Vacina contra dengue chega a apenas 10% das cidades no país; veja distribuição no mapa

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Segundo Ministério da Saúde, laboratório só consegue fornecer 6,5 milhões de doses, que atendem pouco mais de 3 milhões de pessoas. Com isso, governo criou lista de prioridades que inclui 16 estados e o DF.
Com o início da vacinação contra a dengue em fevereiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil vai se tornar o primeiro país no mundo a oferecer a vacina pela rede pública. No entanto, a imunização vai cobrir apenas 10% do território nacional. Segundo o Ministério da Saúde, a proporção é por baixa capacidade na produção do imunizante pelo laboratório e que em 2025 vão ser entregues 2,5 milhões de doses a mais. Além da expectativa de ampliação com imunizante do Butantan. (Veja o mapa acima)
A imunização era uma estratégia anunciada pelo governo desde o início da nova gestão do Ministério da Saúde, em meio à alta de casos e mortes no país.
📈 Em 2023, o Brasil bateu o recorde de mortes com 1.096 óbitos. Em 2024, o número de casos registrados já é o dobro que no mesmo período do ano passado. Os dados mostram que a doença vem crescendo no país de forma alarmante:
Em Minas Gerais o governo decretou estado de emergência pela doença, após registro de mais de 600 casos em janeiro. Em São Paulo, quatro pessoas morreram pela doença. No Rio de Janeiro, nas três primeiras semanas o estado registrou quase dez mil casos de dengue
💉A vacina Qdenga foi comprada do laboratório japonês Takeda Pharma. Ao todo, vão ser entregues 6,5 milhões de doses — 5,2 milhões foram compradas e o restante foi doado pela fabricante. O volume, segundo a produtora, é o limite da sua capacidade de produção.
Qdenga: o que é preciso saber sobre a vacina contra dengue disponibilizada no SUS
A imunização completa depende de duas doses. Ou seja, o volume de pessoas atendidas representa a metade do número de vacinas compradas.
Por causa do baixo volume, o governo teve que definir duas “regras de corte”. Com isso, o programa de vacinação vai atender apenas 521 dos mais de 5 mil municípios brasileiros.
O g1 explica como o critério de seleção foi definido e o motivo da vacinação não chegar a todo o território nacional.
Vacinação contra a dengue começa em fevereiro
Reprodução EPTV
Por que há poucas doses?
A vacinação contra a dengue era uma estratégia anunciada desde o início da nova gestão do Ministério da Saúde. Em março de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a Qdenga. Com isso, o governo começou a organizar um plano de imunização.
Apesar da mobilização, o laboratório informou que tinha uma capacidade limitada na produção da vacina e poderia entregar apenas 6,5 milhões de doses para o país ainda em 2024.
O laboratório, inclusive, não vai entregar todas as doses compradas ao mesmo tempo. A expectativa é de que isso ocorra ao longo do ano, com prazo final até novembro.
Segundo o Ministério da Saúde, a capacidade vai ser aumentada para 2025, quando devem ser entregues 9 milhões de doses.
➡ Há no Brasil outra vacina contra a dengue também aprovada pela Anvisa, a Dengvaxia. Ela é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. No entanto, só pode ser aplicada para quem já foi infectado com o vírus da dengue, gerando uma proporção de impacto menor que a Qdenga. Ela não foi incorporada ao PNI e não vai ser distribuída pelo SUS.
Vacina contra a dengue chegam ao Brasil
Por que as 521 cidades e apenas crianças e adolescentes?
A delimitação foi feita pela restrição no volume de doses. Segundo o Ministério da Saúde, as cidades e faixas etárias não foram escolhidas aleatoriamente, mas seguindo critérios definidos em várias reuniões com técnicos da pasta e definições da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A vacina foi aprovada para pessoas de 4 a 60 anos, mas como a quantidade de doses não seria suficiente cruzaram a idade com o número de internações pela doença nos últimos cinco anos e chegaram à faixa etária entre 10 e 14 anos.
Depois disso, precisaram determinar o território. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 13,6 milhões de pessoas dentro dessa faixa etária, mas só poderiam vacinar 3,2 milhões delas.
Com isso, a pasta determinou que fossem incluídas as cidades com mais de 100 mil habitantes e os munícipios vizinhos com casos de dengue tipo 2. Na lista, foram incluídos 16 estados e o Distrito Federal. Ficaram de fora Rio Grande do Sul, Pará, Amapá, Piauí, Mato Grosso, Rondônia, Ceará, Alagoas, Sergipe e Pernambuco.
“O ministério tem a intenção de vacinar o máximo. Tudo depende do que for disponibilizado. Vacina é uma coisa que vai progredir ao longo dos anos. A gente trabalha com a capacidade de que eles têm a nos oferecer”, disse Éder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, no anúncio do programa de vacinação.
VEJA A LISTA DE CIDADES INCLUÍDAS NA VACINAÇÃO

A imunização vai acontecer a partir de fevereiro em todo o Brasil?
As doses não vão ser entregues de uma única vez. Com isso, a imunização não começa na mesma data em todas as cidades. A lista de municípios que vão receber a vacina primeiro não foi divulgada.
O país recebeu 750 mil doses em 20 de janeiro e outras 570 mil devem ser entregues em fevereiro. Com isso, é possível iniciar a aplicação e organizar, conforme o calendário de entrega, a segunda aplicação. A Qdenga tem imunização completa com duas doses, que devem ser aplicadas em uma janela de 90 dias.
Todas as vacinas compradas serão entregues até novembro.
O que esperar da pesquisa do Butantan
Há expectativa de que a vacinação seja ampliada?
Para este ano, ainda não há previsão de que novas doses sejam entregues. O laboratório Takeda ampliou o número de vacinas para 2025, que vai chegar a 9 milhões.
Segundo o Ministério da Saúde, há uma expectativa de que a vacina contra a dengue do Butantan seja aprovada no ano que vem, ampliando assim a vacinação no próximo ano.
O Instituto Butantan vem desenvolvendo um imunizante contra a dengue há mais de 10 anos, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). O estudo está na fase 3, a última da pesquisa, e a expectativa é de que seja concluído este ano para que a vacina seja distribuída em 2025.

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