Crítica Like a Dragon Infinite Wealth | O legado do dragão

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Crítica Like a Dragon Infinite Wealth | O legado do dragãoAndré Mello

Like a Dragon, anteriormente conhecido apenas como Yakuza, é uma série de jogos da Sega que demorou um pouco para alcançar o seu devido sucesso no Ocidente, mesmo tendo títulos lançados por esses lados desde a época do PS2. O fato de termos um lançamento de Like a Dragon: Infinite Wealth, novo título da franquia, chegando localizado por aqui já pode ser considerado uma vitória para os fãs mais antigos.

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Essa vitória fica ainda muito mais saborosa quando o jogo que chega ao Xbox Series S/X, Xbox One, PC, PS4 e PS5 pode ser considerado um dos melhores de toda a franquia e que certamente será lembrado até o final de 2024 como um dos melhores títulos do ano. Sim, o jogo está saindo em janeiro e posso falar tranquilamente sobre o status de Infinite Wealth dessa forma.

Quando tudo está bem, desconfie

Like a Dragon: Infinite Wealth começa alguns anos após os acontecimentos do jogo anterior estrelado por Ichiban Kasuga. As vidas do ex-Yakuza e seus companheiros entraram nos eixos, com todos trabalhando e prosperando.

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Ichiban até mesmo se deixa levar pelos seus sentimentos por Saeko. Tudo corre bem, até que as coisas desandam completamente, colocando Kasuga, Nanba e Adachi novamente na sarjeta. Como se isso não fosse o suficiente, Kasuga descobre que sua mãe está viva e vivendo no Havaí, sendo enviado até lá para encontrá-la.

Separado do resto do grupo, Ichiban acaba se envolvendo em mais confusões e intrigas na ilha. O jogo parece realmente começar quando ele encontra Kazuma Kiryu, lenda da Yakuza e protagonista de boa parte dos jogos da franquia.

Falar sobre a trama de Infinite Wealth é dar detalhes demais que poderiam ser melhor aproveitados se nada tivesse sido revelado antes, já que ela é cheia de reviravoltas. Mesmo assim, é impossível falar do RPG sem comentar como o time do Ryu Ga Gotoku Studios parecia inspirado na hora de escrever Infinite Wealth.

Apesar de uma história central séria, envolvendo crime organizado no Japão, policiais corruptos, e teorias da conspiração que chegam até o alto governo do país, Like a Dragon: Infinite Wealth segue os passos dos jogos anteriores introduzindo várias side quests que são hilariantes e divertidas. Confesso não ter encontrado uma missão secundária que não tenha me dado vontade de seguir até o fim para conhecer sua resolução.

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Tudo é muito bem escrito, dando a todos os personagens uma chance de brilhar, principalmente durante suas espontâneas conversas que começam quando você está rodando pelo mapa.

Um mundo aberto rico e vivo

Infinite Wealth dá ao jogador várias localizações para explorar. Se anteriormente estávamos acostumados com Ijincho e Kamurocho, agora temos Honolulu, no Havaí, para conhecer. Todos os mapas são recheados de coisas para se fazer, seja conhecer novos personagens, visitar lojas, fliperamas ou simplesmente sair conversando com pessoas.

Assim como nos jogos anteriores, Infinite Wealth faz com que as cidades se tornem personagens do jogo. Mesmo não tendo o tamanho absurdo de mundos abertos como os vistos em, por exemplo, GTAV, é possível ser ousado e falar que os mapas de Like a Dragon são muito mais interessantes de explorar, já que sempre existe algo novo para se fazer por ali.

O fato de eles serem grandes, mas não absurdos, faz com que você também consiga se localizar com certa facilidade, criando um elo com as ruas do mapa como se fosse um lugar extremamente familiar. Mais uma vez, o time por trás do jogo acertou em cheio nesse quesito.

Assim como no game anterior, Infinite Wealth também traz “dungeons” para você explorar nas duas cidades principais, Ijincho e Honolulu, que apesar da simplicidade, servem como ótimos pontos para treinar seus personagens e conseguir itens e dinheiro para evoluir na história com um pouco mais de tranquilidade.

Um jogo que valem dois

Apesar de contar com diversos personagens, com aqueles do jogo anterior retornando para a luta, Like a Dragon: Infinite Wealth é a história de dois homens: Ichiban Kasuga e Kazuma Kiryu. Enquanto Ichiban parece mais “protagonista”, é inegável a força de um personagem como Kiryu, e o jogo não foge disso.

Revelado durante o marketing do game, a grande reviravolta está no fato de Kiryu, o eterno Dragão de Dojima, estar com câncer em estágio terminal. Isso poderia deixar Kasuga como o grande herói, enquanto Kazuma é um coadjuvante de luxo, apoiando o herói nos seus últimos momentos na Terra.

Só que o time por trás do jogo teve a excelente idéia de dar importância igual aos dois. Ichiban aprende com Kiryu, que mesmo tendo muito mais experiência, passa a entender métodos usados pelo ex-Yakuza mais novo e aprender com ele. Em dado momento, o jogo se divide completamente, se tornando duas aventuras, cada uma com um peso incrível para a narrativa geral, mas que poderiam ser tranquilamente lançamentos separados.

É impressionante como ter Ichiban e Kiryu como protagonistas torna o game dinâmico e cheio de possibilidades para a forma como abordar diferentes acontecimentos. Fora que ao controlar cada um deles, suas interações com os outros personagens revelam detalhes bastante interessantes, vide as personalidades bastante diferentes dos dois.

Pancadaria e alegria

Elogiei a história e o mapa de Infinite Wealth, e virando para o lado do seu gameplay, devo dizer que como um RPG por turno, ele é uma das experiências mais agradáveis que tive com um jogo desse gênero em muito tempo. Apesar de ter gostado da maneira como os combates eram realizados no jogo anterior, Like a Dragon: Yakuza, era possível notar que existiam pontos a serem melhorados.

Infinite Wealth vai em cima desses pontos e torna a maneira como você planeja suas lutas muito mais divertida. Agora, é possível movimentar o personagem ativo por um espaço dentro do campo de batalha, permitindo que você o posicione no melhor local para causar mais dano contra seus inimigos.

Combos que unem sua equipe contra oponentes podem ser ativados de maneira bastante intuitiva, preenchendo um símbolo logo em cima de sua barra de vida. Para preencher, basta participar do combate, com cada turno adicionando mais energia para usar.

Sempre fui muito fã de RPGs por turno, então ver a evolução de Infinite Wealth me deixou bastante contente. Outra característica que me chamou a atenção foi o fato de acelerar combates contra inimigos mais fracos. Ao encontrar oponentes rondando as ruas de Ijincho ou Honolulu, é possível identificar a força desses grupos por pequenos ícones sob suas cabeças. Caso sejam vermelhos, eles estão perto do seu nível. Rosas, já são bem mais fortes e é melhor treinar um pouco antes de enfrentá-los.

Só que você também cruza com inimigos com ícones azuis, que são bem mais fracos que você. Em vez de entrar em um combate contra eles e perder o seu tempo, basta encará-los e apertar um botão que aparece na tela. Feito isso, seus heróis vão para cima deles sem dó, eliminando todos sem que você precise fazer nada. E você ainda ganha dinheiro e experiência.

Isso me deixou muito contente e, apesar de parecer preguiçoso, pela quantidade de encontros que você tem com inimigos em Infinite Wealth, ter essa possibilidade torna tudo ainda mais divertido.

Tem tanta coisa aleatória para fazer

Comentei anteriormente sobre as diferentes atividades que você pode aproveitar em Like a Dragon. Além dos já conhecidos golf, baseball, carteado e fliperama (com versões de arcade de SpikeOut, Virtua Fighter 3 e SEGA Bass Fishing), o jogador pode participar de corridas como entregador de comida, lutas de bandidos em um esquema meio Pokémon e tentar descolar encontros em um app de relacionamento.

Além deles, existe um momento do jogo que você destrava a atividade Dondoko Island. Você se vê em uma ilha completamente abandonada, onde os seus responsáveis sonham em torná-la em um resort cinco estrelas. Você começa a coletar recursos, limpar terreno, lutar contra invasores e construir instalações para tentar alcançar esse objetivo.

É uma atividade que parece boba e que não tem absolutamente nada a ver com o resto do jogo, mas que não me sinto à vontade para revelar quantas horas passei somente nela. É algo que não precisava de tanto cuidado, mas que está ali apenas para deixar a experiência de Like a Dragon: Infinite Wealth ainda melhor.

E para fechar, é óbvio que o Karaokê está de volta, permitindo que Kiryu cante a plenos pulmões “Dame da ne dame yo dame na no yo”.

A homenagem ao velho Dragão de Dojima

Apesar de já ter falado sobre a importância dividida entre Ichiban e Kiryu, é inegável que o jogo é uma grande homenagem ao velho Dragão de Dojima. Apesar de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também servir como isso, Infinite Wealth é onde vemos um Kiryu cansado, doente, mas ainda demonstrando toda força que tem.

A melhor forma de mostrar isso e prestar as homenagens ao personagem é simplesmente deixá-lo se desenvolver nessa sua última etapa de vida. Durante todo o jogo, vemos pessoas de diferentes gerações tremerem com a simples presença de Kiryu, contando histórias sobre seus feitos e revelando como ele nunca será esquecido.

Existe todo um plot para que Kiryu encare situações do seu passado para entender a própria importância, que serve demais como um presente para os fãs da franquia, assim como uma passagem definitivamente de bastão para o futuro da série.

Fora que Kiryu, mesmo aprendendo a lutar no esquema de turnos, é o único personagem que tem uma habilidade que ignora completamente isso e deixa você controlá-lo como nos velhos tempos: estancando todo mundo na porrada da maneira mais bruta e divertida possível.

Otimismo para o futuro

Like a Dragon: Infinite Wealth é um deleite para os fãs da franquia. Seja pela sua história, pelo desenvolvimento dos personagens, suas atividades loucas ou pelo simples fato de podermos ver Kiryu e Ichiban lutando lado a lado mais uma vez, o jogo consegue ser uma aventura incrível para quem vinha acompanhando essa saga.

Novos jogadores podem ficar um pouco perdidos, sendo necessário fazer seu dever de casa para se situar sobre tudo, ou simplesmente ir atrás dos jogos mais antigos para aproveitar o game depois. De qualquer forma, Infinite Wealth faz com que 2024 comece muito bem no quesito de games, e isso não é apenas influência do otimismo de Ichiban Kasuga.

Like a Dragon: Infinite Wealth será lançado no dia 26 de janeiro para PS5, Xbox Series S/X e PC.

Leia a matéria no Canaltech.

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