon, por outro lado, explica que aguarda pela condenação dos acusados, visto que as provas apontadas contra eles são “solidas”.
“Nós debates vamos mostrar todas as contradições apresentadas pelos réus, além das provas. Os réus mudam constantemente as suas versões, mas temos dois depoimentos consistentes. Acreditamos que esses depoimentos, aliados às provas, são suficientes”, contou.
Defesas buscam provar inocência
As defesas de Nei, Cosme e Hélica disseram que vão provar a inocência dos acusados. Cosme e Hélica, conforme as defesas deles, foram torturados e obrigados a assinar documentos que os incriminasse sob ameaça.
Já a defesa de Nei, porém, afirmou que houve negligência por parte da Polícia Civil (PC) em realizar uma investigação mais profunda, o que iria mostrar que o fazendeiro não foi o mandante.
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Da esquerda para a direita, advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis, em Goiânia, Goiás
Reprodução/OAB-GO
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