Recorda deixa jornalista com doença degenerativa sem plano de saúde

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O jornalista contou mais detalhes de sua demissão da emissoraReprodução

Arnaldo Duran foi demitido da Record no dia 30 de dezembro e criticou a postura da emissora. O repórter, diagnosticado com síndrome de Machado-Joseph, uma doença degenerativa do sistema nervoso, ficou sem plano de saúde e considerou a decisão como “desumana”.

Em entrevista à coluna Fábia Oliveira, do Metrópoles, ele contou mais detalhes da situação: “No dia 30 de dezembro, antevéspera de uma passagem de ano, eu fui chamado pra uma reunião na TV Record, na direção do Domingo Espetacular. Eu achei que era alguma coisa sobre a coluna que eu fazia, a Mitos e Verdades da Alimentação”.

“Eu estava levando um livro americano sobre alimentos usados como remédios nos tempos bíblicos e queria fazer uma série de reportagens dentro da coluna porque achei que seria um negócio excelente pra audiência. Mas não, a notícia que eles estavam me dando era a de que eu estava sendo demitido”, acrescentou.

“Eu fiquei assustadíssimo, não me lembro de ter nenhuma reação quando me disseram. A ficha não caiu e acho que não caiu até agora (…) Eu tenho uma doença neurológica degenerativa que se chama Machado-Joseph, que agora é conhecida no mundo como SCA3. E eu acreditava que se eu não ia perder o emprego fácil assim. Porque, apesar das dificuldades que essa doença traz, por exemplo, no equilíbrio eu já quase não consigo ficar em pé, só posso andar com o aquele andador. Mas eu falo muito bem ainda”, explicou.

“Impressionantemente, milagrosamente, eu consigo falar. Acredito que consiga falar por causa da minha fé. Eu consigo falar, consigo ler textos. Inclusive eu tenho dois estúdios de áudio, tenho um aqui em São Paulo, outro em casa no Rio de Janeiro. Eu moro nas duas cidades. Eu cheguei a trabalhar na pandemia dentro de casa. Eu acho que fui o único dos velhos que conseguiu gravar a durante a pandemia, em casa. Eu montei um estúdio de vídeo também aqui em São Paulo”, recordou.

“A minha demissão foi um ato desumano. Por quê? Além de tudo o que aconteceu, a Record espalhou que me demitiu por causa do salário alto. Já me queimou no mercado. [Os contratantes pensam] ‘Eu não vou contratar o cara porque ganha, não tenho dinheiro pra pagar’. E espalhou pelo mundo inteiro também que eu tenho a doença neurológica degenerativa”, lamentou.

“Inclusive, vários sites ligados à Igreja Universal falaram do meu sofrimento com a doença. Até o bispo Edir Macedo nas redes sociais aparece assistindo a um vídeo que eu gravei, impressionado com a minha capacidade de lutar contra a doença. Em vários sites ligados à igreja tem esse depoimento. Ele mandou passar esse depoimento nas igrejas Universal do mundo inteiro. Eu já me ouvi falando dublado em francês e dois sotaques espanhóis”, disse.

“Acho que foi de uma maldade muito grande, uma desumanidade que vai totalmente contra o que a igreja prega. A igreja prega uma coisa e faz outra. Quando eu falo a igreja, a responsabilidade é dos grandes da igreja, os bispos que têm as empresas. Outra coisa, muito ruim. Eu vou ficar sem plano de saúde. O dono da Life Empresarial é o bispo Macedo. Então, ele mandou embora, um funcionário doente, é dono plano de saúde, não vai pagar o plano de saúde desse funcionário. Me deixar sem plano de saúde é de uma crueldade muito grande, é muito ruim. Me sinto mal de falar sobre isso”, admitiu.

“Eu tô numa tristeza tão grande, tão doída, que não deu tempo ainda, não consegui desenvolver nenhum projeto. Deixa essa ferida ir se curando pra eu voltar às atividades. Empregado eu sei que nunca mais vou ser, sei que ninguém vai me dar emprego (…) Uma coisa que me deixa muito triste é que eu trabalho há mais 50 anos, comecei em 1970 no rádio, e queria fazer 60 anos de profissão antes de parar. Mas não vai dar”, afirmou.

Por fim, Arnaldo Duran admitiu que ainda sente muita dor e que não decidiu se irá recorrer à Justiça contra a emissora: “Eu tenho muita dor, não tem remédio específico contra a doença de Machado-Joseph, mas eu tomo muitos remédios pras dores, tenho muita câimbra e sofro muito com essas dores, especialmente no frio. Por isso que fico entre Rio e São Paulo (…) Estou perdido, mas vou encontrar um caminho, com certeza”.

*Texto de Júlia Wasko Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko

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