Argentina anuncia pacote com medidas de combate à inflação e de valorização do peso

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A principal medida é o aumento da taxa de juros do país de 91% para 97% ao ano, na tentativa de tornar os investimentos em pesos mais atraentes, e assim diminuir a corrida por dólares e as pressões cambiais. Começa a valer pacote econômico do governo da Argentina
Começou a valer nesta segunda-feira (15) o pacote de medidas do governo da Argentina para combater a inflação e recuperar reservas de dólares.
As reservas internacionais do Banco Central argentino estão no nível mais baixo desde outubro de 2016: US$ 33,7 bilhões, mas algumas consultorias afirmam que a reserva líquida já estaria em saldo negativo.
A inflação no mês de abril foi de 8,4%, e a alta acumulada em 12 meses está em 108,8%. Com o índice na casa dos 3 dígitos, os salários vão perdendo poder de compra diariamente.
Um argentino ouvido pela reportagem diz que parou de sair uma vez por mês para comer fora, que não tira férias há 4 anos e que precisou vender o carro.
A principal medida foi anunciada pelo Banco Central argentino: o aumento da taxa de juros de 91% para 97% ao ano , na tentativa de tornar os investimentos em pesos mais atraentes para os argentinos deixarem o dinheiro parado no banco, e assim diminuir a corrida por dólares e as pressões cambiais.
Na última semana de abril, o dólar blue, como é chamada a cotação paralela na Argentina, chegou a ser vendido por 500 pesos, valor recorde. Nesta segunda-feira (15), a cotação do blue fechou em 483, enquanto a do dólar oficial em 240.
Em 2023, o dólar oficial acumula uma alta de 29,9%, enquanto o paralelo de 40,4%.
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Sem dólares à disposição, a economia argentina que cresceu mais de 5% em 2022, deve crescer apenas 0,2% este ano segundo o FMI. A escassez de dólares também é consequência da pior seca dos 60 últimos anos.
“A seca basicamente comeu uns US$ 15 bilhões. É praticamente todo o saldo da balança comercial, e era evidente que haveria uma falta de dólares este ano”, diz o economista Hernán Letcher.
Com as reservas em baixa, a Argentina fechou um acordo com a China que permite o uso do yuan, moeda chinesa, em transações internacionais entre os dois países. Além disso, o ministro da economia, Sergio Massa, negocia para que o FMI adiante as remessas de dólares previstas para o fim do ano.
Em meio à crise econômica, o governo ainda não definiu quem será o candidato à presidência na eleição em outubro.

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