As próteses faciais que mudaram a vida de pessoas após câncer de pele no rosto

Instituto produz gratuitamente as próteses e devolve bem-estar físico e psicológico a pacientes. O Profissão Repórter desta terça-feira (23) expôs os perigos do câncer de pele. As próteses faciais que mudaram a vida de pessoas após câncer de pele no rosto
Um tipo pouco falado de câncer de pele é o que atinge a região do rosto. Como em outros casos, a pele do local onde houve a lesão é removida e, consequentemente, são ocasionadas mutilações faciais graves.
Para tentar resolver o problema, um instituto produz de forma gratuita próteses faciais visando trazer não só qualidade estética, mas também psicológica aos pacientes.
O Profissão Repórter desta terça-feira (23) expôs os perigos do câncer de pele e apresentou os esforços para reconstruir as mutilações provocadas pela doença.
O médico Heitor Birnfeld, especialista em próteses faciais, produz próteses de boca, olhos e nariz para pacientes de câncer de pele que tiveram perdas faciais depois de removerem as lesões.
Heitor Birnfeld é médico especialista em próteses faciais para pessoas que sofreram câncer de pele
Reprodução/TV Globo
“Todos os pacientes que têm perdas faciais acabam desenvolvendo um isolacionismo. Eles ficam em casa. Alguns têm síndrome do pânico justamente porque não querem sair à rua”, conta o médico, que ressalta a importância psicológica do tratamento.
“Acho que o principal benefício além da estética do paciente é devolver o bem-estar físico e mental dele”.
LEIA TAMBÉM
Câncer de pele atinge cinco pessoas da mesma família em Santa Catarina
Enfermeira se apaixona por ex-trabalhador rural durante tratamento de câncer de pele: ‘Me pediu em namoro’
Idoso com mutilação facial causada por câncer de pele fala sobre início da doença: ‘Começou com uma feridinha’
Homem que teve melanomas trabalhou exposto a veneno em fábricas de fumo: ‘Descia de lá vomitando’
Hilário experimentou pela primeira vez uma prótese de nariz. Desde a cirurgia que removeu um câncer de pele, ele passou a usar uma máscara para esconder o rosto. Mas achou importante ser gravado pela equipe do Profissão Repórter sem o curativo.
“Eu achei que demorou muito (para tratar o câncer de pele no nariz). E perdi o órgão. Estou há um ano assim, eu me escondendo atrás da máscara, porque as pessoas querem saber o que aconteceu. Tem que ficar dando explicação. Então eu não largo a máscara, só em casa”, explica.
O médico colocou a prótese, e Hilário se animou com o que viu. Ele até começou a colocar a máscara de volta depois de colocar a prótese, mas lembrou que agora não é mais preciso esconder o rosto.
“Que maravilha. Está ótimo. Não esperava tanto resultado”, diz seu Hilário.
Seu Hilário volta a colocar a máscara depois de receber a prótese, mas a retira a seguir
Reprodução/TV Globo
Visibilidade pode conscientizar
Flávia Maioli, fundadora do Instituto Camaleão, que produz as próteses de graça, acredita que elas não trazem apenas mais qualidade de vida, mas também uma visibilidade importante para pessoas com câncer de pele que sofrem mutilações faciais.
“Significa muito. As pessoas não sabem que o câncer de pele pode causar uma mutilação facial, e a gente não vê esses pacientes, então eles ficam invisíveis. Acho que mostrar o caso dos pacientes com mutilação facial é o primeiro passo que a gente está dando para ir atrás de políticas públicas para esses pacientes”, diz Flávia.
Desde 2019 o Instituto Camaleão atendeu de graça 100 pacientes com mutilações graves provocadas pelo câncer de pele.
“Agora dá para tirar fotos com a comadre, com minha família, com meus filhos, meu marido. Graças a Deus voltar às minhas rotinas de fotos, né”, diz a dona de casa Andreia da Silva.
Andreia da Silva recebeu uma prótese após ter câncer de pele no nariz
Reprodução/TV Globo
Breno luta contra um câncer de pele há 20 anos e também recebeu a nova prótese facial. Ele teve uma mutilação entre a testa e o olho esquerdo.
“Ficou bom. Pareço comigo mesmo mais novo”, diz o paciente.
Heitor realiza o trabalho voluntário no Instituto Camaleão há cinco anos. E acredita que o seu trabalho, que é alinhado à ONU, não desenvolve só a estética, mas também a saúde mental dos pacientes.
“Para mim é um crescimento grande espiritual, porque eu gosto muito de tratar as pessoas, eu sou um humanista. Eu tenho generosidade, eu faço por caridade, mas faço porque as pessoas precisam. E se eu tenho conhecimento, acho que é uma responsabilidade minha desenvolver o conhecimento e aplicar em quem precisa”, diz o especialista em próteses.
Seu Breno trata um câncer de pele há 20 anos
Reprodução/TV Globo
Breno comemorou o resultado da prótese facial que passou a utilizar.
“O que eu vou fazer agora? Vou abraçar o seu Heitor. Muito obrigado, o senhor me tratou muito bem. Barbaridade!”.
Seu Breno abraça o médico Heitor Birnfeld em agradecimento
Reprodução/TV Globo
Veja a integra do programa abaixo:
Edição de 23/05/2023

Adicionar aos favoritos o Link permanente.