‘Caxias do Sul não é racista, mas não tolera injustiça’, diz vereador que fez discurso contra baianos após ter cassação rejeitada

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Sandro Fantinel (sem partido) manteve seu mandato após o julgamento, que analisava as declarações preconceituosas feito pelo vereador contra baianos resgatados de trabalho análogo à escravidão. Vereador Sandro Fantinel (Patriota) sugeriu que trabalhadores da Bahia não sejam contratados por produtores do RS e chamou repercussão de caso de trabalho análogo à escravidão de ‘exagerada e midiática’
TV Câmara Caxias/Reprodução
O vereador Sandro Fantinel (sem partido) voltou a pedir desculpas nesta terça (16), após ter um pedido de cassação contra si rejeitado pelos colegas parlamentares. O político era acusado de quebra de decoro parlamentar após discursar, em fevereiro, contra trabalhadores baianos resgatados em situação semelhante à escravidão.
“Peço perdão, como já disse, a todos os baianos, do fundo do meu coração. Não tenho nenhuma maldade, as palavras não tinham intenção de ofender. (…) Agradeço aos colegas vereadores, a todos os presentes, a esse povo que veio participar e me dar apoio, e deu um recado para o país: Caxias do Sul não é racista, mas não tolera injustiça”, disse Fantinel, em entrevista coletiva após a votação.
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Nesa terça, a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, rejeitou o pedido de cassação pelo placar de 13 votos favoráveis a 9 contrários, além de uma abstenção – do próprio Fantinel. Para ter o mandato cassado, confirme as regras do Legislativo caxiense, eram necessários dois terços dos votos favoráveis à perda do mandato, ou seja, 16 votos.
A fala que gerou a acusação aconteceu em fevereiro deste ano, quando Fantinel comentou o caso em que 207 trabalhadores foram resgatados em situação semelhante à escravidão em Bento Gonçalves. O resgate aconteceu em 22 de fevereiro. As declarações ocorreram durante fala na tribuna da câmara seis dias depois, em 28 de fevereiro.
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Segundo Fantinel, no dia do discurso ele havia saído de casa “com problema”.
“Eu saí de casa com problema de casa, saí nervoso naquele dia, e uma coisa soma-se a outra, e a gente muitas vezes diz o que não deve. Não tenho nada contra vocês, como não tenho contra ninguém”, disse o parlamentar.
Em seu discurso xenofóbico, o parlamentar pediu que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. Disse, ainda, que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”. A maioria deles foi contratada para a colheita da uva e viajou do Nordeste para o Rio Grande do Sul. Fantinel sugere que se dê preferência a empregados vindos da argentina, que, segundo ele, seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.
Em março deste ano, Fantinel foi expulso do Patriota, seu antigo partido. As faltas também foram repudiadas pelos governadores do RS, Eduardo Leite (PSDB), e da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
‘Acolher, mesmo não concordando’, diz presidente
Vereador Zé Dambrós (PSB), presidente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
Bruna Giusti/Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
Após a votação, o presidente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Zé Dambrós (PSB), também se pronunciou sobre a decisão dos colegas. Segundo ele, cabe ao presidente da Casa “acolher, mesmo não concordando” com o resultado. Dambrós deu um dos 13 votos favoráveis à cassação de Fantinel.
“Numa votação, a maioria decide, o plenário é soberano. A não cassação do vereador Sandro Fantinel foi o resultado definido pela maioria do plenário, e coube a nós acolher, mesmo não concordando, como expressei em meu voto”, disse o presidente.
Dambrós voltou a repudiar as falas feitas por Fantinel no discurso contra trabalhadores baianos. De acordo com o presidente da Câmara, o discurso do vereador conteve “ofensas à moralidade”.
“Entendo que o respeito às diferenças e às culturas precisa ser um direito garantido a todos, e as falas do vereador acabaram se transformando em ofensas à moralidade. Por isso, não posso aceitá-las. (…) No entanto, a minha opinião é uma, aqui. Mas, como em todas as casas legislativas, a maior parte dos integrantes é que decide”, completou.
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