Dúvida sobre dívida dos EUA ofusca encontro de líderes do G7

Um impasse em Washington sobre o aumento do teto da dívida norte-americana ofuscou uma reunião dos líderes financeiros do Grupo dos Sete (G7) a partir desta quinta-feira (11), elevando os temores de uma recessão nos Estados Unidos, à medida que os bancos centrais buscam um pouso suave para a economia global.

O presidente do banco central do anfitrião Japão disse que a crise da dívida dos EUA pode ser discutida na reunião do G7, acrescentando que o grupo precisa estar pronto para responder a quaisquer repercussões do mercado.

“Tenho fé que as autoridades dos EUA farão o possível para impedir que isso aconteça”, disse Kazuo Ueda a repórteres nesta quinta-feira, quando questionado sobre a chance de calote dos Estados Unidos.

“As consequências imediatas são algo com que as autoridades dos EUA terão de lidar. Mas (o grupo G7) provavelmente examinará a situação… e responderá conforme necessário”, afirmou ele, acrescentando que as autoridades japonesas estão acompanhando de perto os acontecimentos.

Espera-se que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, enfrente perguntas de seus colegas do G7, reunidos na cidade japonesa de Niigata, sobre como Washington pretende evitar a turbulência nos mercados financeiros, já nervosos após a recente quebra de três bancos regionais dos EUA e tensões na Europa.

“Um calote ameaçaria os ganhos que trabalhamos tanto para obter nos últimos anos em nossa recuperação pandêmica. E desencadearia uma crise global que nos atrasaria muito mais”, disse Yellen em Niigata nesta quinta-feira.

O presidente norte-americano, Joe Biden, sinalizou a chance de cancelar sua viagem para a cúpula do G7 na próxima semana se o impasse da dívida não for resolvido a tempo, alertando que o fracasso em aumentar rapidamente o limite dos empréstimos permitido pelo governo dos atuais US$ 31,4 trilhões pode levar a economia dos EUA à recessão.

A crise da dívida dos EUA é uma dor de cabeça para o Japão, que neste ano é o presidente do G7 e o maior detentor mundial da dívida dos EUA.

“O G7 não será capaz de encontrar uma solução para o que é um problema puramente doméstico e político dos EUA, embora o grupo possa reafirmar sua determinação de cooperar na estabilização dos mercados no pior cenário possível”, disse Takahide Kiuchi, analista do Nomura Research Institute.

“Washington é o único responsável por consertar isso. Mas quando as coisas dão errado, todos os outros países carregam o peso.”

Os chefes financeiros do G7 se reúnem em um momento em que o aperto monetário agressivo dos EUA e da Europa começa a pesar no crescimento global e alimenta o medo de instabilidade financeira.

Após a recente falência de bancos dos EUA, o G7 discutirá maneiras de fortalecer o sistema financeiro global e combater os riscos de corridas aos bancos digitais, dizem autoridades japonesas.

As tensões crescentes entre EUA e China também obscurecem as perspectivas para a economia global, que já está sob pressão de sinais de fraqueza na China, a segunda maior economia do mundo.

Yellen disse em entrevista coletiva que Washington estava considerando a chance de impor restrições ao investimento externo para a China para conter sua “coerção econômica” contra outros países.

Os Estados Unidos esperam discutir a ideia com seus aliados do G7 na reunião desta semana, acrescentou ela.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Dúvida sobre dívida dos EUA ofusca encontro de líderes do G7 no site CNN Brasil.

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