Após ficar quase 1 ano sem andar devido acidente grave, acreana passa em teste de aptidão física do Iapen: ‘Nunca imaginei que ia conseguir correr’

Emeli Andreina Costa tem 23 anos e foi aprovada no teste de aptidão física para agente de polícia penal no Acre. Ela sofreu um grave acidente em 2020 que a impossibilitou de andar, e precisou fazer dois anos de fisioterapia para recuperação completa. Emeli Andreina Costa treinou 4 meses intensamente para o TAF e conseguiu a aprovação no Acre
Arquivo pessoal
Após sofrer um grave acidente em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, e passar quase um ano sem andar, Emeli Andreina Costa, de 23 anos, conseguiu ser aprovada no Teste de Aptidão Física (TAF) para agente de polícia penal no Acre. Esta é uma das etapas obrigatórias para que os candidatos estejam aptos a assumir a vaga no concurso público.
O acidente ocorreu em dezembro de 2020, e a acreana conta que estava indo para igreja quando tudo aconteceu. “Eu vi que ele ia bater em mim, e eu desviei mas quando eu desviei, ele desviou pro mesmo lado que eu, aí pegou em cheio”, diz.
A jovem quebrou os dois antebraços, o dedo, fêmur, tíbia em dois lugares e teve uma luxação no punho. O acidente ocorreu na época da pandemia, então Costa passou apenas duas semanas no hospital e foi encaminhada para receber os cuidados em casa, já que o medo era de que ela se infectasse com a Covid-19 e piorasse o seu quadro clínico.
Ela narra que chegou a tomar remédios fortes, mas por várias vezes não conseguia dormir e via o dia amanhecer.
“Eu só chorava de dor, era muita dor. Não sei nem explicar o tamanho da dor que eu sentia. Não virava nem para um lado nem para o outro. O pouco que eu ficava sentada, minha mãe tinha que ficar me segurando. Pra tomar banho, minha mãe tinha que passar um paninho em mim e eu usava fralda descartável. Até a comida era minha mãe que tinha que colocar na minha boca”, diz.
Costa conta que precisou realizar várias cirurgias e ficou 10 meses sem andar, depois usou cadeira de rodas e, por fim, muletas. Para a recuperação completa, ela precisou passar por dois anos de sessões de fisioterapia. “Por conta da situação que fiquei, eu acreditava que não ia mais conseguir andar como antes, correr. Eu nunca que imaginei que ia conseguir correr”, enfatiza.
Jovem precisou passar por diversas cirurgias para recuperação completa
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Concurso
Para a prova teórica, a rotina de estudos foi intensa. Costa relata que estudava de manhã, tarde e noite e às vezes até pela madrugada, totalizando 16 horas de estudos por dia, durante três meses.
Ela conta que diversas pessoas relembravam das limitações, ocasionadas pelo acidente, que possivelmente a impediriam de realizar a prova física, mas mesmo assim ela decidiu continuar estudando e confiar na intuição. “Eu tinha fé em Deus que ele iria me ajudar, mesmo eu sabendo que eu não corria nada. Nunca me esqueço a primeira vez que eu fui tentar correr, eu quase desmaiei de dor. Era uma dor que eu não sei explicar, uma dor muito, muito forte” narra.
Após o resultado positivo na primeira fase do concurso, a jovem começou a se preparar para a parte física. Ela treinou quatro meses até o dia do teste.
A rotina era a seguinte: ela acordava às 4h30 da manhã e corria durante uma hora com o pai. Às 10h, fazia aula particular de funcional. Às 16h, aula de pilates e fisioterapia, às 17h, corria novamente com o pai e quando voltava para casa, apesar do cansaço, realizava novamente alguns exercícios.
Costa avalia que a ajuda de sua família foi essencial para a sua conquista. A mãe foi importante quando ela estava lesionada, que a cuidou de todas as formas e o pai foi importante na fase de preparação do teste físico.
“A minha família sempre me apoiou, foi meu alicerce. Sempre acreditaram que eu iria conseguir. Minha mãe foi a pessoa que mais ficou do meu lado. Ela foi meus braços, minhas pernas, me alimentava, trocava minha fralda, me dava o meu ‘banho’ com o paninho [quando eu não podia se movimentar]. Sempre foi uma benção na minha vida. Na parte da corrida, meu pai foi meu braço direito. Se não fosse ele, jamais teria conseguido. Foi um dos maiores incentivadores”, relata.
Os pais foram essenciais para a aprovação da jovem
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Uma semana antes da prova, a jovem conta que ainda não conseguia fazer nenhum dos exercícios no tempo exigido no edital do concurso. Para ser aprovada, ela precisava correr 1,8 quilômetros em 12 minutos, fazer 10 segundos de barra fixa, 25 abdominais em 1 minuto e 12 flexões com apoio. Sua principal dificuldade era a barra fixa. Ela explica que não conseguia ficar mais do que 7 segundos, pois sentia muitas dores e várias vezes voltava para casa dos treinos com os braços inchados.
Com o dia do teste se aproximando, o desespero começou a invadir seus pensamentos e ela decidiu recorrer à fé. “Foi o momento que eu me apeguei com Deus. Eu sabia que se eu passasse seria através dEle. Aí eu fiz um propósito de 15 dias. Eu jejuava, acordava 3h da manhã, orava, ia treinar, e só comia 11h da manhã. Mesmo me tremendo, fraca, querendo desmaiar, mas fazia meu treino em jejum e entreguei pra Deus, porque eu sei que se fosse só por mim eu não iria conseguir”, disse.
Mesmo após todos os treinos e orações, Costa ficou aflita ao perceber que, faltando apenas dois dias para o TAF, ainda não alcançava o tempo necessário para a prova. Com ansiedade, ela não dormia há duas semanas, e costumava ver o dia amanhecer sem dormir nenhuma hora.
Até que um dia antes da prova, no domingo, ela conseguir descansar e acordou disposta. No dia seguinte, Costa fez o exame no tempo necessário e conseguiu a tão sonhada aprovação.
“Eu tenho certeza que foi Deus que confortou minha mente. Algo falava no meu coração que não era pra eu me preocupar, que a vitória era minha, que ele tinha visto meu esforço e que iria me honrar. Queria aproveitar e deixar claro a minha gratidão, para os meus amigos, a doutora Cláudia, personal Max, doutor Luiz Augusto e minha família.” agradece.
Vídeos: g1
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