‘Muito dinheiro pro carnaval’: veja mensagens trocadas entre suspeitos de furtar remédios para tratamento de câncer

Com o dinheiro, os dois casais envolvidos no esquema mudaram o padrão de vida. ‘Muito dinheiro pro carnaval’: veja mensagens trocadas entre suspeitos de furtar remédios para tratamento de câncer
O Fantástico deste domingo mostrou investigações policiais no Rio e em São Paulo que revelaram como operam quadrilhas que furtam remédios de alto custo de hospitais e postos de distribuição para depois vender ilegalmente.
Em Campinas, a polícia descobriu que era um funcionário do local de distribuição que fazia a retirada dos medicamentos que eram repassados a um casal do Espírito Santo. Com o dinheiro, os dois casais envolvidos no esquema mudaram o padrão de vida.
José Carlos e Maria do Socorro gostavam de compartilhar nas redes sociais as viagens que faziam. Ela já tinha planos para o futuro próximo.
Michel: “Fala pra ele, Socorro. Fala pra ele trazer Venclexta. 5, 10. Trazer 10 Venclexta é R$ 50 mil. R$25 mil pra casa”.
Maria: “Meu Deus, eu vou ligar e vou viajar. Oh, o Zé vai pegar muito dinheiro por causa do carnaval”.
O destino dessas encomendas era Vitória, no Espírito Santo. Lá, a polícia descobriu um outro casal envolvido no esquema de desvio dos remédios. Segundo a investigação, Gleidson Lopes Soares e Julianna Ritter eram os compradores.
Um carro é um ponto de ligação. Ele estava em posse de Michael e Gabriella, mas no registro Julianna é a proprietária.
Uma mensagem de Michel indica que o veículo seria pago com medicamentos.
“Tagrisso, Venclexta, Stelara de 90. O que tiver pode trazer pra gente quitar o carro. O mais rápido que quitar, melhor”, diz.
Quadrilha furtava remédios para tratamento de câncer comprados com dinheiro público e revendidos para ONG
Reprodução Fantástico
O dizem os citados
O advogado de Gleidson e Julianna disse que ela não participou do negócio e que foi Gleidson que fez a compra dos medicamentos com Michael, mas que ele não sabia que eram furtados.
“Então a esposa forneceu essa possibilidade para que ele, uma relação de confiança esposa e marido, pudesse gerir pudesse trabalhar e utilizando as contas bancárias pessoa física dela e a empresa que estava em nome dela pela mesma razão”, afirmou o advogado.
Negou que Gleidson pediu a compra de qualquer remédio contra o câncer. E falou sobre o carro que estava com Michael.
“Esse carro veio através do caminhão cegonha e o Michael ficou incumbido de vender e ganharia um valor de comissão por vender esse carro aqui”, disse o advogado.
Já a advogada que representa José Carlos, Maria do Socorro e Gabriella nega que eles tenham furtado as 79 caixas de remédio para tratar câncer. Mas reconhece que José Carlos tirava outros medicamentos para que fossem vendidos.
“A confissão deles vem para colaborar com a nossa tese defensiva de que eles devem ser responsabilizados pelos atos que cometeram, mas na medida de suas culpas”, diz a advogada Giovana
A defesa de Michael não foi localizada.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo disse que suspendeu o pagamento de José Carlos. Que o departamento regional de Campinas, onde ficavam os remédios, mudou os protocolos de segurança e acesso. E ainda que abriu processo para repor o estoque de medicamentos.
O fornecimento do remédio a Sílvio Barone foi normalizado no dia 12 de janeiro. Mas a interrupção trouxe prejuízos ao tratamento dele.
“Ele não roubou valores, ele não roubou uma caixa de sorvete, ele não roubou um par de sapato. Ele roubou a expectativa de vida de uma família, de uma pessoa que trabalhou a vida inteira.”
Veja a reportagem completa abaixo:
Quadrilhas roubam remédios de alto custo, comprados com dinheiro público, para vender ilegamente
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