África do Sul entregou armas à Rússia, diz embaixador dos EUA

O embaixador dos Estados Unidos em Pretória acusou, nesta quinta-feira, 11, a África do Sul de prestar apoio militar à Rússia, apesar de sua declarada neutralidade no conflito com a Ucrânia. 
Segundo Reuben Brigety, os Estados Unidos estão convencidos de que “se carregaram armas e munições” a bordo de um cargueiro russo, atracado próximo à Cidade do Cabo, no início de dezembro, “antes de que partisse para a Rússia”. 
“Armar os russos é extremamente grave” e “fundamentalmente inaceitável”, declarou em um encontro com meios de comunicação locais. 
“Estamos convencidos de que carregaram armas nesse barco e apostaria minha vida pela exatidão dessa afirmação”, insistiu o embaixador, afirmando que “o desvio da África do Sul de sua política de não alinhamento é inexplicável”. 
Questionado no Parlamento sobre o assunto, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou que as questões relativas a este navio, o Lady R, estão “pendentes”, acrescentando que o assunto será discutido no devido “momento”. 
Seu porta-voz, Vincent Magwenya, argumentou que “até agora não foi apresentada nenhuma prova que corrobore as acusações de envio de armas por parte da África do Sul à Rússia”, e acrescentou que investigará o assunto.  
A Presidência emitiu, nesta quinta-feira, um comunicado reiterando a falta de provas e lamentando que “as declarações do embaixador minam o espírito de cooperação e associação entre os dois países”. 
Ao atracar na maior base naval da África do Sul, o navio causou polêmica no país. 
O principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), se mostrou indignado pelo fato de que tenha sido permitido atracar um cargueiro russo, objeto de sanções ocidentais, e criticou que o barco atracou em um porto militar e não em um comercial, denunciando o “mistério” em torno do navio. 
A África do Sul mantém com a Rússia estreitos vínculos que remontam à época do Apartheid, na qual o Kremlin apoiou Nelson Mandela e seu partido na luta contra o regime racista. 
O país se negou a condenar a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, alegando que queria permanecer neutra e preferia o diálogo para encerrar a guerra.  
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