Funai vai apurar compra de bistecas, diz presidente do órgão

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A presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, disse que vai investigar a compra de carne que deveria ter sido entregue a indígenas do Vale do Javari (AM).

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo de Jair Bolsonaro (PL) ordenou a compra de 19 toneladas de bisteca. O produto deveria ser destinado a indígenas e funcionários da Funai. Porém, nunca foi incluída nas cestas básicas distribuídas às famílias. Um dos contratos continua em vigor.

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Eu vou apurar as informações, pois se trata de atos da gestão anterior e para tanto preciso que se apure junto aos departamentos competentes internos na Funai”, declarou Joenia ao jornal, acrescentando já ter acionado a área técnica do órgão para saber o que houve com a carne.

Conforme o Estadão, o governo selecionou 2 fornecedores em Manaus para atender à região do Vale do Javari. A cidade fica localizada a cerca de 1.000 km das aldeias. Mesmo que o alimento chegasse aos indígenas, eles não teriam como armazená-lo, já que a carne estaria congelada.

O Estadão conversou com indígenas do Vale do Javari, que confirmaram que não receberam as carnes. “Nós não recebemos alimentação. Fazer a aquisição e enviar para a aldeia não existe”, declarou Bushe Matis, coordenador da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

O jornal ainda falou com Mislene Metchacuna Martins Mendes, funcionária da Funai responsável por assinar o contrato de compra.

Nem tudo que constitui a cesta básica contempla uma alimentação específica desses indígenas. Era um desperdício, realmente, do dinheiro público”, falou a atual diretora de administração e gestão da Funai. “Parte dos alimentos chegava sem condições para consumo, mas a ordem era entregar.

Ela disse ter assinado o contrato porque foi determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que a Funai entregasse cestas básicas aos povos indígenas na pandemia.

Na ocasião, foi feito uma Informação técnica e enviada à Presidência da Funai, destacando as diferenças culturais e especificidades alimentares dos povos indígenas do Vale do Javari, mas nunca foi considerada. Então, a ordem da gestão anterior era que os servidores entregassem cestas básicas”, declarou.

Os contratos foram assinados de 2020 a 2022. O Estadão analisou a compra de 5.500 compras de alimentos para terras indígenas em todo o Brasil. A pretexto da pandemia de covid-19, metade foi feita sem licitação. Conforme a publicação, o dinheiro das compras foi para empresas recém-criadas e não houve comprovação de entrega.

Foram entregues aos indígenas apenas produtos secos. As cestas enviadas aos para os funcionários da Funai continham também carne de frango.

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