Senadores americanos cobram explicações das redes sociais sobre os riscos para crianças e adolescentes

Dezenas de mães e pais de crianças que morreram por causa de incidentes diretamente ligados às redes sociais estavam na sala do Comitê Judiciário, quando os representantes da Meta, TikTok, Snap, X – ex-Twitter – e Discord entraram. Executivos das maiores redes sociais do planeta prestam depoimento ao Senado dos Estados Unidos
No Congresso dos Estados Unidos, senadores ouviram nesta quarta-feira (31) os cinco líderes das maiores redes sociais.
Dezenas de mães e pais de crianças que morreram por causa de incidentes diretamente ligados às redes sociais estavam na sala do Comitê Judiciário, quando os representantes da Meta, TikTok, Snap, X – ex-Twitter – e Discord entraram.
Os senadores democratas e republicanos, em uma rara demonstração de união, questionaram os executivos durante quatro horas sobre preocupações de que as redes sociais tenham colocado crianças e adolescentes em perigo.
“Senhor Zuckerberg, eu sei que não é intencional, mas o senhor tem sangue nas mãos”, disse o senador republicano Lindsay Graham.
Ele comparou a necessidade de regulamentar as redes sociais com a decisão do governo, décadas atrás, de regulamentar cigarros e armas. E lembrou: “Seus produtos matam pessoas, mas vocês não podem nem ser processados”.
O também republicano Ted Cruz mostrou uma mensagem que aparece aos usuários do Instagram quando buscam imagens de crianças em situação de abuso sexual.
“Vocês dão duas opções: ver as formas de denunciar as imagens ou simplesmente continuar e ver os resultados da busca. Senhor Zuckerberg, que diabos você estava pensando?”, questionou.
“Bom, senador, talvez a mensagem tenha aparecido por um erro nosso”, respondeu Zuckerberg.
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A maior parte das perguntas foi direcionadas ao fundador do Facebook, mas pelo menos um senador também questionou o presidente do TikTok sobre retenção de dados pessoais e as ligações da empresa com o Partido Comunista chinês.
Já Evan Spiegel, chefe-executivo do Snap, dono do Snapchat, foi informado de que na plateia havia pelo menos dois pais de jovens que morreram de overdose depois de comprarem drogas pela rede social. Spiegel se desculpou pela empresa:
“Lamento não termos conseguido evitar estas tragédias”.
Pressionado pelo senador Josh Hawley, Mark Zuckerberg também se dirigiu aos pais das vítimas:
“Desculpe por tudo que vocês passaram. Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram”.
Na plateia estava Frances Haugen, uma ex-funcionária do Facebook que divulgou pesquisas internas da empresa que mostram que os filtros oferecidos pelo Instagram podem prejudicar a imagem que os adolescentes tem de si mesmos.
Os senadores falaram repetidamente que é preciso modificar a Lei das Comunicações para permitir que as redes sociais possam ser legalmente responsabilizadas pelo conteúdo postado por seus usuários – desta forma, as vítimas de exploração online poderão buscar justiça – e lembraram que milhões de crianças americanas com menos de 13 anos têm perfis nas redes sociais, apesar disso ser ilegal nos Estados Unidos.
Por fim, o presidente do comitê, o democrata Dick Durbin, perguntou:
“O que vale mais: a tecnologia ou a vida humana?”
E lembrou:
“Em nenhum momento da bela historia do país, uma indústria levantou o braço e disse: ‘Sim, por favor, regule nosso produto, por favor’. Mas os americanos contam com o Congresso para fazer exatamente isso”.

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