Na Patagônia, Andressa Masetto busca conhecimentos em paleontologia

Ela foi sozinha até Ushuaia, no sul da Argentina, e está visitando museus e buscando informações na área de paleontologia.

Vulcão Lanín e lago Huechulafquen, San Martin de Los Andes, Argentina.

JdeB – A beltronense Andressa Masetto, 35 anos, formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Realeza, e mestre em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria (área de museus de Paleontologia) encarou um desafio cultural, de lazer e turismo. Depois de meses de preparação, ela decidiu encarar viagem até Ushuaia, na Terra do Fogo, na divisa entre Argentina e Chile. Em entrevista ao Jornal de Beltrão ela relatou como está a viagem, a superação do medo e os contatos que tem feito.

Andressa é filha de Umbelina Masetto e Ladir Masetto (em memória) e irmã do Elton Masetto. Encarou sozinha a viagem pela América do Sul como mochileira. “Essa viagem já estava sendo pensada há muitos anos, mas com a universidade (graduação e mestrado), trabalho e depois a pandemia, fui estendendo seu início. Até que em maio de 2022, decidi que já era a hora de ir. Nesse momento já trabalhava home office com criação de conteúdo para redes sociais, comecei a trabalhar com limpeza de casas e nos sábados pela manhã que conseguia ia vender CriCri na praça central, tudo para juntar dinheiro para essa viagem”, conta.

Dia 12 de janeiro saiu de Beltrão rumo a Ushuaia para visitar uma amiga, seria uma viagem de um mês. Ela passaria por Buenos Aires, La Plata e Trelew, e nessas cidades visitaria os museus de Paleontologia e se possível colaboraria com os profissionais desses lugares e depois seguiria até a cidade do fim do mundo, pela Ruta 3, de trem e de ônibus.

Andressa ressalta que quando chegou em Buenos Aires, avisou um amigo argentino que é geólogo, de que estava em seu país. Este amigo a convidou para ir à cidade de Neuquén, no Norte da Patagônia, para visitá-lo e colaborar com  Parque  Geo-paleontológico Proyecto Dino, Lago Barreales. “Lá, realizei trabalhos de escavações, preparação de fósseis, organização da exposição do museu e documentações da coleção, e da gravação para dois documentários, um para uma rede de televisão japonesa e uma francesa. O parque é uma referência mundial por várias descobertas importantes como o dinossauro Futalongnkosaurus dukei, de 32 a 34 metros de comprimento e 18 metros de altura”, relata. Esta espécie de dinossauro viveu há aproximadamente 93,5 milhões de anoa e o exemplar encontrado é um dos mais completos já encontrado no mundo.

Segurando a mandíbula do dinossauro Giganotosaurus carolinii, no Parque Geo-paleontológico Proyecto Dino, Lago Barreales, Neuquén, Argentina.

Museus pelo caminho

A viagem continuou a partir do início de fevereiro e Andressa foi conhecendo alguns museus pelo caminho, como em Plaza Huincul, Zapala e Bariloche, passou por San Martin de Los Andes, El Bolsón, El Calafate, ficou um mês em Punta Arenas, no Chile, onde trabalhou em um hotel e no início de abril chegou em Ushuaia, famosa cidade do fim do mundo. “Todo esse percurso optei por ir de ônibus “, diz a beltronense. 

Andressa ficou impressionada com a vista proporcionada pela Ruta 40. “A paisagem da Ruta 40 é linda, em momentos é campo onde é possível ver os guanacos e em outros momentos as cordilheiras dos Andes, chegando ao Ushuaia se anda em cima das cordilheiras. Desde Bariloche o clima já começa a mudar, fica mais frio, a Patagonia tem um vento muito forte, o que faz com que a sensação térmica seja mais fria.” A Ruta 40 começa no Sul – na Patagônia – e estende até o extremo Norte da Argentina. É uma das rodovias cênicas do mundo, segundo o Wikipedia.

Cerro Campanário em Bariloche, Argentina.

Mudança de paisagem

No Ushuaia já começou a nevar na cidade, já que nas montanhas nessa época neva todas os dias. A paisagem também já mudou, as folhas das árvores já estão douradas, com partes de um vermelho bem escuro. O frio é intenso, principalmente se depois da neve, começa vento ou chuva, relata a pesquisadora.

Dia 16 de abril, saiu de Ushuaia com destino a cidade de Neuquén, onde ficara alguns meses colaborando novamente com o Parque  Geo-paleontológico Proyecto Dino. Desta vez a viagem foi pela Ruta 3 (Costa Argentina), com paisagem de campos e mar. “Optei por pegar carona, depois de quatro dias, e três caronas diferentes, cheguei em Neuquén na quarta-feira, dia 19 de abril. É normal viajar de carona pela Patagônia da Argentina, os motoristas são atenciosos, cuidadosos e respeitam muito as pessoas. Me senti muito segura viajando com eles, em nenhum momento me desrespeitaram ou algo do tipo, a maioria está acostumada a dar carona aos mochileiros, principalmente as mulheres”, conta a beltronense.

Ushuaia o último ponto do continente da América do Sul.

Vencendo o medo

Andressa diz que não teve dificuldade em castelhano e que a viagem está servindo para superar possíveis medo e melhorar a espiritualidade. “No início pensava que os principais motivos para essa viagem, eram visitar minha amiga no Ushuaia e conhecer alguns museus de Paleontologia e melhorar o castelhano, já que, há tempos venho estudando o castelhano, assim que não tive muitas dificuldades no início. Porém, com o passar dos dias, me senti tão acolhida e instigada a superar meus medos e preconceitos, como viajar de carona. Assim que, a viagem transcendeu para um encontro comigo mesma, com minha espiritualidade, além de, todas as surpresais.”

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