Demolição do muro e a instalação do gradil provocaram debate de quem gostou da reforma ou se incomodou com a nova vista. g1 esteve no local para constatar a mudança e ouvir as pessoas. Initial plugin text
A instalação de uma grade no Cemitério da Saudade, em Campinas (SP), após a demolição do muro que contornava o local, provocou uma transformação significativa na paisagem da área. [arraste as imagens acima para ver o antes e depois].
Ao contrário da parede de concreto que bloqueava a visão dos túmulos, o gradil agora expõe a parte interna do histórico espaço, criado em 1881, e que reúne cerca de 2 milhões de pessoas enterradas, número maior inclusive que a população da metrópole – atualmente de 1,2 milhão de habitantes.
A transformação acontece em decorrência de uma reforma depois da queda de partes do muro por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade em dezembro e de um “desgaste do material”, justificado pela prefeitura em março. A partir disso, a Setec, autarquia que administra e fiscaliza o solo público de Campinas e administra o cemitério, elaborou um projeto de demolição do muro e instalação de um gradil no lugar, onde será colocada uma cerca viva.
A mudança na paisagem dividiu opiniões entre a população, frequentadores e pessoas que passam pelo entorno ou trabalham na região. A principal discussão é em relação à exposição dos túmulos para quem está na rua e a falta de privacidade apontada por parte dos moradores para familiares dos mortos durante o momento do enterro.
O g1 esteve no local para constatar a mudança de paisagem e ouvir as posições divergentes. Veja abaixo.
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Privacidade x Segurança
Em um comércio próximo ao cemitério, parte dos funcionários afirmou ter gostado da nova estética, enquanto que outros deixaram claro um desconforto em sempre ver enterros e túmulos.
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“Desde que começaram a fazer essa cerca já vi uns três ou quatro enterros”, comentou uma funcionária que não quis se identificar.
O assunto inclusive despertou memórias sobre histórias “assombradas” de vozes misteriosas vindas do cemitério na madrugada.
“Trabalho aqui há 31 anos e já vi o muro do cemitério mais baixo, depois aumentaram ele e colocaram arame farpado falando que ficaria mais seguro, e agora estão colocando essa grade. Antes, com o muro, parecia um cadeião, eles foram aumentando e colocando arame farpado. Parecia até que tinham medo de alguém fugir lá de dentro”. comentou Maurício Manfredini Carregari, proprietário de uma mecânica.
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Marcelo Gaudio
Por outro lado, a segurança é o ponto de maior convergência, mesmo entre os descontentes com a mudança, já que muitos acreditam que o gradil vai ajudar a localizar pessoas que usam o espaço para se esconder, assim como dificultar roubos dentro do cemitério.
“Antes era perigoso, porque tinha uns assaltantes que ficavam escondidos atrás do muro só vendo o movimento e esperando para assaltar na hora de fechar” , lembrou Maurício.
Menos barulho
Além das questões da privacidade e segurança, as pessoas identificaram outras caracterísitcas provocadas pela recente mudança, como a percepção de que teria ocorrido uma diminuição no barulho da Avenida Antônio Francisco de Paula Souza. A suposição é de que a grade permite que o som se dissipe com mais facilidade. O muro, em contrapartida, rebatia o barulho.
“Acho que ficou moderno, agora dá para ver tudo lá dentro é mais bonito que o murão branco”, respondeu a mãe de uma criança que frequenta uma creche próxima ao local.
O que diz a administração
“A reconstrução do muro do Cemitério da Saudade veio em um momento importante, uma vez que a fadiga dos materiais já estava causando transtornos. O novo muro, moderno e melhor estruturado, trará um perfil mais ameno ao Cemitério, uma vez que além da grade, será implantada uma cerca viva, trazendo mais suavidade à construção”, destaca a Setec em nota.
A instalação da grade começou no dia 13 de março. A prefeitura prevê a reconstrução de 1 km do muro do Cemitério da Saudade. Segundo a administração, os trabalhos devem ser finalizados até setembro.
*sob a supervisão de Marcello Carvalho
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