Polícia Civil perde 20% do efetivo em seis anos na região de Campinas

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Governo de SP reconhece déficit e diz que concursos estão em andamento. Sindicato afirma que os concursos são um bom sinal, mas não devem resolver o problema a curto prazo. Sede do Deinter-2, em Campinas
João Gabriel Alvarenga/g1
A Polícia Civil perdeu 20,2%, ou seja, 1 de cada 5 policiais na ativa de 2018 para 2024 na região de Campinas. É o que mostra um levantamento feito pelo g1, por meio da Lei de Acesso à Informação, que considera o soma de delegados, investigadores, escrivães, agentes e papiloscopistas.
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Segundo dados do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2 (Deinter-2), com sede em Campinas, as delegacias da região perderam 265 policiais nos últimos seis anos. Essa perda de efetivo se deu por conta de aposentadorias e exonerações que não tiveram reposição por concurso público.
Número de policiais da ativa por ano:
2018: 1.314
2019: 1.275
2020: 1.216
2021: 1.129
2022: 1.068
2023: 1.117
2024: 1.049 (-20,2% em relação a 2018)
A queda de 265 policiais, no entanto, não representa o déficit total, já que em 2018 o número já estava defasado. Segundo o Sindicato dos policiais civis da Região de Campinas (Sindpol Campinas), esse é um problema que se arrasta há duas décadas.
“Se não tem policiais civis, não existe a mesma efetividade no esclarecimento de crimes”, afirmou Aparecido Lima de Carvalho, presidente do Sindpol Campinas.
Em nota, a Polícia Civil reconheceu que existe um déficit de 34,6% no estado, mas afirmou que está empenhada reverter essa situação e que, atualmente, estão em andamento concursos para preenchimento de mais de 14,7 mil vagas na corporação. Veja nota na íntegra no final desta reportagem.
Concursos em andamento não resolvem problema
Neste momento, explicou o sindicato, há dois grandes concursos em andamento, no entanto, 35% do atual efetivo já está apto a se aposentar, por isso, não é esperada uma reposição tão efetiva nesse primeiro momento.
“Em um concurso, entre o lançamento do edital e a chegada do policial na delegacia, demora cerca de um ano e meio. No decorrer desse período, mais policiais se aposentam ou pedem exoneração”, diz Aparecido.
Para efetivamente resolver o problema, a solução, segundo a categoria, era a abertura de mais vagas em concursos públicos e a ampliação da Academia de Polícia, responsável por treinar os novos policiais. “Atualmente, ela (academia) não dá conta de suprir o déficit”.
Enquanto o problema não é solucionado de maneira definitiva, o presidente do Sindpol defende, como medida paliativa, temporária e excepcional, o uso de outros profissionais nas atividades administrativas e, assim, liberar os policiais para atividades investigativas. Atualmente, uma parte considerável do efetivo atua em atividades não-policiais.
Segundo o sindicato, entre os profissionais que poderiam atuar na parte administrativa das delegacias, estão:
Estagiários
Policiais aposentados
Servidores municipais cedidos
Importância da Polícia Civil
A Polícia Civil é o órgão de segurança pública responsável pelo registro e investigação de crimes, tendo, portanto, papel fundamental na redução da criminalidade. Mas, segundo o sindicato, o excesso de trabalho acaba prejudicando a prestação de um serviço de qualidade à população.
“A Polícia Civil está sobrecarregada, não tem efetivo e, por isso, não consegue cuidar de todos os casos que chegam. Então, o foco acaba sendo nos casos mais urgentes, de maior violência. Falar que consegue resolver todos não é uma verdade”, lamenta o presidente do Sindpol.
Região ganhou a Deic nos últimos anos, mas não teve aumento de efetivo
João Gabriel Alvarenga/g1
Nota do governo de SP
A Secretaria de Segurança Pública esclarece que a recomposição e valorização do efetivo policial são prioridades da pasta, que reconhece o atual déficit da Polícia Civil, que se encontra em 34,6%, e está empenhada em implementar uma série de ações para reverter essa situação.
Neste momento, estão em andamento concursos para preenchimento de mais de 14,7 mil vagas em diversas carreiras, incluindo policiais civis, delegados de polícia, escrivães e investigadores. Essa iniciativa visa fortalecer e revitalizar os quadros, promovendo uma atuação mais eficaz e eficiente no combate à criminalidade.
A solução desse desafio ocorrerá de forma gradual, mas a pasta está comprometida com o processo de revitalização do efetivo policial. A SSP permanece atenta às necessidades das polícias, buscando constantemente estratégias e ações que contribuam para a segurança e bem-estar da sociedade.
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