O mercado de US$ 69 bilhões que atraiu o criador de uma das principais redes de academia do Brasil

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Do uso de pesos e halteres para procedimentos dermatológicos. Esse é o percurso que o empreendedor pernambucano Nelson Lins, de Recife, está trilhando em sua jornada empresarial.

Ele é o criador da Selfit, uma das maiores redes de academias do país, com presença em todo o Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Atualmente, a empresa registra um faturamento superior a 170 milhões de reais, sob uma gestão compartilhada com o fundo de investimento HIG, que injetou 500 milhões de reais na operação em 2016.

Naquela época, Lins decidiu que era o momento de arriscar novamente, retornando às raízes empreendedoras. Ele voltou os olhos para um mercado associado à saúde e ao bem-estar, semelhante ao das academias, que começava a se destacar no Brasil: o setor de tratamentos estéticos.

A aposta foi certeira. Segundo dados da The Brain Insights, o segmento de procedimentos estéticos foi avaliado em 69,5 bilhões de dólares em 2022 e espera-se um crescimento anual de 10,4% até 2032. Isso significa que em menos de 10 anos, o setor será avaliado em 187,2 bilhões de dólares. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esse mercado já movimenta mais de 50 bilhões de reais, colocando o Brasil como o quarto maior consumidor mundial de estética.

Foi assim que, em 2020, Lins fundou a Face Doctor, uma rede especializada em tratamentos estéticos corporais e faciais. Atualmente, a empresa conta com 100 lojas abertas e outras 50 em processo de abertura. Em 2023, o faturamento atingiu a marca de 130 milhões de reais. A meta para o ano atual é dobrar de tamanho, alcançando um faturamento de 300 milhões de reais.

“Queria realizar em três anos na Face Doctor o que levei uma década na Selfit”, afirma Lins. “Estudei tudo que deu certo na academia, os mercados mais promissores, os locais de operação com melhores resultados e fui em frente. Precisava de um negócio rentável para os franqueados.”

Parece que conseguiu, pelo menos se alcançar a meta de 300 lojas da Face Doctor até o final do ano. Na Selfit, são 108 operações, incluindo franquias próprias.

A trajetória de Nelson Lins

A carreira de Lins começou ajudando clientes no autoatendimento do Bradesco em uma agência em Recife. Gradualmente, ele subiu até se tornar gerente da operação, mas começou a se incomodar com as limitações inerentes às grandes operações. “Percebi que se eu criasse algo para mim, poderia ter um projeto sem as limitações do organograma de um banco”, diz. “Sempre tive o espírito empreendedor.”

Foi nesse momento que, ainda na gerência do banco, decidiu criar um modelo de negócio e apresentá-lo ao Banco do Brasil, que na época tinha um programa de crédito com taxas subsidiadas para pequenos empreendedores. O negócio proposto era uma rede de academias.

O projeto foi aprovado, e Lins conseguiu um empréstimo de 200.000 reais em 2009. Nesse ano, inaugurou sua primeira academia na zona norte de Recife, em um bairro popular. O empreendimento foi bem-sucedido e operou por quatro anos, até que o empresário reestruturou o negócio com foco em academias de baixo custo, conhecidas como low cost, com mensalidades de 49 reais.

“Com a low cost, o negócio expandiu. Em pouco tempo, já tínhamos cinco unidades”, relata.

No final de 2015, o fundo de private equity HIG investiu 500 milhões de reais na empresa, auxiliando na expansão do negócio, que hoje conta com uma gestão profissionalizada e planos para abrir o capital. São 108 unidades, com oito novas inaugurações apenas em janeiro.

A origem da Face Doctor

Após o investimento, Lins permaneceu no comando da rede de academias por um tempo, até iniciar um processo de transição que o levou a integrar o conselho de administração, afastando-se da execução diária da operação.

Durante esse movimento, o empresário voltou a pesquisar mercados em busca de oportunidades. E encontrou no setor de estética o campo perfeito para alavancar seus negócios.

“Foi quando observei que, no segmento de estética, existiam excelentes profissionais, mas com pouca experiência em gestão, marketing, contabilidade, vendas e liderança”, destaca. “Para mim, ficou claro que, se eu criasse um modelo de negócio pronto para esses profissionais, haveria uma oportunidade promissora.”

Foi exatamente o que ele fez. Desenvolveu um modelo de negócio baseado na marca Face Doctor para oferecer a profissionais interessados em empreender no setor de estética. Para estruturar esse modelo, ele se apoiou nos aprendizados adquiridos na Selfit.

“São públicos correlacionados, pois é o mesmo público que se preocupa com a academia”, explica.

Atualmente, a Face Doctor já ultrapassou 150 unidades, com 100 em pleno funcionamento e outras 50 programadas para abrir nos próximos três meses. No ano passado, o faturamento atingiu 130 milhões de reais, e a expectativa é que esse valor dobre até o final deste ano.

“Chega um momento em que não é possível dobrar de tamanho constantemente; o crescimento se torna desafiador”, afirma Lins. “Mas ainda temos uma demanda reprimida significativa de novos franqueados. Registramos aproximadamente entre 10 e 20 novas vendas de franquia por mês. Ou seja, o mercado continua aquecido.”

A longo prazo, o plano é ter quase 1000 unidades da Face Doctor em todo o Brasil. Entre os serviços oferecidos pela empresa estão Botox, preenchimentos, lipo de papada, skinbooster, microagulhamento e mesoterapia capilar.

Os futuros planos da Face Doctor

Para 2024, há planos em andamento para aumentar o faturamento não apenas com novas lojas, mas também com as operações existentes. Uma das estratégias é uma parceria com a atriz Cláudia Raia, a nova garota propaganda da marca. Segundo Lins, a empresa está em negociações para desenvolver uma linha de produtos para a pele em colaboração com a artista. Se concretizado, será uma nova forma de impulsionar as receitas.

“Não queremos aumentar apenas o número de unidades, mas também as vendas”, destaca. “Uma unidade que faturava 100.000 reais no início por mês agora fatura cerca de 500.000 reais por mês. Isso se deve à crescente força da marca.”

Fonte: Exame

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