Bombeiros autorizam entrada de comerciantes no Shopping 25, no Brás, dois dias depois do megaincêndio


Apesar do desastre, alguns vendedores conseguiram recuperar parte das mercadorias completamente intactas, que não foram atingidas pelas chamas. Governador Tarcísio de Freitas visitará o local e deve anunciar uma linha de crédito para os que perderam os pertences na tragédia. Bombeiros autorizam entrada de comerciantes no Shopping 25, no Brás, dois dias depois do megaincêndio
O Corpo de Bombeiros de São Paulo liberou na manhã desta sexta-feira (1°) a entrada de comerciantes no prédio do Shopping 25, no Brás, Centro da capital paulista, após o megaincêndio da última quarta (30).
Apesar do desastre, alguns comerciantes conseguiram recuperar parte das mercadorias completamente intactas, que não foram atingidas pelas chamas.
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“Foi um milagre”, disse um dos comerciantes ao sair do prédio com uma sacola cheia de roupas.
Os bombeiros ainda avaliam a possibilidade de entregar o prédio ainda nesta sexta para a empresa proprietária, a Grupo Paulista de Investimentos e Participações Ltda, que pertence ao empresário chinês Law Kin Chong e a esposa dele, Miriliam Law.
Bombeiros realizam rescaldo do incêndio de grandes proporções atingiu o Shopping 25 de Março, na Rua Barão de Ladário, altura do número 300, na região do Brás, centro comercial da cidade de São Paulo, nesta quarta-feira, 30. O fogo teve início por volta das 6h40 desta quarta-feira, 30, segundo o Corpo de Bombeiros, e não havia sido controlado até às 10h45. Pelo menos 24 viaturas da corporação e 76 bombeiros trabalham no combate ao fogo.
ROBERTO COSTA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
Na tarde desta sexta (1°), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) devem ir até o prédio para conversar com comerciantes da região que foram afetados pelas chamas.
Tarcísio de Freitas deve anunciar uma linha de crédito para ajuda daqueles que perderam os pertences comercializados na região, que tem o fim do ano como época de maior faturamento.
A expectativa da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) é que o prefeito e o governador também anunciem uma simplificação nos pedidos de alvará e autos de vistoria da Prefeitura de SP e do Corpo de Bombeiros para o comércio local.
Irregularidades no prédio
Conforme o g1 publicou nesta quinta (31), relatório fiscalização da Coordenadoria de Controle e Uso de Imóveis (CONTRU), órgão da Prefeitura de São Paulo, mostra que, em maio de 2022, os fiscais municipais já tinham constatado diversas irregularidades no sistema anti-incêndio do Shopping 25.
O centro de compras foi alvo de um megaincêndio que destruiu mais de 200 lojas na manhã de quarta (30). Os prejuízos do comércio do entorno chegam a mais de R$ 25 milhões, estima a associação de lojistas do bairro.
Imagens mostram antes e depois de incêndio no SHopping 25 Brás, no Centro de São Paulo.
Montagem/g1
Segundo o relatório ao qual o g1 teve acesso, o shopping que pertence à família do empresário chinês Law Kin Chong tinha problemas de adequação nas saídas de emergência e sinalização de rotas de fuga.
Os fiscais também apontaram problemas nas portas corta-fogo e nos chamados “chuveiros hidráulicos” (sprinklers), que não estavam adequados às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR), como determinada a lei municipal.
Na ocasião da fiscalização do CONTRU, os fiscais constataram que o sistema de chuveiros hidráulicos estava sendo substituído e ao menos dois canos foram encontrados sem a devida ligação com o sistema (veja abaixo foto).
Relatório de Contru de maio de 2022 já tinha constatado problemas no sistema anti-incêndio do prédio da família de Law Kin Chong.
Reprodução
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (31), o Corpo de Bombeiros disse que no momento do megaincêndio no shopping, os chuveiros hidráulicos não funcionaram.
O prédio também estava com o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) vencido desde agosto deste ano.
“O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros é aquele documento que atesta que a edificação foi construída e que foram instalados nela medidas de segurança contra incêndio. Nessa edificação a gente tinha sprinklers, que são chuveiros que tem a função de controlar um princípio de incêndio. Se os sprinklers estivessem atuando nessa edificação, muito provavelmente o incêndio teria ficado restrito à loja, ao box que iniciou, quando, no máximo, às laterais”, disse o capitão Maycon Cristo, responsável pela operação de combate às chamas do shopping desde o início do incêndio (assista abaixo).
Bombeiros dizem que chuveiros hidráulicos não funcionaram durante megaincêndio no Brás
Imagens obtidas pelo g1 mostram que o fogo começou em um box que estava fechado, de onde uma fumaça branca começou a sair. Os lojistas ao lado tentaram arrombar a porta de aço para acabar com o fogo, mas não conseguiram até onde o vídeo foi registrado.
Segundo os bombeiros, em situações como essa os sprinklers deveriam ter entrado em ação para deter as chamas, no menor sinal de fumaça dentro do centro de compras.
“Tão importante quanto ter o AVCB, é necessário que essas medidas também estejam atuando. Que elas sejam funcionais. Mesmo com o AVCB vencido, se esses sprinklers tivessem sido fiscalizados, vistoriado, se ele estivesse atuando, a gente não estaria vivendo essa situação desse incêndio”, afirmou o capitão Maycon Cristo.
Vídeo mostra tumulto no início do incêndio no Shopping 25, no Brás, segundo relatos dos lo
Pelos documentos obtidos pela reportagem, a fiscalização do CONTRU aconteceu a pedido do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público.
Em ofício enviado à Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo, a Secretaria de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) havia informado ao promotor do caso estava em prazo de recurso dos donos do imóvel para o atendimento das adequações pedidas pelos fiscais.
Relatório de Contru de maio de 2022 já tinha constatado problemas no sistema anti-incêndio do prédio da família de Law Kin Chong.
Reprodução
O que diz a Prefeitura de SP
O g1 procurou a Prefeitura de SP para saber quais foram as providências que o CONTRU tomou sobre os problemas apontados pelos fiscais, mas a gestão Ricardo Nunes (MDB) não esclareceu o assunto.
A Secretaria de Urbanismo (SMUL) só enviou um áudio de uma coletiva do prefeito, em que ele afirma que vai ter uma reunião com os representantes da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) nesta sexta-feira (1°), com participação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em uma consulta ao Cadastro de Edificações do Município (CEDI), é possível ver que o imóvel na Rua Barão de Ladário, está irregular desde 2019. A Prefeitura não respondeu especificamente sobre esse cadastro e por qual motivo o prédio não foi embargado. Segundo o prefeito, em entrevista, “a licença na Prefeitura está em dia”.
A pasta afirmou que “as equipes da Defesa Civil Municipal têm previsão de iniciar nesta quinta-feira (31) as vistorias para análise estrutural do prédio e edificações vizinhas” e que a realização do trabalho “depende da liberação do local do incêndio pelo Corpo de Bombeiros”.
“Das vítimas que foram encaminhadas e atendidas em unidades de saúde municipais ontem (30), seis tiveram alta e uma havia sido encaminhada para o Hospital de Vila Penteado”, afirmou a nota.
O que disse a empresa de Law Kin Chong
Law Kin Chong, empresário chinés dono do Shopping 25 Brás, no Centro de SP.
Reprodução/TV Globo
O Shopping 25 Brás, na rua Barão de Ladário, está no nome da empresa Grupo Paulista de Investimentos e Participações Ltda, que pertence ao chinês Law Kin Chong e a esposa dele, Miriliam Law.
Em comunicado postado nessa quinta-feira (31) nas redes sociais, a empresa afirmou que “o prédio conta com Certificado de Segurança emitido pelo Contru e mantinha todos os seus equipamentos de segurança e combate a incêndio em pleno funcionamento”.
“O prédio mantém brigada de bombeiros civis e atuantes no empreendimento durante o seu funcionamento. Parte do imóvel atingido conta com AVCB válido e vigente até 2027 e outra parte está em processo de renovação”, afirmou.
Comunicado pela empresa de Law Kin Chong sobre o incêndio do Shopping 25 Brás nesta quinta-feira (31).
Reprodução/Redes Sociais
Prejuízos no comércio do Brás
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