O que se sabe após uma semana do desabamento das sacadas de prédio em Belém

Completando uma semana do desabamento das 13 sacadas do Edifício Cristo Rei, no bairro da Cremação, em Belém, o Portal Roma News separou as principais informações que foram divulgadas pelas autoridades competentes, durante essa semana, que apontam a possível causa do que teria provocado o incidente.

Começamos relembrando o fato que assustou os moradores do edifício Cristo Rei e região, virando destaque nacional nos principais jornais do país.

Relembre o caso

Era por volta de 12h do último sábado, 13, quando as sacadas do edifício localização na rua dos Mundurucus, entre Generalíssimo Deodoro e Quintino Bocaiuva, desabaram e assustaram moradores da região.

Segundo relatos de moradores próximos ao edifício, uma suposta explosão foi ouvida, porém, negada após o início das investigações.

Uma pessoa que passou pelo local minutos antes, afirmou que por pouco não foi atingido pelos escombros das sacadas. Vídeos do momento foram divulgados na web e logo a notícia foi amplamente divulgada pela mídia.

De imediato, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará foi acionado, assim como a Defesa Civil, para prestar apoio no incidente. No mesmo dia foi confirmado que não houve vítimas e nem feridos, apenas danos materiais.

Área isolada

O Corpo de Bombeiros isolou a área assim que chegaram no local para atender o ocorrido, de imediato foram feitas buscas de possíveis vítimas e a evacuação do edifício, no intuito de preservar as vidas dos moradores caso a estrutura do edifício estivesse comprometida. No mesmo dias, dois gatinhos foram retirados dos escombros e foi confirmado que não havia nenhuma vítima ou pessoa ferida com o incidente. Vídeos divulgadas na internet mostram o momento do resgate dos animais e de um casal de idosos que estavam no prédio, comovendo internautas com a situação.

Defesa Civil

No mesmo dia a Defesa Civil foi acionada e começou a avaliação estrutural do prédio, para identificar outros possíveis desabamento. Que felizmente não ocorreram.

Suspeitas iniciais

Apos o desabamento, várias suspeitas foram levantadas, desde uma possível explosão provocada por um vazamento de gás até uma possível obra realizada na cobertura do edifício, especulada pelos próprios moradores.

Tudo foi negado após uma divulgação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA) que informou não haver ligação do desabamento com as possíveis causas.

Trânsito na Área

Logo após o desabamento o trânsito na área foi interrompido para a realização dos trabalhos das autoridades, que estavam em busca de possíveis vítimas. Desde então o trânsito seguiu sendo controlado e motoristas receberam orientações da Secretaria Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) até o final da última quarta-feira, 17, quando foi realizado os serviços para a retirada dos escombros. No mesmo dia, duas faixas da rua dos Mundurucus foi liberada para o tráfego de veículos.

Trabalhos de investigação

Na manhã do último domingo, 14, foi dado o início dos trabalhos de investigação sobre o desabamento das sacadas que veio sendo realizado durante toda a semana. Várias autoridades estiveram no local para realizar as investigações. Coletas de informações foram realizadas pela Polícia Científica, análises e vistorias foram feitas pelo Corpo de Bombeiros, e vistorias da Defesa Civil e Crea foram iniciadas.

Primeiras informações oficiais

Na manhã da segunda-feira, 15, foi afirmado pela Defesa Civil, que uma infiltração devido a piscina da cobertura poderia ser a causa inicial do que teria provocado o desabamento das sacadas. Que iniciou na cobertura e provocou um efeito dominó, levando todas as outras abaixo. Segundo a defesa, ocorreram infiltrações deixando as armaduras das sacadas expostas a água, que provocou uma oxidação e por consequência o desabamento.

No mesmo dias a Defesa declarou que um laudo técnico seria elaborado para afirmar com mais clareza a causa principal. A entrega do relatório foi realizada ainda na segunda, confirmando o relato inicial do órgão.

Linha de investigação

Uma linha de investigação foi traçada pela Polícia Científica, que levantou a suspeita de uma falha de projeto e execução das estruturas poderia ter ocasionado a queda das sacadas.

Segundo o coronel do Corpo de Bombeiros, Jaime Oliveira, após uma análise inicial, foi considerado que um erro de construção das sacadas de cobertura do edifício, pode ter sido replicada para as demais sacadas.

O laudo pericial da Polícia Científica, foi iniciado e pelo trâmite legal, tem o prazo de 10 dias para ser entregue, podendo ser prorrogado por tempo igual de período. Para isso, será analisada todas as informações coletadas e imagens capturadas para elaboração de um laudo preciso. Nele, vai ser apontado as causas e orientações para o que se fazer em relação ao caso.

A Polícia Civil informou que abriu um inquérito para investigar as causas do desabamento e apurar se há um responsável. A PC deve aguardar o resultado das perícias necessárias para dar continuidade as investigações.

Lei de vistoria de edificações

Segundo o Conselho de Engenharia (Crea-PA) o edifício nunca passou por uma vistoria e informou que não havia nenhum registro de laudo e fiscalização que comprovasse a segurança das instalações do prédio.

Ainda neste semana foi divulgado que o estado do Pará, não tem nenhum lei que obrigue os condomínios a realizarem vistorias nos edifícios. Porém, segundo o então vereador na época, Zeca Pirão (MDB) em maio de 2022, um projeto de lei foi votado e aprovado na Câmara Municipal de Belém, onde estabele que vistorias devem ser executadas pela prefeitura de Belém, levando em conta que em prédios novos a vistoria deve ser realizada a cada 10 anos, já nos mais antigos a cada 5 anos.

Ainda segundo o agora deputado estadual, Zeca Pirão, ele pretende dar entrada no Projeto de Lei cujo o objeto será a obrigação de vistoria em edificações no Pará. Ele ainda vai encaminhar ofício solicitando manifestações dos órgãos competentes no âmbito estadual, afim de averiguar o que está sendo realizado em termos de fiscalização, para que se possa evitar incidentes iguais ao que aconteceu no Cristo Rei.

Liberação do prédio

Na terça-feira, 16, o Corpo de Bombeiros declarou que não há previsão para a liberação do edifício e a volta dos moradores para seus apartamentos. Segundo o CBM, a liberação do prédio vai ser anunciada após uma perícia ser realizada por uma empresa de engenharia, que deve avaliar a condição estrutural das sacadas que não desabaram e do próprio edifício. Só após a realização desse vistoria e em posse das informações, vai ser possível definir o retorno dos moradores.

Proprietaria da Cobertura

Nesta sexta-feira, 19, em entrevista exclusiva ao Portal Roma News a proprietária do apartamento negou a informação de que havia infiltração no local, mesmo após a defesa civil emitir um laudo informando que infiltrações provocaram a queda das sacadas.

Ândria Tuma, de 35 anos, contou em entrevista que morou no apartamento que fica no 13º andar do prédio durante sete anos, e que os filhos costumavam brincar na sacada. “Morei lá durante sete anos e nunca vimos nada ali. Infiltração, não. Posso falar pelo meu apartamento que não tinha nada que pudesse dar sinal de problema na estrutura.”, disse.

Medo de voltar ao local

A dona da cobertura do prédio onde 13 sacadas desabaram em Belém disse que não sente segurança em retornar para o apartamento até o aval de um órgão competente. Ândria Tuma conta, em entrevista exclusiva ao Portal Roma News, que não mora mais lá há alguma tempo. No entanto, ela e o marido são responsáveis por tudo que ocorre no apartamento, já que a sogra segue vivendo na cobertura.

“Até eu receber a notícia de que aquele apartamento está bom por um órgão competente eu não me sinto segura de ir lá. Eu fui lá buscar e fiquei com muito medo. Eu vi aquilo cair e foi assustador. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Eu morei lá sete anos e nunca aconteceu nada. Aquilo era uma mansão suspensa. São quase 400 metros. Eu estou assustada. Não fiquei sem dormir, porque estou habituada. Mas mexeu porque nós fizemos uma obra. Colocamos nosso nome, organizamos, decoramos”, afirmou.

Uma segunda chance

Ândria Tuma, contou em entrevista exclusiva ao Portal Roma News, que escapou do desabamento das 13 sacadas, no último sábado, por conta de um atraso. Ela estava a caminho do prédio para almoçar com a família quando o acidente aconteceu.

Segundo a proprietária, as sacadas poderiam ter caído em cima do carro dela. “Nós íamos nos reunir e graça a Deus a gente se atrasou e não chegou a tempo da garagem cair em cima do nosso carro”, disse.

Próximos passos

Agora, os moradores do edifício Cristo Rei devem aguardar as conclusões das investigações que devem apontar a causa definitiva e se há um responsável pelo desabamento das sacadas. Até o momento não há uma data para a conclusão das investigações, inquéritos, vistorias e laudos periciais que estão sendo realizadas pelas autoridades envolvidas. Porém, as pessoas que acompanham o caso aguardam que essa informações sejam confirmadas e que medidas sejam tomadas para que não ocorram mais incidentes como este, que felizmente não deixou vítimas.

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