Gil Rugai começa a frequentar faculdade com tornozeleira eletrônica em Taubaté, SP; FOTOS

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Detento cumpre pena no regime semiaberto. O g1 apurou que Gil Rugai é tímido em sala de aula, mas que fez amizade com um colega condenado por homicídio e que também frequenta o curso de arquitetura. Gil Rugai está frequentando aulas em faculdade de Taubaté.
Rauston Naves/g1
Após conseguir autorização da Justiça para cursar faculdade de arquitetura, o ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado a mais de 30 anos de prisão pelo assassinato do pai e da madrasta, começou a frequentar aulas nesta semana em uma universidade em Taubaté (SP).
A reportagem fez imagens exclusivas que mostram Rugai em sala de aula. Nas fotos registradas na sexta-feira (12), o detento aparece estudando em um laboratório de desenho, realizando exercícios práticos, usando réguas, esquadros, lapiseira e papéis grandes para desenhar perspectivas de imóveis e peças.
Gil Rugai começa a frequentar faculdade com tornozeleira eletrônica em Taubaté, SP.
Rauston Naves/g1
O g1 apurou que Gil Rugai é visto pelos professores como uma pessoa tímida, focada e pontual. Ele é mais tímido com os colegas de sala, mas questiona bastante os professores pedindo explicações e tirando dúvidas.
Apesar do comportamento mais discreto, a reportagem descobriu que Rugai conseguiu fazer amizade com um colega de classe. O aluno é Marcos Rocha da Silva, um detento preso na P2 de Tremembé, que cumpre pena por homicídio.
Gil Rugai começa a frequentar faculdade com tornozeleira eletrônica em Taubaté, SP.
Rauston Naves/g1
Marcos trabalhava como Guarda Municipal de Jaguariúna e em 2015 foi condenado a 16 anos de prisão, junto com o próprio irmão, pela morte de dois jovens em 2008, na cidade de Amparo (SP).
Gil Rugai ao lado de Marcos, que cumpre pena por homicídio.
Rauston Naves/g1
Ainda segundo informações apuradas na faculdade, Gil e Marcos costumam ser pontuais, chegando sempre às 19h e ficando até o fim das aulas. Nas imagens feitas pelo g1, os dois estudantes estão de calça comprida, por isso a tornozeleira eletrônica não fica visível.
Ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado pelo assassinato de seu pai, Luiz Carlos Rugai, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino
Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo
Liberação para estudar
Gil Rugai cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé. Para frequentar as aulas, a Justiça determinou que ele use tornozeleira eletrônica e apresente mensalmente boletins que comprovem sua presença e desempenho no curso.
A liberação para deixar o presídio se limita apenas ao horário das aulas, que acontecem no período noturno na faculdade Anhanguera, que fica em cidade vizinha a Tremembé. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a liberação é das 17h às 23h30.
Gil Rugai pôde iniciar o curso de graduação após obter autorização do Superior Tribunal de Justiça. No fim de março, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca concedeu habeas corpus favorável a Gil e reverteu decisão do Tribunal de Justiça, que inicialmente havia negado o pedido da defesa.
No dia 5 de maio, a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, do Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim), foi notificada e determinou o cumprimento da decisão do STJ.
O advogado Edson Baird, que responde pela defesa de Gil Rugai, não quis comentar a decisão. A SAP confirmou que o detento começou a ser liberado nesta terça para as aulas e é monitorado por tornozeleira eletrônica.
O que dizem o MP e a Anhanguera
Por meio de nota, o Ministério Público de São Paulo informou que houve um decisão do Superior Tribunal de Justiça, determinando à juíza que permitisse a saída de Gil Rugai para estudo e que não havia como negar o cumprimento da ordem superior.
Ainda segundo o MP, o boletim informativo e atestado de conduta indicam bom comportamento com ausência de faltas por parte do reeducando. Dessa forma, a direção da unidade sugeriu e o MP concordou que Rugai faça uso de tornozeleira eletrônica nas saídas.
“Concedo a ordem de ofício, a fim de cassar o acórdão impetrado e determinar que o Juízo de origem permita ao executado a saída temporária para cursar bacharelado em arquitetura, na faculdade Anhanguera de Taubaté, exceto se houverem motivos concretos que desabonem sua conduta carcerária”, diz trecho da decisão.
A Faculdade Anhanguera informou ao g1 que “a matrícula do estudante foi realizada e autorizada pela Justiça, sendo assim, a instituição segue conforme determina a legislação brasileira”.
Arquivo de 19/02/2013 mostra Gil Rugai na chegada ao Fórum Criminal da Barra Funda, em SP, para o seu julgamento
André Lessa/Estadão Conteúdo
Crime
Um júri de 2013 condenou Gil Rugai a 33 anos e nove meses de prisão pelos homicídios dos publicitários Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, pai e madrasta de Gil.
Na época, a defesa do réu queria anular o júri que o condenou e marcar um novo julgamento. Em 2020 o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, manteve a condenação definitiva, e o caso passou à condição de transitado em julgado, onde não é mais passível de recursos.
O crime foi cometido em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado baleado e morto à época na sede da agência de publicidade que funcionava na casa onde morava em Perdizes, Zona Oeste da capital. Luiz tinha 40 anos de idade e Alessandra, 33. Rugai tinha 20 anos na época.
Luiz Rugai e Alessandra Troitino foram mortos em 2004 em São Paulo
Reprodução/Arquivo pessoal
A Polícia Civil e o MP acusaram o ex-seminarista de matar as duas vítimas a tiros depois que seu pai descobriu que o filho desviava dinheiro da empresa. Gil Rugai, que também trabalhava no local, sempre negou o crime.
Luiz foi baleado com seis tiros: um deles o atingiu nas costas e outro na nuca. Alessandra foi atingida por cinco disparos.
Desde o crime, Gil Rugai já teve diversas entradas e saídas da prisão. Desde 2016, ele cumpre a pena na P2 de Tremembé. Em 2021, ele progrediu ao regime semiaberto, mas chegou a ter o benefício suspenso em abril do ano seguinte, o que conseguiu reverter na Justiça dois meses depois.
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