Internações por câncer de pele sobem 24% na região de Piracicaba; veja alertas e como prevenir

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Fatores como mudanças climáticas, aumento na eficiência da rede de saúde e hereditariedade influenciam na incidência da doença, diz especialista. Saiba as principais medidas para se proteger e quando se preocupar com algum sinal na pele. Dermatologista durante exame de pele de paciente
Cedida/AI
O número de internações de pacientes com câncer de pele na área da Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba (SP) aumentou 24,3% na comparação entre 2022 e o ano passado. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
De acordo com a pasta, em 2023, foram registradas 817 internações na área da DRS. Em 2022 foram 657 internações para tratamento da doença na região.
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O DRS de Piracicaba abrange as cidades de Águas de São Pedro, Analândia, Araras, Capivari, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Ipeúna, Iracemápolis, Itirapina, Leme, Limeira, Mombuca, Piracicaba, Pirassununga, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Cruz da Conceição, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra e São Pedro.
A seguir, em perguntas e respostas, entenda possíveis causas para o aumento, consequências do câncer de pele, quando a pessoa deve ligar sinal de alerta sobre sintomas e quais os meios de prevenção. As informações são da coordenadora da área de dermatologia dos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) Bourroul e Barradas, Bhertha Tamura:
O que pode ter levado ao aumento? 📈
Uma das causas, segundo Bhertha, é a perda da camada de ozônio devido às mudanças climáticas.
“Abre um espaço para que os raios solares realmente penetrem com mais intensidade. E as pessoas que não estiverem preparadas podem sofrer um pouco mais”.
No entanto, segundo ela, é difícil você determinar que isso seria o único problema de aumento da incidência de câncer por causa das particularidades no sistema de saúde.
“Campinas e Piracicaba acabam sendo uma uma região de referência para drenagem de pacientes com quadros mais sérios de tumor de pele […] Então, a referência do local como sendo um lugar bom para fazer o tratamento de câncer de pele, às vezes, acaba levando a esse percentual que é diferente dos demais locais”, aponta.
Segundo ela, o fato da estrutura de saúde ter melhorado ao longo dos anos também influencia. “Sendo de referência, eles conseguem internar o paciente para tentar fazer um tratamento curativo […] Quando você tem condições, você consegue resolver o problema, a taxa de internação pode aumentar”.
Há pessoas com maior risco de ter a doença? 🔴
Bhertha aponta a influência da hereditariedade. “Na dermatologia, a gente classifica os tipos de pele pela cor de 1 até 6. Então, quando o paciente nunca bronzeia, ele só fica vermelho, vira um pimentão mas não fica bronzeado, ele é tipo 1. Se você for considerar hereditariedade, os pacientes que têm a pele super branca vão ser sujeitos a maior números de câncer de pele porque eles têm menos proteção natural”.
Ela acrescenta que também existem algumas doenças raras que fazem com que a pessoa venha a ter mais predisposição ao tumor de pele. “E isso também tem a ver com a parte genética. Então, não dá para desconectar a hereditariedade das estatísticas de câncer de pele”.
Quais são as consequências do câncer de pele? 🚑
Bhertha explica que o câncer mais comum do ser humano é o carcinoma basocelular, que aparece na pele. “Quando você descobre rápido, você consegue operar e curar o paciente. Agora, se deixar muito tempo esse tumor, ele vai penetrando através dos terminais nervosos e vai aumentando o tamanho”, explica.
Veja os tipos de câncer de pele
Arte/TV Globo
“São raros os casos de metástase – quando ele se espalha pelo corpo -, mas eles existem. O ideal é tratar enquanto ele está localizado, não deixar ele crescer demais para não penetrar nas estruturas”.
Outro tipo de câncer é o espinocelular. “Esse câncer está ligado a várias feridas pré-cancerígenas que a gente consegue avaliar se o paciente vier precocemente e fazer o tratamento antes que se transforme num carcinoma espinocelular. O espinocelular já é um pouco mais complicado. Ele avança localmente, mas se deixar abandonado ele manda a metástase para outros órgãos internos”.
A profissional alerta que o melanoma é considerado um dos mais agressivos tumores do ser humano.
“Quando se faz o diagnóstico do melanoma, ele tem que ser super rápido porque mesmo que ele seja pequeno, ele já pode estar querendo mandar a metástase pros linfonodos, que são os gânglios perto da região onde drena as células malignas, e passar para outros órgãos internos com muito mais rapidez e agressividade do que os outros cânceres”.
Que sintomas devem servir de alerta? 📢
A dermatologista detalha que o carcinoma basocelular aparece como se fosse uma pequena espinha, com vasinhos na ponta e quando a pessoa machuca o local, ele sangra fácil.
“Sangra fácil e nunca cicatriza. Ele começa a crescer lentamente e sempre vai ter essa história de que bateu, mexeu e sangrou, depois retornou. Essa história mais crônica, mais lenta. Já o espinocelular pode já começar de uma forma um pouco mais agressiva, com cascas”, explica.
Esses casos são mais sérios e têm de ser tratados mais rapidamente.
Já o melanoma pode ser relacionado ao sol ou não. “Esse melanoma é uma pinta preta que aparece, às vezes a pessoa não percebeu, depois começa a crescer um pouquinho mais rápido, mas a gente fala assim: quando você tem uma pinta negra maior que cinco milímetros que tá crescendo ou tá com coceira, sangrou, ele tá incomodando, ele pode ser um melanoma”, alerta.
A especialista ressalta que feridas que não curam e sangram têm de ser avaliadas o mais rápido possível. “Quando a gente consegue determinar que é um tumor de pele, nós conseguimos tratar e curar o paciente quando a gente pega na fase inicial. Então, é fundamental isso”.
Dermatologista alerta que o protetor solar deve ser adequado ao tipo de pele e exposição ao sol
Fabio Rodrigues/g1
Quais são as principais medidas preventivas? 🛡
Bhertha elenca uma série de medidas que a população pode adotar para evitar a doença e dá algumas dicas para que elas de fato sejam efetivas:
Atenção ao horário do dia: O ideal é não se expor ao sol no pico dele, depois das 10h e antes das 16h. Ela conta que existem aplicativos que informam índice de incidência solar na região da pessoa.
Usar sempre proteções na vestimenta: Utilizar chapéu, boné e roupas. “Hoje, existem roupas de proteção solar de manga comprida. Crianças, hoje, você vê com mais frequência utilizando maiôs com manga comprida. Os pais estão bem mais conscientes”, relata.
Não passe o protetor solar de última hora: Bhertha alerta que não adianta passar o protetor solar e já sair ao sol. “Você tem que passar o protetor solar e aguardar uns 20 minutos antes de se expor ao sol, para que toda a parte química desse protetor solar penetre na pele e realmente ele faça a ação de proteção plena dos raios solares”.
Atenção ao FPS do protetor: Ela diz que a pessoa deve usar um protetor com fator de proteção solar (FPS) adequado para a pele dela e ao tipo de exposição que vai ter. “Um paciente que tem uma pele morena, que não vai sair em um sol muito intenso, que não tem história familiar de câncer, ele pode utilizar um produtor solar 30, por exemplo. Mas um paciente que já teve história de alguma lesão, uma ferida pré-cancerígena, que é extremamente branco, que vai se expor ao sol obrigatoriamente num horário de pico, nós vamos orientar utilizar protetor solar com FPS 60 para cima”. Ela alerta que consultas com dermatologista são fundamentais para definir isso.
Protetor é para todas as idades: A profissional alerta que protetor solar não é só para idosos. “É para todas as idades, inclusive criança. O carcinoma basocelular e espinocelular não é frequente em criança, mas o melanoma, por exemplo, ele pode aparecer em crianças. Então, a avaliação dermatológica tem que ser feita para todas as idades”.
A dermatologista ainda diz que não há desculpas para quem diz que não gosta de usar protetor por ser muito oleoso, escorrer nos olhos ou ser “melequento”. Segundo ela, não são válidas essas desculpas devido às várias formulações que já existem no mercado.
“Tem as soluções mais aquosas que são mais agradáveis para o homem; tem soluções com hidratante, que que às vezes o paciente possui uma certa oleosidade, mas tem a pele desidratada; e existem até protetores solares com antirradicais livres, com a intenção de melhorar o foto envelhecimento. Então a orientação correta, ela é fundamental, porque o paciente pode investir na coisa certa”, finaliza.
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