Melhora no mercado de trabalho ocorreu, principalmente, por causa dos empregos sem carteira assinada, diz IBGE

Os dados mostram que, no segundo trimestre de 2023, 39,2% dos trabalhadores brasileiros não tinham carteira assinada. O crescimento de vagas com carteira assinada cria condições para uma sociedade menos desigual, porque é o emprego formal que gera mais renda para o trabalhador. Dados do IBGE mostram que, no segundo trimestre de 2023, 39,2% dos trabalhadores brasileiros não tinham carteira assinada
JN
O IBGE destacou que a melhora no mercado de trabalho ocorreu, principalmente, por causa dos empregos sem carteira assinada.
Menos desemprego é bom, e o restaurante grego mostrado na reportagem (veja vídeo acima) é a imagem do ideal: todo o time foi contratado com carteira assinada.
“É a segurança de ter uma coisa certa, de trabalhar todos os dias, todo mês ter o seu certinho, você se organizar nas suas contas, na vida financeira”, celebra a garçonete Luciane Martins Ferreira.
“Mostra que a empresa confia na gente, assim como a gente confia na empresa também. Dá uma segurança, sim”, afirma o barman Robson Silva Lima.
Já o comércio de rua é retrato do real: no Brasil, a taxa de informalidade ainda é alta.
“A gente ganha para viver, né?”, diz o camelô Antônio Pereira da Silva.
“Salário não tem. Não temos salário. Se vender tem, se não vender, não tem, né?”, ressalta a vendedora ambulante Terezinha Nunes.
Os dados do IBGE mostram que, no segundo trimestre de 2023, 39,2% dos trabalhadores brasileiros não tinham carteira assinada, um pequeno repique em relação ao trimestre anterior, quando eram 39%, mas uma queda na comparação com o mesmo período de 2022: 40%.
“O que ocorre agora nesse trimestre é que a gente teve uma estabilidade do emprego com carteira. Ou seja, se antes a gente observava um fomento maior da ocupação via carteira de trabalho, isso passa a operar na estabilidade – essa população empregada com carteira no setor privado ela não cresce – e, sim, passa a expandir um pouco mais a população empregada sem a carteira no setor privado”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.
O crescimento de vagas com carteira assinada gera condições para uma sociedade menos desigual, porque, no final das contas, é o emprego formal que gera mais renda paro trabalhador. Os economistas dizem que agora esse é o desafio: a segunda fase da recuperação do mercado de trabalho que depende, principalmente, da confiança no futuro dos negócios.
“O emprego formal é uma aposta em si. Quando a gente olha que os empregadores estão apostando no emprego formal é porque eles entendem que aquele custo inicial de colocar o trabalhador para dentro da atividade produtiva vale a pena, porque ele se paga ao longo do tempo. Isso significa que eles estão enxergando que vão ter a tal da demanda ao longo do tempo, vão continuar vendendo, produzindo e isso vai perdurar por um espaço de tempo um pouco maior”, explica a economista Juliana Inhasz.
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“A gente sabe que o emprego formal é mais custoso. Ele tem custos pra demitir depois, então as empresas esperam um segundo momento pra ter certeza que vai ter demanda e aí elas conseguem expandir a oferta de vagas. É um círculo virtuoso que se inicia, principalmente quando ele se deve a melhoria das condições econômicas. A economia tem dado sinais de melhor gestão fiscal. As notas de avaliação do Brasil, internacionalmente, têm melhorado, a gente tem uma reforma tributária sendo encaminhada. Ou seja, uma série de boas notícias para o mercado que podem gerar mais confiança e, portanto, mais investimentos e mais empregos”, afirma Renan Pieri, professor de economia da FGV.
Em São Paulo, a Grécia vai ganhar filial como aposta em um crescimento mais acelerado do Brasil.
“Está um pouco mais devagar do que a gente sempre espera, mas está acontecendo. A gente confia na economia. A gente tem confiança no nosso negócio”, diz o empresário Leonardo Marigo.

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