Antechinus: o marsupial australiano que chega a fazer 14 horas de sexo

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Durante a época de acasalamento, macho sacrifica horas de sono para copular com o maior número possível de fêmeas. Quando termina, está exausto. Alguns morrem, e sua carne serve de alimento para os filhotes e a fêmea. Vale tudo pela reprodução: os antechinus machos sacrificam boas horas de sono
Erika Zaidpicture alliance/dpa/Cell Press
Dormir é fundamental para os animais. A falta de descanso pode provocar problemas sérios de saúde, confusão mental e até a morte – não é à toa que a privação de sono é usada como método de tortura. Mas parece que um animal da Oceania sacrifica o sono em troca de sexo.
É o que os cientistas descobriram ao observar os machos do gênero antechinus, marsupial das florestas costeiras da Austrália, que durante o período de acasalamento “ficam viciados em sexo” e deixam o sono de lado para se dedicarem ao ato.
O artigo, publicado recentemente na revista científica Current Biology, reporta a surpreendente descoberta biológica, que provavelmente tem relação com a seleção natural e é a primeira a documentar esse tipo de restrição de sono em um mamífero terrestre.
Usando uma combinação de técnicas, mostramos que os machos perdem horas de sono durante o acasalamento, e que em uma das etapas reduz até pela metade.
“Nos seres humanos e em outros animais, restringir a quantidade normal de sono leva a um desempenho inferior quando se está acordado e o efeito piora noite após noite, mas os antechinus fazem exatamente isso: dormem três horas a menos por noite, todas as noites, durante três semanas”, ressalta a pesquisadora.
Dormir menos traz vantagem?
No estudo pioneiro, os pesquisadores usaram acelerometria para rastrear os movimentos de cerca de 450 marsupiais do gênero, além de medições eletrofisiológicas e metabólicas para quantificar o quanto os animais dormiam.
Os autores sugerem que esses animais podem obter algum tipo de vantagem por dormirem menos durante o período de acasalamento ou que aceitam a inconveniência de ficarem acordados para aumentar as chances de reprodução.
Segundo especialistas, reduzir o sono pode ser uma forma de adaptação quando a necessidade de reprodução “é extrema”.
Na verdade, é surpreendente que eles não sacrificam ainda mais sono durante a estação de reprodução, já que, de qualquer forma, vão morrer em breve.
Morte trágica e canibalismo
Os antechinus também são raros em outros aspectos.
Os machos só se reproduzem uma vez durante toda a breve vida de menos de um ano.
Já as fêmeas podem viver dois anos e têm mais oportunidades de reprodução.
A equipe de pesquisa também descobriu que, na época de acasalamento, os machos competem pelo maior número de fêmeas para maximizar seu sucesso reprodutivo, motivo pelo qual chegam a fazer 14 horas de sexo com diferentes pares.
Os machos têm apenas uma chance durante um único período de acasalamento de três semanas.
No entanto, todo esse esforço tem consequências: após o período de acasalamento, os machos monitorados desenvolveram lesões na pele, perda de pêlo e diminuição do desempenho quando acordados.
Alguns morrem logo após a única, curta e intensa temporada de acasalamento.
Mas sua morte também tem outra função: os filhotes e as fêmeas usam os restos mortais do macho como fonte de alimento.
Mais resistentes ao sono dos que os humanos?
O estudo não esclarece o que faz com que alguns machos morram após a temporada de reprodução, embora os pesquisadores não acreditem que isso se deva apenas à perda de sono.
A cada dez machos, apenas dois morreram depois logo depois do acasalamento, e eles não eram os que dormiram menos.
🚨 Os cientistas também querem saber mais, também, sobre como os antechinus lidam com a perda de sono, que chega a um nível que faria com que os humanos agissem como se estivessem intoxicados ou drogados.
Em estudos futuros, a equipe espera descobrir se esses animais são mais resistentes ao sono do que os humanos ou se eles “simplesmente continuam” instintivamente.
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