Eleições na Turquia: urnas fecham no país, que decide hoje futuro de Erdogan

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O atual presidente, Rece Tayyip Erdogan, está no poder desde 2003, quando o país era parlamentarista. Ele venceu cinco eleições parlamentares, duas para presidente e três referendos. Agora, no entanto, enfrenta o maior desafio eleitoral que já teve. Montagem mostra Recep Tayyip Erdogan e Kemal Kilicdaroglu em atos de campanha na Turquia em maio de 2023
Reuters
Os turcos foram às urnas neste domingo (14) em uma eleição crucial que pode estender o domínio de duas décadas do presidente Recep Tayyip Erdogan, ou levar o país de maioria muçulmana à secularização.
Com a expressão cansada, o presidente em final de mandato e candidato Recep Tayyip Erdogan compareceu à sua seção eleitoral em Üsküdar, um bairro conservador de Istambul, para votar, desejando “um futuro próspero para o país e para a democracia turca”.
Erdogan, que não quis dar nenhuma previsão dos resultados, destacou o “entusiasmo dos eleitores”, principalmente nas áreas mais atingidas pelo terremoto de 6 de fevereiro, que deixou pelo menos 50 mil mortos.
O candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu, votou pouco antes em Ancara.
“Sentimos falta da democracia”, declarou com um sorriso. “Vocês vão ver. A primavera vai voltar para este, se Deus quiser, e vai durará para sempre”, acrescentou, referindo-se a um de seus “slogans” de campanha.
Em uma Turquia profundamente dividida, a disputa para eleger o 13º presidente do país, um século após a fundação de sua república, promete ser equilibrada.
Polarizados
O país está polarizado entre os dois principais candidatos: o presidente islâmico-conservador Erdogan, de 69 anos, no poder há duas décadas, e seu principal oponente Kemal Kiliçdaroglu, de 74, líder de um partido social-democrata laico, o CHP.
Para garantir a vitória no primeiro turno, eles precisam de pelo menos 50% dos votos mais um.
O terceiro candidato em disputa é Sinan Ogan, a quem as pesquisas atribuem apenas alguns pontos.
“O importante é não dividir a Turquia”, disse Recep Turktan, um eleitor de 67 anos que esperava em frente à sua seção eleitoral em Üsküdar.
Hoje, 64 milhões de eleitores, que também elegerão seu Parlamento, estão habilitados para votar neste país de 85 milhões de habitantes. Tradicionalmente, as taxas de participação eleitoral são superiores a 80%.
Bom humor e clima festivo reinam entre os eleitores neste domingo, que coincide com o Dia das Mães na Turquia.
Crise econômica
Kiliçdaroglu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP) de Mustafa Kemal Atatürk, fundador da Turquia moderna, lidera uma coalizão de seis partidos que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal.
Ele também recebeu o apoio do partido pró-curdo HDP, a terceira maior força política do país.
Em 2018, na última eleição presidencial, o chefe de Estado venceu no primeiro turno com mais de 52,5% dos votos. Se, desta vez, tiver de disputar um segundo turno, em 28 de maio, já será um golpe para ele.
Erdogan prometeu respeitar o resultado das urnas, que serão monitoradas por centenas de milhares de observadores eleitorais de ambos os lados.
Nesta disputa, tem-se um país atingido por uma crise econômica, com uma moeda desvalorizada pela metade em dois anos, e uma inflação que passou de 85% no outono, além do dramático terremoto de fevereiro, que colocou em xeque a onipotência de Erdogan.
Seu rival, Kemal Kiliçdaroglu, aposta no apaziguamento e promete restaurar o estado de direito e respeitar as instituições, afetadas nos últimos dez anos pela guinada autocrática de Erdogan.
De acordo com as pesquisas, seus discursos breves e tranquilos, em contraste com os de Erdogan, conquistaram a maioria dos 5,2 milhões de jovens turcos que votaram pela primeira vez.
Para o cientista político Ahmet Insel, exilado em Paris, “a derrota de Erdogan mostraria que podemos sair de uma autocracia consolidada pelas urnas”.
País-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Turquia goza de uma posição privilegiada entre a Europa e o Oriente Médio e é um importante ator diplomático.

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