Imprensa internacional repercute escândalo no futebol brasileiro após manipulação de resultados com esquema de apostas

Crimes viraram notícia em pelo menos nove países de três continentes. Esquema foi descoberto pelo Ministério Público de Goiás após denúncia do presidente do Vila Nova. Reportagem do The Washington Post com o presodente do Vila Nova – Goiás
Reprodução/The Washington Post
O esquema de manipulação de jogos no Brasileirão da Série A e B, além dos campeonatos regionais, repercutiu não só nacionalmente, como internacionalmente. O g1 identificou que jornais de pelo menos nove países de três continentes noticiaram os crimes que vieram à tona após operação do Ministério Público de Goiás (MP), que tomou conhecimento do escândalo a partir de uma denúncia do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo.
Conforme apurado pelo g1, o esquema foi noticiado por veículos de comunicação de grande alcance internacional, como o jornal americano The Washington Post e o site espanhol AS, que é especialista em coberturas esportivas. A manipulação de jogos também virou notícia na Itália, Grécia, Inglaterra, Alemanha, França, Arabia e China.
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Reportagem do site AS – Goiás
Reprodução/AS
O jornal AS, por exemplo, afirmou que “a máfia do jogo abala o Brasil”. A reportagem explica que “vários jogadores da primeira e segunda divisão do futebol brasileiro têm colaborado para que várias apostas sejam realizadas em suas partidas”.
O The Washington Post, que entrevistou Hugo Jorge, diz que: “presidente de clube brasileiro que ajudou a desvendar suposto escândalo de manipulação de resultados não se arrepende”. Os times goianos também são lembrados por outros jornais como o PKFoot, da França. O site, inclusive, cita uma partida entre Goiás e Goiânia pelo campeonato estadual, onde o lateral esquerdo Denner Barbosa “piorou a derrota do time visitante no primeiro tempo”.
Reportagem do site PKFoot – Goiás
Reprodução/PKFoot
Manipulação
O MP apura a manipulação de jogos no futebol brasileiro envolvendo jogadores. Estão sob investigação partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de confrontos dos estaduais deste ano. No último dia 10, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que o esquema será investigado pela Polícia Federal (PF).
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
MP denunciou sete jogadores por manipulação no futebol, Goiás
Montagem/g1 Goiás
O que está sendo investigado
Os casos investigados envolvem pagamentos em dinheiro para os jogadores fraudarem situações de jogo. Entre elas, punições com cartões amarelo ou vermelho e a marcação de pênaltis.
Bruno Lopez de Moura, apostador detido na primeira fase da operação, é visto pelo Ministério Público como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.
O MP-GO pede a condenação do grupo envolvido na manipulação, além do ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos. Pelo menos 20 partidas estão sendo analisadas pelo MP.
Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima
Divulgação/MP-GO
Como funcionava o esquema
Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time.
Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.
Quem são os réus
A Justiça tornou réus 16 pessoas supostamente envolvidas na manipulação de resultados de partidas de futebol, entre jogadores e apostadores. O Ministério Público aponta que 23 fatos criminosos aconteceram durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis.
Jogadores que já viraram réus:
Eduardo Bauermann (Santos)
Gabriel Tota (Ypiranga-RS)
Victor Ramos (Chapecoense)
Igor Cariús (Sport)
Paulo Miranda (Náutico)
Fernando Neto (São Bernardo)
Matheus Gomes (Sergipe)
Réus apostadores e membros da organização:
Bruno Lopez de Moura
Ícaro Fernando Calixto dos Santos
Luís Felipe Rodrigues de Castro
Victor Yamasaki Fernandes
Zildo Peixoto Neto
Thiago Chambó Andrade
Romário Hugo dos Santos
William de Oliveira Souza
Pedro Gama dos Santos Júnior
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