Fed mantém juros dos EUA na faixa de 5,25% a 5,50% e diz esperar maior ‘confiança’ para iniciar cortes

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Referencial permaneceu inalterado pela quarta reunião consecutiva. Juros do país seguem no maior patamar desde 2001. Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA.
REUTERS/Joshua Roberts
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve os juros do país inalterados nesta quarta-feira (31), em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A medida já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em dezembro.
Ao publicar a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) afirmou que não considera apropriado reduzir o intervalo de juros até que tenha “maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%”, a meta do Fed.
Atualmente, a inflação oficial dos Estados Unidos está em 3,4% no acumulado de 12 meses — dados fechados de 2023. A afirmação do comunicado sobre a inflação foi reforçada pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista a jornalistas após o anúncio.
“Temos confiança, mas queremos ter mais confiança de que o arrefecimento dos dados de inflação está enviando um sinal verdadeiro”, disse Powell.
Por outro lado, o Fed sinalizou uma possível redução da taxa básica caso a inflação continue caindo nos próximos meses. Nesse sentido, o Fomc citou que os riscos de emprego e inflação estão “evoluindo para um melhor equilíbrio”. (leia mais abaixo)

O colegiado também informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do país “tem se expandido em um ritmo sólido”.
A afirmação representa uma atualização frente ao último comunicado, em dezembro. Na ocasião, o colegiado havia destacado a desaceleração da atividade “em relação ao ritmo forte registrado no terceiro trimestre” de 2023.
Outra mudança está na citação sobre o sistema bancário dos Estados Unidos. Desde a quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank e da crise enfrentada pelo First Republic Bank, em meados de março do ano passado, o Fomc vinha reforçando em suas decisões que o sistema bancário dos EUA é “sólido e resiliente”. Nesta quarta, o trecho foi excluído do comunicado.
O colegiado também reafirmou que a inflação segue elevada nos Estados Unidos, mas reconheceu que a taxa “diminuiu no último ano”.
Mercado de trabalho e inflação
Nesta quarta-feira, o Fomc voltou a mencionar que os ganhos no emprego foram moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, e que a taxa de desemprego permaneceu baixa.
O Fed tem monitorado de perto o mercado de trabalho e seus reflexos na inflação. Na prática, um mercado aquecido gera mais vagas de emprego, mais contratações e aumentos salariais — o que tende a injetar mais dinheiro na economia e, assim, aumentar a inflação.
“O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo”, continuou o Fomc no comunicado, destacando que considera que “os riscos para a conquista dos seus objetivos de emprego e inflação estão evoluindo para um melhor equilíbrio”.
“As perspectivas econômicas são incertas e o Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação”, afirmou.
“Além disso, o Comitê continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente”, concluiu.
Reflexos dos juros norte-americanos
Os juros em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.
No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
No Brasil, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será divulgada ainda nesta quarta.
A maior parte do mercado aposta em uma nova redução da taxa básica de juros (Selic), em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

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