Estátua de Esperança Garcia, escravizada considerada a primeira advogada do PI, é inaugurada em Oeiras, sua cidade natal

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A estátua, de 1, 60 m e cerca de 28 kg, foi construída em aço inox pelo artista plástico Braga Tepi. A estátua fica no Fórum da Comarca de Oeiras. Estátua de Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Piauí, é inaugurada em Oeiras
Reprodução
Uma estátua de metal em homenagem à Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Piauí, foi inaugurada na terça-feira (23), no Fórum da Comarca de Oeiras, sua cidade natal. A ação é uma iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Piauí.
A estátua, de 1, 60 m e cerca de 28 kg, foi construída em aço inox pelo artista plástico Braga Tepi.
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“Para construir essa escultura, fiz toda uma pesquisa sobre os possíveis traços de Esperança Garcia, já que pela época não temos registros. Após muita pesquisa, consegui chegar a um rosto que foi bem aceito pelas comunidades negras locais e associações”, explicou o escultor.
Estátua em inox de Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Brasil
Reprodução
Essa é a terceira escultura de Esperança Garcia feita por Braga Tepi. Em março de 2023, o artista entregou um busto da advogada para a seccional Teresina da OAB-PI. Em março, outro busto foi feito e entregue em Brasília.
“Esse trabalho foi fundamental para a minha trajetória. Tenho 20 anos na escultura e trabalhar em cima de uma figura tão histórica como Esperança Garcia é diferente no olhar artístico”, completou o artista plástico.
Busto de Esperança Garcia, inaugurado pela ministra da cultura, Margareth Menezes.
Isabela Leal /g1
Quem é Esperança Garcia, a escravizada considerada a primeira advogada do Piauí
Esperança Garcia foi uma mulher negra escravizada no século XVIII, em Oeiras, município a 300 km de Teresina.
Segundo pesquisadores, Esperança nasceu na fazenda Algodões, propriedade que pertencia a padres jesuítas brasileiros. No local, ela aprendeu a ler e escrever. Quando completou 16 anos, Garcia casou-se e teve seu primeiro filho.
Contudo, os catequistas foram expulsos pelo diplomata português Marquês de Pombal e a fazenda foi transferida para outros senhores de escravo. Logo depois, aos 19 anos, Garcia foi separada dos filhos e do marido, e enviada para outras terras.
Ilustração de Esperança Garcia produzida pelo instituto que leva seu nome, em Teresina
Reprodução/Instituto Esperança Garcia
Após ser separada dos filhos e do marido, e com o intuito de ser resgatada e encontrá-los novamente, ela denunciou as situações de violência que sofria ao Governo do Piauí
As denúncias foram feitas uma carta, datada em seis de setembro de 1770, Garcia relatou os maus tratos sofridos por ela, outros homens e mulheres negras em uma fazenda da região. O documento, enviado ao governador do estado, solicitava o resgate do grupo.
De acordo com juristas e historiadores brasileiros, o documento pode ser considerado uma petição, pois apresenta elementos jurídicos importantes, como endereçamento, identificação, narrativa dos fatos, fundamento no Direito e um pedido. Não se sabe, contudo, se o pedido de Esperança chegou a ser atendido e se reencontrou sua família.
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Reconhecimento e homenagens
Estátua de Esperança Garcia no Centro de Artesanato Mestre Dezinho, localizado no Centro de Teresina
Ilanna Serena/g1
No mesmo ano, dois séculos após a escritura da carta, a OAB-PI reconheceu Esperança Garcia como a primeira mulher advogada piauiense.
Segundo juristas e advogadas negras, a carta de Esperança, datada em 1770, pode ser considerado o primeiro documento do tipo no Brasil.
Em 2022, Esperança Garcia foi reconhecida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil como a primeira advogada do país. O CFOAB aprovou também a construção do busto da advogada no átrio do prédio sede.
HQ “A Voz de Esperança Garcia” foi lançado em 24 de junho, em Teresina
Reprodução
Desde 2017, a OAB Piauí já a havia reconhecido sob esse título. Entretanto, oficialmente para a OAB Nacional, o posto era de Myrthes Gomes, que ingressou na advocacia em 1899.
*Estagiária sob a supervisão de Andrê Nascimento
Memorial Esperança Garcia, em Teresina
Ilanna Serena/g1
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