Morre ‘Clarinha’, paciente ‘misteriosa’ internada em coma há mais de 20 anos no ES

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Mulher foi vítima de um atropelamento no Centro de Vitória em 2000, foi socorrida sem documentos. Caso da paciente ‘misteriosa’ ganhou repercussão após reportagem no Fantástico em 2016. Médico Jorge Potratz cuida de Clarinha há 15 anos, no Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo
Reprodução/ TV Gazeta
Morreu na noite desta quinta-feira (14) ‘Clarinha’, uma mulher sem registro oficial, que estava internada há 24 anos em um hospital no Espírito Santo. A informação é do coronel Jorge Potratz, médico que cuidou da paciente durante todos esses anos. Clarinha passou mal ainda pela manhã e teve uma broncoaspiração e não resistiu. O caso da paciente ‘misteriosa’ ganhou repercussão após reportagem no Fantástico.
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Clarinha, como era chamada pela equipe médica, foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. O local e o veículo que atropelou a mulher não são exatos, segundo a polícia. Ela foi socorrida por uma ambulância sem documentos. A mulher chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento.
Clarinha estava internada em estado vegetativo no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória. (ES), após um atropelamento em junho de 2000. Nenhum parente ou amigo a visitou em todos esses anos.
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Em 2016, Jorge Potratz foi quem escolheu o nome para a paciente que vivia em coma. Em 2016, ele explicou porque escolheu o nome para Clarinha.
“A gente tinha que chamar ela de algum nome. O nome não identificada é muito complicado para se falar. Como ela é branquinha, a gente a apelidou de Clarinha”.
A equipe considerava o coma da pacienete elevado. “A gente classifica o coma em uma escala de três a quinze pontos. Quinze é o paciente acordado e lúcido e três é o coma mais profundo. Ela não tem nenhum contato com a gente e por isso a gente considera um coma de sete para oito”, explicou o médico na época.
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Reprodução/ TV Gazeta
Morte da paciente
Nesta quinta-feira, emocionado, o médico que já se aposentou, falou sobre a tristeza de não ter resolvido o “mistério de Clarinha” e não ter conseguido encontrar a família para oferecer esse encontro.
“É muito triste ter esse desfecho, mas temos que lembrar que Deus tem um propósito. Em um futuro vou entender tudo isso. Tentamos tornar a vida dela, que é tão difícil, com mais dignidade. É triste esse fim”, enfatizou.
Enterrro de Clarinha
Como não tem documentos oficiais, o corpo de Clarinha pode ser sepultada como ‘indigente’ após passar pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Entretanto, a “família” formada pela equipe médica do HPM vai atuar para evitar essa situação e possibilitar um sepultamento digno a quem por anos recebeu uma atenção especial de todos eles.
Assim como buscaram dar uma vida digna e respeitosa a ela ao longo dos anos, agora luta é por um enterro ‘’humano’’. Ainda não há uma definição do que será feito, mas os planos são não deixar-lá ser enterrada em um lugar qualquer.
Mistério
Depois da reportagem, mais de 100 famílias procuraram o Ministério Público para identificar Clarinha como uma possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada.
Depois de uma triagem mais detalhada, aponta o MPES, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares.
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