Reino fungi: conheça 8 fungos com formatos curiosos

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Especialista em fungos explica onde cada organismo ocorre e revela curiosidades sobre eles. Os fungos formam um grupo diversificado de seres vivos que inclui uma variedade de formas, tamanhos e funções.
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Você sabe o que é um fungo? Possivelmente, você já se deparou com um e não sabia o que era. Os fungos são organismos eucarióticos – formados por células mais complexas que os procarióticos – pertencentes ao reino Fungi.
Os fungos formam um grupo diversificado de seres vivos que inclui uma variedade de formas, tamanhos e funções ecológicas. Alguns fungos são microscópicos, enquanto outros são grandes e podem ser vistos a olho nu.
Além disso, desempenham papéis importantes em diversos ecossistemas, mas também na indústria e na medicina. Presente nos antibióticos, a penicilina foi o primeiro passo para a utilização de fungos na produção de medicamentos, sendo feita a partir de fungos do gênero Penicillium.
Apesar de parecer óbvio, algumas das espécies que podemos observar na natureza possuem formatos bastante curiosos. Sendo assim, conheça 8 fungos com formas inusitados, segundo o especialista em fungos e divulgador de ciência Mateus Ribeiro:
1. Clathrus archeri
A espécie ocorre na África, Europa, América do Norte e Oceania. Popularmente conhecida como “dedos-do-diabo”, a cor vermelha de seus braços juntamente com o aspecto arqueado e odor desagradável são, provavelmente, os responsáveis por este nome.
A espécie Clathrus archeri ocorre na África, Europa, América do Norte e Oceania.
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De acordo com Mateus, os fungos da ordem Phallales, a qual pertence essa espécie, possuem o formato bastante peculiar.
2. Abrachium floriforme
Endêmica do Brasil, a espécie foi registrada nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
O registro mais recente para a literatura científica foi feito por Mateus e por outros colaboradores em 2022, para o estado da Bahia.
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O registro mais recente para a literatura científica foi feito por Mateus e outros colaboradores em 2022, na Bahia, onde ela foi encontrada pela segunda vez. O primeiro registro no estado ocorreu em 2009, por outro grupo de pesquisadores.
“Ela possui um formato único entre os macrofungos, não existe outra espécie com essa combinação de características. Tem um formato que lembra uma flor, daí vem o nome específico “floriforme”. Ela foi descrita em 2005, a partir de espécimes coletados no estado do Rio Grande do Norte”, explica.
3. Calvatia sculpta
Ocorre nos Estados Unidos, mas em 2008 a espécie foi registrada para o Parque Estadual das Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte. O formato dela é bem peculiar quando comparado às outras espécies do gênero Calvatia, como por exemplo a F. auratiaca, F. luteoaurantiaca e F. cinnabarina.
Outra curiosidade sobre esses fungos é que em 1933 foi reportado que o grupo indígena “Central Miwok” usava esse organismo espécie como alimento.
O formato do fungo Calvatia sculpta é bem peculiar quando comparado às outras espécies do gênero Calvatia
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4. Geastrum violaceum
A espécie ocorre no Brasil, nos estados do Rio Grande do Sul e Paraíba, e também na Argentina. De acordo com divulgador de ciência, esse tom de violeta que o fungo apresenta é raro dentro do gênero Geastrum, tanto que foi utilizado para batizar a espécie, portanto o “violaceum”.
Esse tom de violeta que o fungo apresenta é raro dentro do gênero Geastrum.
Leandro Papinutti
Outras espécies deste gênero são popularmente conhecidas como “estrelas-da-terra” e isso é refletido no nome dado: Geastrum vem de geo = terra, e de astrum = estrela.
5. Marasmius amazonicus
Nativo da Amazônia, o Marasmius amazonicus já foi registrado nos estados do Rio Grande do Norte e Bahia.
Esse fungo é nativo da Amazônia, mas já foi registrado para os estados do Rio Grande do Norte e Bahia.
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Mateus explica que sempre que uma nova espécie é descrita para a ciência, uma amostra é depositada em alguma coleção científica, o que representa que aquele organismo será efetivamente validado para a ciência.
“Os holótipos de muitas espécies brasileiras estão em grandes coleções da Europa. O holótipo da espécie Marasmius amazonicus estava em um herbário de Berlim, porém foi perdido durante a Segunda Guerra Mundial. Por conta disso, em 2008, pesquisadores brasileiros fizeram o que chamamos de “neotipificação”, estabelecendo uma nova amostra representativa para a espécie”.
6. Favolaschia calocera
Esse macrofungo é considerado invasor em alguns países, como a Itália e a Nova Zelândia.
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A espécie possui registros na África, Ásia e Europa. Outras espécies pertencentes a este mesmo gênero também ocorrem no Brasil. Em países como a Itália e a Nova Zelândia esse macrofungo é considerado invasor. Além disso, alguns trabalhos sobre a espécie relatam que os compostos químicos compostos por ela possuem propriedades antifúlgicas.
7. Phallus indusiatus
Ocorre nos estados do Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul , Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
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O Phallus indusiatus possui alguns registros ao redor do mundo. No Brasil, ocorre nos estados do Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul , Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
“Phallus indusiatus é o que chamamos de ‘complexo de espécies’. Um complexo é formado quando diferentes espécies possuem características muito semelhantes, fazendo com seja muito difícil separar uma da outra, então elas acabam sendo tratadas como uma coisa só”, pontua o especialista.
Segundo ele, em 2019, um estudo feito por pesquisadoras brasileiras mostrou que só no Brasil existem 4 espécies que eram tratadas todas como Phallus indusiatus, sendo a Phallus indusiatus propriamente dita e outras 3: Phallus denigricans, Phallus purpurascens e Phallus squamulosus.
8. Ileodictyon cibarium
A espécie possui registros na América, África, Europa e Oceania e faz parte da família Clathraceae.
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Com um dos formatos mais curiosos da natureza, semelhante a um “globo”, o Ileodictyon cibarium possui registros na América, África, Europa e Oceania e faz parte da família Clathraceae.
Essa membrana presente na base do fungo é chamada de “volva”, porém ela não é muito presa, o que permite que seu receptáculo (estrutura branca) saia rolando, arrastada pela chuva ou vento. Assim, é mais comum encontrar essa espécie sem a estrutura.
Experiência com fungos
Mateus Ribeiro conta ao Terra da Gente que já teve a oportunidade de encontrar a espécie Marasmius amazonicus em campo. “É sempre uma alegria encontrar a espécie, é como ver uma pequena explosão de cores no chão da floresta”, relata.
Segundo o biólgo, quando entrou na graduação, em 2017, estava ansioso para começar a fazer ciência, então decidiu ir atrás de todos os laboratórios que conhecia, pedindo um estágio voluntário.
Um dia, no Laboratório de Sistemática de Fungos, surgiu uma oportunidade de estagiar. Isso foi logo na segunda semana de aula e, desde então, a paixão pela área só cresceu. Atualmente, o pesquisador estuda os fungos da ordem Phallales.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle
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