É #FAKE que UTIs infantis de Pernambuco estejam lotadas por conta de vacina contra Covid-19


De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, informação “não faz o menor sentido” e aumento de casos está relacionado com o período de sazonalidade dos vírus respiratórios. Circula nas redes sociais a afirmação de que o aumento dos casos de crianças com infecções respiratórias graves em Pernambuco – que tem deixado superlotadas as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do estado – é causada pela vacina contra a Covid-19. É #FAKE.

g1
A mensagem falsa diz que “essa superpopulação de crianças nas UTIs são de elementos que tomaram essa vacina”.
Procurada pelo Fato ou Fake, a diretora geral de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), Sarah Ribeiro, disse que o imunizante contra a Covid não tem relação com o aumento na ocupação das UTIs pediátricas no estado. “A vacina não causa doença, portanto, não tem relação com a lotação das UTIs”, afirmou.
Segundo a gestora Sarah Ribeiro, o aumento do número de casos de infecções entre as crianças está relacionado ao período de sazonalidade dos vírus respiratórios, registrado, anualmente, entre os meses de março e julho. Ainda de acordo com ela, a maioria dos casos notificados não é provocada pelo Sars-Cov-2, o vírus da Covid-19.
“O que estamos vivendo é o período de sazonalidade, com um maior número de pessoas adoecidas de modo geral. E, quando a gente ver os vírus que estão circulando, a gente verifica que tem, em primeiro lugar, o vírus sincicial – que não tem vacina – e um considerável número de pessoas adoecendo por Influenza A e B. E a gente tem alguns casos que estão positivando para a Covid”, explicou Sarah Ribeiro.
Segundo o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Sérgio Ramos, a sazonalidade dos vírus respiratórios coincide com o período pós volta às aulas nas escolas.
“Devido ao retorno das atividades escolares, as crianças têm mais contato umas com outras, sobretudo em ambientes confinados. É muito importante que essas duas vacinas sejam administradas: a da Covid e a da Influenza”, afirmou.
Taxas de vacinação
Além do período de sazonalidade dos vírus respiratórios, a taxa de cobertura vacinal contra a Covid no público de 6 meses a 2 anos está baixa. Até esta quinta-feira (11), segundo a SES-PE, apenas 13,75% das crianças tomaram a primeira e 6,94% receberam a segunda dose do imunizante no estado, bem abaixo da meta de imunizar 90% do público-alvo.
“As crianças são o pior grupo de vacinação em relação [à adesão] à vacinação da Covid. Se essa informação procedesse, quanto mais vacinação tivesse, maior número de casos de síndromes respiratórias a gente teria, o que não faz o menor sentido”, afirmou Sarah Ribeiro.
Até 31 de maio, o estado segue com a campanha de imunização também contra o vírus da Influenza. De acordo com a secretaria estadual, até esta quinta (11), 34,7% dos grupos prioritários – que incluem idosos, crianças, gestantes, pessoas com comorbidades e trabalhadores da educação e da saúde – foram imunizados.
Segundo Sarah Ribeiro, esses grupos são os mais vulneráveis a apresentar quadros mais graves das doenças respiratórias.
“O vírus sincicial tem uma maior prevalência entre crianças de 0 a 2 anos de idade, até pelo contato e pela questão imunológica. Por isso que as crianças fazem parte dos grupos prioritários. Como a gente tem um número de crianças nas escolinhas e nas creches, elas podem evoluir para um caso grave com mais facilidade”, informou.
Superlotação nas UTIs
Desde o início da semana, a rede pública de saúde em Pernambuco vem apresentando uma superlotação nas UTIs infantis. Na segunda-feira (8), o número de crianças na fila de espera por uma vaga passou de 80. Na quarta (10), caiu para 62. A maior parte delas são pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Por conta desse problema, o governo do estado anunciou a abertura de novos leitos nas unidades de saúde do Grande Recife e do interior.
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