Carnaval a Cavalo: tradição centenária de Bonfim simula batalha entre cristãos e mouros


No encerramento do desfile no terceiro dia, cavaleiros e amazonas desmontam a sela e se unem ao público na batalha de confetes, ao som de marchinhas. Depois, eles retornam à praça, montados, já sem máscaras, com lenços brancos em mãos. Carnaval a cavalo é feito em Bonfim há quase 200 anos
Tiago Rafael Mendes de Lima Aguiar/Arquivo pessoal
A cidade de Bonfim, na Região Central de Minas Gerais, recebe o centenário e tradicional Carnaval a Cavalo nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro, respectivamente domingo, segunda e terça-feira. O desfile é realizado há 182 anos (1840 – 2022) e foi fundado pelo padre Chiquinho, em 1840.
O religioso teve como objetivo reproduzir a tradição portuguesa das cavalhadas, em que dois grupos, o com roupas azuis que representavam os cristãos e o outro com vestimentas vermelhas, os mouros, simulavam em praça pública as batalhas pela reconquista da Península Ibérica.
Durante algum tempo a comemoração dos cavaleiros deu-se dessa forma e, atualmente, ocorre da maneira tradicional – nos meses de maio ou junho – como em Pirenópolis (GO), por exemplo.
Cavaleiros e amazonas durante desfile de carnaval em Bonfim
Tiago Rafael Mendes de Lima Aguiar/Arquivo pessoal
Mas por uma desavença entre o padre e os organizadores da cavalhada, a festa foi proibida pela Igreja Católica. Os organizadores transferiram o evento para o início do ano, desvinculando-os da tradição católica, e passaram a festejar junto com o Carnaval a Cavalo.
A festa tornou-se pagã, mas sem perder a essência. Os trajes continuaram semelhantes aos dos nobres europeus, os desfiles a cavalo continuaram e não simulavam a batalha, mas sim uma interação dos cavaleiros com o público, por meio da troca de confetes e serpentinas. A partir de 1980 foram permitidas as participações de mulheres e crianças.
Ao fim do terceiro dia, os cavaleiros e amazonas desmontam a sela e se unem ao público na batalha de confetes, ao som de marchinhas. Depois, eles retornam à praça, montados, já sem as máscaras, com lenços brancos em mãos, se despedindo do público e prometendo voltar no próximo ano.
Depois do carnaval a cavalo, cavaleiros e amazonas ‘se enfrentam’ na batalha de confetes
Tiago Rafael Mendes de Lima Aguiar/Arquivo pessoal
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